Parlamentares da Bancada do PT na Câmara se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (28), para criticar o resultado dos mil dias do governo Bolsonaro. Segundo os petistas, a data não deveria sequer ser motivo de comemoração por parte do atual governo, uma vez que a situação do País é de recorde no número de mortes pela Covid-19, de explosão da fome e da miséria, do aumento galopante da inflação e da carestia no preço dos alimentos, e dos reajustes cotidianos no valor dos combustíveis.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), questionou o porquê da comemoração dos mil dias por parte do governo Bolsonaro. “O governo lançou uma campanha para comemorar os seus mil dias de administração. E eu pergunto: o que este governo vai comemorar? Os seiscentos mil mortos da Covid, cujas mortes ele deu causa à maioria delas?”, indagou.
A parlamentar ainda questionou a falta de motivo para comemoração diante da volta da inflação ao País. “O que ele tem a comemorar? A inflação que voltou ao Brasil? Depois de 21 anos, nós temos inflação de dois dígitos. O preço dos alimentos está pela hora da morte! As pessoas vão ao mercado e veem o feijão mais caro, o arroz mais caro, a carne mais cara. Estão comprando pé de galinha, ossos para fazer sopa, nem ovos mais não comem, porque é muito caro”, lembrou Gleisi Hoffmann.
O líder da Minoria no Congresso, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ressaltou que nesses mil dias de governo a maior marca de Bolsonaro é ter promovido o aumento exponencial da fome e da miséria no País. O deputado citou na tribuna recente reportagem do site UOL que informa que mais de dois milhões de famílias chegaram a extrema pobreza desde o início do governo Bolsonaro.
“Bem, explicações há várias, mas a principal é que o governo não propõe uma única iniciativa — uma única iniciativa — para aumentar o emprego no País, para ter o mínimo controle sobre o processo inflacionário, até porque o governo não dá sequer o reajuste que cubra a inflação para o salário-mínimo. Aconteceu nos últimos 2 anos. E é claro que isso tem consequências no cotidiano”, explicou.
Aumento sucessivos nos preços dos combustíveis
Já o deputado João Daniel (PT-SE), criticou o governo Bolsonaro pelos aumentos sucessivos no valor dos combustíveis nesses mil dias de governo. “E está aí hoje o aumento no petróleo a partir dos próximos dias novamente no gás, na gasolina, no óleo diesel. Bolsonaro, já sabíamos e denunciamos, nunca teve poder, posto que representa a elite brasileira. Portanto, apoiaram, elegeram e hoje S.Exa. está comandando este País a serviço dos acionistas da Petrobras, a serviço das grandes empresas privadas e dos bancos. Mil dias de atraso, de miséria, da volta da fome em nosso País”, disse.
E como solução para amenizar o sofrimento do País, o parlamentar sergipano defendeu a abertura do processo de impeachment de Bolsonaro. “Desse governo, o nosso presidente Arthur Lira deve colocar o processo para a cassação. O impeachment imediato seria a solução para o Brasil começar a debater verdadeiramente o papel deste País de trazer programas e projetos, em âmbito internacional, para o povo brasileiro. Bolsonaro é a vergonha de todos aqueles que acreditam no Brasil”, disse João Daniel.
Mil dias de mentiras
Já o deputado Valmir Assunção (PT-BA) lembrou que o governo de Jair Bolsonaro, na falta do que apresentar de realizações nestes mil dias de governo, apela para mentiras e apropriação do trabalho de outros governos. O parlamentar se referiu a visita realizada pelo presidente nesta terça-feira (28) a cidade de Teixeira de Freitas (BA), para inaugurar uma obra que já havia sido inaugurada pelo prefeito anterior, cujos recursos foram liberados no governo então presidenta Dilma Rousseff.
“Nessa comemoração dos mil dias, ele veio inaugurar uma obra, iniciada justamente pela presidente Dilma. Foi no governo Dilma que foram liberados os recursos para a construção da obra. Essa obra, que é o centro de iniciação esportiva em Teixeira de Freitas, já tinha sido inaugurado pelo prefeito anterior. No dia de hoje foi feita a segunda inauguração. Isso prova que o governo não tem ações, não tem obra em lugar nenhum. Aí sai inaugurando as obras que a presidente Dilma iniciou, ou as obras que o presidente Lula fez, ou seja, as obras dos governos anteriores, porque ele não tem uma obra em 1000 dias para poder inaugurar”, acusou.
