Em seu primeiro discurso no retorno dos trabalhos parlamentares, o deputado Joseildo Ramos (PT-BA), manifestou nesta quinta-feira (3) a sua indignação de estar convivendo com o orçamento secreto “que institucionaliza a corrupção em troca de apoio ao Presidente da República, dentro do Parlamento brasileiro, mas exclusivamente eu estou falando da Câmara dos Deputados”. Na avaliação do deputado baiano, “não pode a Casa dos iguais ter deputados mais iguais do que outros para destruir o Estado nacional, para dar apoio ao presidente, que ataca a democracia”.
Para o deputado Joseildo Ramos, é também uma indignação ouvir alguns deputados “verdadeiros caras de pau, que estão mergulhados no orçamento secreto, falando em democracia e falando em justiça social. Não tem cabimento”, desabafou.
Este ano, na avaliação do deputado, a economia nacional não vai ser redinamizada por conta do tratamento que é dado à carestia dos combustíveis, à inflação e também ao desemprego. “Por quê? Porque o único problema é tratado de forma totalmente inadequada, aumentando os juros, o que faz com que a economia não se recupere do ponto de vista macroeconômico, e, ao mesmo tempo, fazendo a alegria dos banqueiros. Na realidade, a elite financeira hoje passa por cima do Estado de bem-estar social, que nos governos do PT nós estávamos construindo”, lamentou.
Portanto, continuou o Joseildo Ramos, o ministro da economia, Paulo Guedes, “desmoralizado do jeito que está, não vai oferecer uma alternativa, e continua agarrado nesse governo aí, sendo moleque de recado da elite financeira”. O deputado acrescentou que a economia é o grande nó que vai fazer de 2022 o ano em que a população vai ver com nitidez onde está a grande resposta político-eleitoral, que será dada em outubro deste ano. “Podem ter certeza que haverá uma mudança importante do ponto de vista político e do ponto de vista da correlação de forças que se estabelecerá dentro do Parlamento nacional. É uma janela de esperança que se abre para que nós voltemos a ser respeitados no mundo, e deixemos, definitivamente, de ser párias, de ser desrespeitados, de ser ignorados, de ser isolados do ponto de vista do contexto mundial”.
Taxa de juros
O deputado Merlong Solano (PT-PI) ao discursar, destacou a elevação da taxa de juros, que agora chegou a 10.75%, anunciada ontem pelo Banco Central. “Não é a primeira vez que isso acontece. Já tivemos taxas mais elevadas no passado. Entretanto, há um problema grave. A taxa de juros não pode ser o único instrumento para combater a inflação. Ela está sendo aplicada na dose errada, está muito alta, e está sendo aplicada sozinha sem que outras medidas sejam adotadas para controlar a inflação”, criticou.
Merlong Solano explicou que a inflação que estamos vivendo não é uma inflação de demanda. As famílias estão endividadas em boa parte. De uma maneira geral, os trabalhadores brasileiros sofrem os efeitos do arrocho salarial e do subemprego. O Brasil voltou ao mapa da fome. “Então, não há uma pressão pelo lado da demanda que justifique o retorno da inflação para mais de dois dígitos”, reforçou, ao acrescentar que o que está acontecendo são pressões do lado da oferta e o desequilíbrio entre a produção para o mercado interno e a produção para o mercado externo. “E essas pressões começam pela falta de credibilidade do governo”, sentenciou.
O deputado do PT do Piauí citou ainda que a Petrobras pratica uma dolarização altamente danosa para o Brasil ao deixar de refinar petróleo no Brasil, priorizando a exportação de óleo cru e a importação de derivados de petróleo. “Temos a elevação exorbitante dos preços da energia elétrica, temos a falta de uma política de abastecimento e de incentivo à agricultura familiar, repercutindo sobre a produção e preço dos alimentos, de modo que, o País carece de uma política integrada que combine a política de juros com uma política fiscal nos lugares certos e também com uma política de incentivo à produção voltada para o mercado interno”, defendeu.
Na avaliação do deputado Merlong, a boa oportunidade, neste momento, para começar a resolver o problema é a regulamentação da Lei Assis Carvalho, de autoria da Bancada do PT, para ajudar a agricultura familiar. “Entendo que nós todos no Parlamento brasileiro devemos pressionar o governo a implementar uma política de abastecimento que inclua, entre outras coisas, um incentivo forte para a agricultura familiar do Brasil”, conclui.
Vânia Rodrigues