Petistas criticam ministro da Justiça por minimizar morte de Genivaldo em “Câmara de Gás” improvisada 

Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e deputada Erika Kokay (PT-DF) - Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

A deputada Erika Kokay (PT-DF) e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) criticaram nesta quarta-feira (15) o ministro da Justiça, Anderson Torres, e os parlamentares da base de apoio do governo por tentarem minimizar o assassinato do trabalhador Genivaldo de Jesus, morto por Policiais Rodoviários Federais em Umbaúba (SE), no último dia 25 de maio. Após o trabalhador ter sido abordado por estar andando de moto sem capacete, ele foi imobilizado e jogado no porta-malas de uma viatura da PRF, morrendo asfixiado após os policiais terem jogado uma bomba de gás lacrimogênio no local.

Ao ser confrontado durante audiência pública conjunta das Comissões de Direitos Humanos e de Trabalho da Câmara, por deputados de Oposição sobre a ação dos policiais, o ministro reconheceu que o caso Genivaldo é “grave”. Porém, tentou minimizar a repercussão do fato ao dizer que a improvisação de uma “Câmara de Gás” na viatura da PRF se tratou de um “caso isolado”, dentre as milhões de abordagens realizadas no último ano.

A deputada Erika Kokay esclareceu que se indignar com o assassinato de Genivaldo, além de ser uma ação por justiça, também é um ato de proteção à própria instituição e a maioria de bons policiais. Ela se referia ao entendimento do ministro e dos deputados bolsonaristas de que as críticas à atuação dos policiais em Sergipe era uma agressão à instituição PRF.

“É claro que a corporação não é responsável pelo que ocorreu com o Genivaldo, mas a instituição precisa tomar uma atitude para que isso nunca mais ocorra. Tenho respeito por essa instituição. No entanto, é preciso lembrar que a primeira nota oficial da direção da PRF sobre o que ocorreu com Genivaldo falou em “imobilização” e que foram adotados “instrumentos de menor poder ofensivo”. Ora, aquilo não foi acidente. Genivaldo foi torturado e morto quando transformaram uma viatura em uma câmara de gás improvisada”, criticou.

Sobre a falta de indignação em relação a morte cruel de Genivaldo, apesar de reconhecê-la como “grave”, e a tentativa de jogar deputados de esquerda contra a corporação, o deputado Paulo Teixeira classificou a estratégia do ministro e de deputados bolsonaristas como “cínica”. “O que vale é o cinismo para essas pessoas. É um governo de cínicos, que está levando a essa escalada de violência no País”, acusou.

Uso do capacete

Ao lembrar que a abordagem policial a Genivaldo de Jesus, o deputado Paulo Teixeira frisou que o motivo foi pelo fato de o trabalhador estar andando de moto sem capacete, prática corriqueira do presidente Jair Bolsonaro em suas motociatas.

O parlamentar, inclusive, indagou se o ministro da Justiça já aconselhou o presidente Bolsonaro sobre o bom exemplo que ele daria ao País se usasse o equipamento de segurança. “O senhor, como ministro da Justiça, é um conselheiro do presidente da República. E como conselheiro, poderia dizer a ele para usar capacete para dar um bom exemplo a nação, uma vez que muitas pessoas morrem pela falta de uso desse equipamento”, afirmou.

Em resposta, o ministro Anderson Torres limitou-se a dizer que não caberia a ele falar sobre a forma como o presidente deve se comportar. Segundo ele, existe toda uma “legislação própria” que rege a segurança do presidente. “Não acredito que na legislação tenha algum artigo eximindo o presidente da República de usar capacete”, retrucou Teixeira.

Também presente à audiência pública, o diretor-geral da Policia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, disse que a forma de abordagem dos policiais a Genivaldo nunca foi uma orientação da corporação. Ele disse ainda que os policiais envolvidos no assassinato foram afastados de suas funções, respondem a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e que são investigados pelo Ministério Público de Sergipe.

 

Héber Carvalho

 

 

 

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