Ao se pronunciar na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que analisa a admissibilidade da investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia por crime de corrupção passiva contra o governo ilegítimo de Michel Temer, o líder da bancada do Partido dos Trabalhadores, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), rechaçou a tentativa da base governista de desqualificar o posicionamento favorável ao texto do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que recomenda a admissibilidade da investigação.
“O problema é que não existe uma ‘conspiração asquerosa’, conforme sugerem os governistas. O que existe, na verdade, é uma rejeição ampla, geral e irrestrita ao presidente Temer. Uma rejeição da maioria da população brasileira que vem de todos os extratos sociais e que está quase se tornando unanimidade”, ironizou Zarattini, que usou esse argumento em resposta a um deputado do PMDB que, segundo ele, enviou mensagem de WhatsApp, classificando de conspiração asquerosa as posições contrárias ao ilegítimo.
Analisou o líder petista que essa rejeição é reflexo da política nefasta implementada por esse governo ilegítimo. “É um governo que não tem projeto, que não apresenta nenhum horizonte para o povo brasileiro. É o governo do desemprego e da violência”, afirmou.
“Asqueroso é esse governo que deu um golpe porque a forma como ele age é aquela que está revelada nessa denúncia, que é o estabelecimento de privilégios, que é o estabelecimento da corrupção dentro do Palácio do Planalto. Essa, sim, é a conspiração asquerosa que fez com que trocassem na CCJ os membros e que distribuíssem benesses, emendas e cargos para as bases dos deputados contra os interesses do povo”, reafirmou Zarattini.
O líder da Oposição na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), também repudiou o troca-troca na CCJ imposta pelo governo Temer. “Triste de um país que dá o direito ao presidente da República, com tantos problemas, passar as últimas 100 horas trocando membros da CCJ. Isso é feio. O que está acontecendo no Brasil é algo que tem de ser repugnado”.
“O Brasil está afundando na crise moral e ética. Nunca se viu um presidente tão ousado, determinado a continuar no cargo a qualquer preço. Nunca se viu isso”, estranhou Guimarães.
Defesa – O deputado Wadih Damous (PT-RJ) também concordou com o relatório. Para ele, a defesa de Michel Temer não conseguiu demolir o relatório de Zveiter. “A defesa não conseguiu desconstituir a denúncia. Ela se ateve à questão de mérito. Não cabe a nós aqui dizer se há ou não provas”, avaliou Damous, acrescentando que se a Câmara “matar” a denúncia na CCJ, o parlamento estará “virando as costas para o povo brasileiro”.
Segundo ele, ao defender o prosseguimento da denúncia, o relatório de Zveiter apontou a necessidade de o Congresso enfrentar esse debate. “Aqui nós não julgamos Michel Temer, não julgamos o mérito, nem declaramos a culpa ou não de Temer. Estamos aqui verificando se a denúncia traz elementos suficientes em termos da materialidade da conduta, em termos de indícios mínimos e se ela traz elementos suficientes para autorizarmos seu prosseguimento. O nosso juízo aqui é autorizativo”, explicou.
Benildes Rodrigues