Petistas apontam mentiras de Bolsonaro sobre ‘inexistência de corrupção’ no governo para acabar com a Lava Jato

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara criticaram pelo Twitter, a afirmação feita pelo presidente Jair Bolsonaro, em discurso na quarta-feira (7), quando disse que “acabou com a Lava Jato porque não existe corrupção no governo”. Os petistas criticaram que Bolsonaro mentiu sobre a ausência de corrupção no governo quando ele próprio, e seus filhos, estão envolvidos em diversos casos de corrupção. Os parlamentares lembraram ainda que o atual presidente agora descarta a Lava Jato porque ela já cumpriu com o seu objetivo não declarado de criminalizar o PT e o ex-presidente Lula, garantindo assim a eleição do próprio Bolsonaro.

Para a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), Bolsonaro não tem moral para declarar o fim da corrupção quando ele próprio e sua família estão envolvidos em vários casos de corrupção explícita.

“E o Queiroz, Bolsonaro? A corrupção de seu filho Flávio com as rachadinhas e no seu próprio gabinete de deputado? Os imóveis que tem sua família, cujos salários parlamentares não justificam? O laranjal do seu partido nas eleições de 2018? Você “acabou” com a Lava Jato para ela não te pegar”, disse Gleisi.

Já o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), ironizou a decepção que devem estar sentindo os defensores da Lava Jato. “Quero ver o que os ‘lavajatistas’ vão dizer disso. E pensar que teve gente que acreditou no papo furado de quem passou 27 anos executando o pior da velha política”, argumentou.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) também questionou os argumentos sobre o fim da corrupção ditos por Bolsonaro e se disse curioso sobre o que pensam sobre isso os comandantes da Lava Jato, Deltan Dallagnol e Sérgio Moro.

“Tem rachadinha, envolvimento com a milícia, morte da Marielle, depósitos de Queiroz pra Michelle, gabinete do ódio, mas não tem corrupção. Dizer que a Lava Jato foi uma das principais apoiadoras desse indivíduo na campanha. Gostaria de saber o que (Sérgio) Moro e DD (Deltan Dallagnol) pensam sobre isso”, indagou.

Piada de mau gosto, cinismo e deboche

Outros parlamentares petistas ressaltaram que a justificativa apresentada por Bolsonaro para dizer que acabou com a Lava Jato é um misto de piada de mau gosto, misturada com pitadas de cinismo e deboche. O deputado Rogério Correia (PT-MG) destacou que ao descobrir que o presidente tinha dito mesmo que o motivo para ter acabado com a Lava Jato era de que “não tem mais corrupção no governo” ficou na dúvida se era uma piada. “É pra rir? E pensar que (Deltan) Dallagnol, (Sérgio) Moro e companhia fizeram tudo pela eleição de Bolsonaro, cometendo até delitos”, relembrou.

Por sua vez, a deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que Bolsonaro usou de cinismo e deboche ao falar que acabou com a Lava Jato porque “não tem mais corrupção no governo”. Porém, ela esclareceu que “a Lava Jato nunca foi contra a corrupção, sempre foi um instrumento para perseguir o PT e levar a direita ao poder”. “Por isso, Bolsonaro diz isso e nada acontece!”.

A Professora Rosa Neide (PT-MT) disse que Bolsonaro falar em fim da corrupção soa como piada, e elencou alguns crimes nos quais a família Bolsonaro está envolvida. “Bolsonaro disse que acabou com a Lava Jato porque “não existe mais corrupção no governo”. 89 mil da ‘Micheque’, 2,7 milhões em dinheiro vivo das rachadinhas, funcionários fantasmas, 1,6 milhão lavados na loja de chocolate. Fim da corrupção? Isso só pode ser piada”, declarou.

Objetivos políticos

Parlamentares do PT lembraram ainda que o presidente Bolsonaro se sente à vontade para decretar o fim da Lava Jato porque a Força-Tarefa que comandava a Operação já cumpriu o objetivo que ele mais desejava: criminalizar o PT e o ex-presidente Lula para conseguir chegar ao poder.

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) escreveu em seu Twitter que “a turma da Lava Jato aparelhou o Ministério Público para ganhar dinheiro e fazer valer seus objetivos políticos”. “Com isso elegeram um chefe do crime organizado para governar o Brasil”, disse Alencar. Com ironia, ele ainda “parabenizou” o ex-juiz Sérgio Moro, o ex-procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnoll e o também procurador da Lava Jato, Ricardo Pozzobom. “Esse filho (Bolsonaro) é de vocês”.

Em outro tweet, Alencar lembrou ainda que, diferente de Bolsonaro, que diz ter orgulho em intervir em investigações, o Brasil já teve os presidentes Lula e Dilma “que respeitaram a autonomia do Ministério Público Federal e a Procuradoria-Geral da República e fortaleceram a sua estrutura para o combate à corrupção”.

Caiu a máscara de ‘moralista’

O deputado Bohn Gass (PT-RS) disse que a declaração de Bolsonaro fez cair de uma vez por todas a máscara de moralista do atual presidente. “O moralismo de cuecas do falso mito enganou muita gente. Apesar de incapaz, o capitão de araque aprendeu direitinho a prática corrupta que marca a baixa e velha política. Agora, a máscara caiu! De volta ao ninho do Centrão, abraça o STF e, cereja do bolo: acaba com a Lava Jato”, observou.

Na mesma linha, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) disse que as declarações de Bolsonaro revelam a hipocrisia dele em relação ao discurso contra a corrupção e a conivência velada do ex-juiz Sérgio Moro. “Bolsonaro nunca quis investigar nada, e nunca defendeu a Lava Jato, por isso, desmontou o Coaf, interveio na PF e faz todo tipo de manobras para ocultar malfeitos. Sérgio Moro sabia disso desde sempre, aceitou o jogo pelos interesses econômicos que representa”, acusou.

Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lembrou que agora, e por ironia do destino, os antigos comandantes da Operação Lava Jato são traídos justamente por aquele a quem ajudaram a eleger. “Bolsonaro disse “acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo”. Os “cabos eleitorais” Sérgio Moro, (Deltan) Dallagnol e Carlos Fernando (ex-Procurador da Lava Jato) não viram problemas nos vínculos do presidente com o Queiroz e os milicianos cariocas”, observou.

Também compartilharam críticas à declaração de Bolsonaro os deputados petistas Helder Salomão (ES), Alexandre Padilha (SP), Carlos Veras (PE), Henrique Fontana (RS), Célio Moura (TO) e Marcon (RS).

Héber Carvalho

 

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