“Antes tarde do que nunca”. Com essa frase, parlamentares que compõem a comissão externa que acompanha os incêndios pelo Brasil, definiram a ação anunciada pelo governo Bolsonaro de enviar a Força Nacional para combater os focos de incêndios que se alastram pelo Pantanal mato-grossense há mais de três meses. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (5). Os efeitos da portaria valem por 30 dias, mas podem ser prorrogados.
“Infelizmente, precisou o barulho, as vozes das ruas chegar ao governo pra que ele se manifestasse. Mas é isso, antes tarde do que nunca”, constatou a coordenadora da comissão externa, deputada Professora Rosa Neide (PT-MT).
Para o deputado Vander Loubet (PT-MS) essa iniciativa de Bolsonaro é necessária, mas muito atrasada. “O governo esperou demais para tomar essa decisão, uma parte enorme do Pantanal se tornou cinzas e milhares de animais silvestres perderam a vida. De qualquer forma, essa ida da Força Nacional é importante, antes tarde do que nunca”, ironizou o deputado.
Os parlamentares entendem que o trabalho da comissão foi fundamental como elemento de pressão para que Bolsonaro adotasse medidas de combate ao fogo no Pantanal. “Acredito que o trabalho da comissão externa criada na Câmara por iniciativa da nossa bancada para acompanhar a situação das queimadas tem sido fundamental. Não fosse essa pressão, talvez o governo ainda estivesse passivo assistindo a essa tragédia”, avaliou Loubet.
A deputada Rosa Neide também creditou a ação do governo à pressão social e aos trabalhos da comissão externa. Segundo ela, “só por isso o governo resolveu atuar com a Força Nacional, e alguns militares que já estão em Mato Grosso e na Serra do Amolar, no Mato Grosso do Sul”. A parlamentar se referiu a um efetivo de 40 bombeiros e 12 viaturas que o governo enviou para a região.
“E agora deveremos continuar trabalhando firmemente na comissão externa, na legislação, na mobilização social pra que no próximo ano a tragédia não se repita”, enfatizou a deputada mato-grossense.
Paliativo
O deputado Vander Loubet classificou de “paliativo” a presença da FN no combate ao incêndio que já devorou mais de 3 milhões de hectares da maior área alagada do planeta. “O apoio da Força Nacional, no cenário geral, terá efeito paliativo. A verdade é que precisamos de mais efetivo nesse trabalho de prevenção e combate a queimadas, efetivo devidamente equipado”, afirmou.
“Entendo que o trabalho da nossa comissão vai apontar nessa direção, além é claro de cobrar a punição daqueles que de forma criminosa iniciaram esses incêndios”, disse Loubet.
Passividade governamental
A Professora Rosa Neide criticou a passividade do governo diante de tantos alertas que foram emitidos pelas instituições acerca do desastre ambiental que se desenhava com a forte seca na região. “O governo federal ficou vendo o bioma queimando há mais de dois meses. Parece que ele aguardava chuva, parece que estava olhando o canto da cigarra para esperar chover e apagar o fogo. Infelizmente a situação está mais grave do que o governo previa”, observou.
“As próprias instituições, como o Inpe, já vinham demonstrando isso desde o ano anterior, que a chuva viria apenas na segunda quinzena de outubro e todo esse tempo que já relatamos aqui – mais de dois meses, o Pantanal está a queimar”, lembrou Rosa Neide.
Atuação
O efetivo da FN, além de atuar no combate aos incêndios, deve prestar assistência às famílias ribeirinhas que estão à margem do Rio Paraguai e tiveram suas residências atingidas pelo fogo. Eles também devem apoiar o trabalho no posto de atendimento de emergência a animais silvestres juntamente com Defesa Civil, Polícia Ambiental, voluntários, biólogos, médicos veterinários, entre outros.
Benildes Rodrigues