A propaganda extemporânea da cloroquina, feita pelo próprio presidente da República, somada à superprodução pelo governo e o uso indiscriminado pela população, com riscos à saúde pública, poderão ser investigados em CPI própria na Câmara dos Deputados.
O requerimento pela CPI da Cloroquina foi encaminhado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) nesta quarta-feira (29). O documento, que tem como coautores os deputados petistas Jorge Solla (BA), Alencar Santana (SP), Arlindo Chinaglia (SP), Rosa Neide (MT) e Paulo Pimenta (RS), demonstra estranhamento com o fato de o Ministério da Saúde não apresentar sequer uma estratégia mínima no combate ao coronavírus no Brasil, que se encaminha para as 100 mil mortes.
“É estranho, para dizer pouco, que o governo federal não enfrente de maneira responsável a mais grave pandemia da nossa história, e prefira valer-se de charlatanismo propagandeando medicamento de eficácia duvidosa”, afirma o deputado Rogério Correia. “Já foram produzidos cerca de 3 milhões de comprimidos de cloroquina pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército”, diz a justificativa do pedido de CPI, o que demonstra pouca austeridade com os gastos públicos (ou improbidade, a depender das investigações).
O documento com o pedido de CPI lembra que a cloroquina é uma medicação usada há 70 anos no Brasil, principalmente como forma de combater a malária e o lúpus. Sua produção nos laboratórios do Exército se explica por esse motivo. No entanto, sua utilização no tratamento da covid não apresenta eficácia comprovada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já orientou a interrupção de pesquisas com cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covid devido à baixíssima ou nenhuma redução da mortalidade de pacientes submetidos ao uso dessas medicações.
O próprio deputado Rogério Correia já havia feito diligências sobre o assunto anteriormente, mas ainda sem sucesso. Ofícios solicitando convocação dos ministros da Defesa e da Saúde, para prestar esclarecimentos, ainda não foram submetidos pela presidência da Câmara à votação pelo plenário. Pedidos de abertura de investigação também foram feitos à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao STJ, ambos também sem resposta até o momento.
Perguntas sem respostas
O requerimento da CPI da Cloroquina faz perguntas que ainda não foram respondidas sobre o tema: Quem determinou aos laboratórios das Forças Armadas a produção de cloroquina? Desde quando estão produzindo o medicamento? Qual o volume de comprimidos de cloroquina já produzidos? Quais parâmetros científicos foram utilizados para determinar a produção da cloroquina nesses laboratórios? Qual o montante de recursos financeiros empenhados até o momento nessa produção? Quais recursos humanos foram empenhados? Quem são os fornecedores da matéria-prima? Quanto já foi gasto com cada fornecedor? Como está sendo a distribuição do medicamento? Quais municípios e hospitais já receberam a cloroquina? Como ocorreu a distribuição da cloroquina nas comunidades indígenas?
Veja a íntegra do requerimento:
CD201577993600 – CPI Cloroquina
Assessoria de Comunicação