Vários deputados da bancada do PT que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, criticaram a escolha do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para relatar a denúncia contra Michel Temer no colegiado. Na avaliação dos petistas, o fato de pertencer ao mesmo partido do denunciado (Temer) é motivo de preocupação sobre uma possível parcialidade do relatório.
Para o deputado Wadih Damous (PT-RJ), não há receio quanto aos conhecimentos jurídicos do indicado, mas sim sobre a proximidade ao governo.
“O que me preocupa não é a capacidade jurídica, mas sim a filiação partidária (de Zveiter) ao PMDB. Isso poderia ter sido evitado. Havia outros nomes aqui (na CCJ), não pertencentes ao governo, que poderiam ser escolhidos. Politicamente não foi a escolha mais adequada”, disse.
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que, mesmo com o vínculo partidário, a pressão popular pode influenciar o relator e evitar que ocorra o arquivamento do processo “contra alguém que está dentro do Palácio do Planalto obstruindo as investigações”.
“Alguém do PMDB é mais suscetível às pressões do governo. Mas isso não quer dizer que não possa haver cisões dentro do PMDB. Eu vejo que a pressão popular pode funcionar contra um possível acordo aqui dentro (da CCJ). A população pode, inclusive, pressionar o relator, legitimamente, para que ele atue como um parlamentar mais independente, e menos como integrante do PMDB”, explicou.
Ao também criticar a escolha de um parlamentar do mesmo partido de Temer, Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que a conduta do relator vai ser demonstrada durante a elaboração do relatório.
“Esperamos que ele atue com isenção, e permita que a CCJ possa fazer as oitivas (para ouvir os envolvidos no escândalo). Se ele não trabalhar com essa hipótese, começará muito mal”, disse Lopes.
Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), manifestou pessimismo com a escolha do relator.
“Ele está na base do governo e é uma escolha do Rodrigo Maia (presidente da Câmara), um dos pilares de sustentação desse governo. Portanto, acredito que ele fará o relatório contra a licença para processar Michel Temer”, observou.
Tramitação– Desde a apresentação da denúncia contra Temer na Câmara e a notificação do presidente, na última quinta-feira (29), começou a contar o prazo das dez sessões legislativas para a apresentação da defesa. Após esse período, a CCJ terá até cinco sessões do plenário para concluir a análise do processo.
Héber Carvalho