Leia a opinião de outros parlamentares petistas sobre os mil dias do governo Bolsonaro:
Deputada Benedita da Silva (PT-RJ) – “Nós não aceitaremos também essa propaganda enganosa desses mil dias. Mil dias com desemprego, com fome, com miséria, famílias morando no meio da rua! Mil dias de gente que morre a cada dia com Covid! Mil dias em que ainda não deu 100% da vacina, da primeira dose de vacina ao povo brasileiro. Mil dias em que nós estamos com o gás a mais de R$ 100; a gasolina e o dólar a R$ 6”.
Deputado Joseildo Ramos (PT-BA) – “Mil dias de governo. Mil dias em que ele começa a primeira semana de setembro flertando com o golpe de Estado. Mil dias em que ele (Bolsonaro) quer aprovar a PEC 32, a destruição do serviço público. Além da precarização dos laços de trabalho, trata-se de uma demonstração terrível de que o inimigo número um de Bolsonaro e principalmente de Paulo Guedes (ministro da Economia) é exatamente o servidor público, seja municipal, seja estadual, seja da União”.
Deputado Zé Neto (PT-BA) – “Nós estamos vivendo o Brasil da fome, do desemprego, do desmando, porque não temos presidente, e estamos vivendo, sem dúvida, o Brasil que voa muito cedo para uma tragédia, e nós precisamos reverter isso. E isso vai ser revertido no ano que vem, com Lula Presidente. Mas, daqui até lá, este Congresso tem que colocar o pé no chão e entender qual é o seu compromisso com o povo brasileiro e com a manutenção do mínimo, entender que nós precisamos de um Estado forte, moderno e que possa se reerguer no futuro. Não à mentira, não ao desmando, não a esse governo que está aí!”.
Deputado Zé Ricardo (PT-AM) – “São mil dias de cortes de recursos na educação, nas universidades e nos institutos federais; mil dias de desmatamento na Amazônia, de sucateamento na área da ciência e tecnologia; mil dias negando a saúde e as mortes pelo descaso, com falta de UTI e de oxigênio; mil dias de fracasso na economia e com a inflação quase descontrolada; mil dias de aumento no preço dos alimentos, da fome voltando (19 milhões de pessoas, segundo o IBGE); mil dias do aumento do gás de cozinha, da energia e do combustível, com a gasolina chegando a quase R$ 7 em algumas cidades; mil dias com desemprego de mais de 14 milhões de brasileiros e outros 40 milhões na informalidade; mil dias e o povo gritando Fora Bolsonaro”.
Deputado Alencar Santana Braga (PT- SP) – “O símbolo dos mil do governo Bolsonaro sabe qual é? Ele tem nome, tem nome. É Geisa Sfanini, de 32 anos, que tinha uma filha de 8 meses. Ela morreu ontem, depois de dias no hospital, queimada, porque usou álcool para cozinhar. Morreu na data de ontem, dos mil dias deste governo, e sabe por que ela usou álcool? Porque ela não conseguiu pagar o botijão de gás. Como diz a matéria, há lugar no Brasil em que o botijão está custando R$ 135, e as pessoas desempregadas, passando fome, sem dinheiro, sem condições. Gente, é o Brasil de 2021! Não estamos tratando do início do século”.
Deputado Odair Cunha (PT-MG) – “Não há o que comemorar. Pela 95ª vez, a Petrobras anuncia o aumento do diesel. É lamentável, porque isso não tem a ver com os custos dos impostos dos estados e dos municípios. Aliás, sabemos que é, sim, possível e necessária a redução destes impostos, mas é mentira atribuir o aumento do combustível, tanto do diesel, como do gás e do etanol, a alíquotas de tributos estaduais. O grande fator variável neste processo é, sem dúvida nenhuma, a política de preços adotada pela Petrobras. Esta política tem elevado o custo do povo brasileiro, o custo da cesta básica”.
Deputada Erika Kokay (PT-DF) – “São mil dias de sofrimento, mil dias de morte de uma necropolítica que está em curso. Mil dias em que o presidente da República colocou a faixa presidencial no peito do coronavírus, no peito do vírus e trabalhou para que nós não tivéssemos o direito a vacina. Foram dezenas de solicitação da Pfizer para poder contratar com o Brasil, mas o esquema de corrupção dentro do Ministério da Saúde impedia que nós tivéssemos o direito à vacinação, e o direito à vacinação teria salvado muitas vidas, muitas vidas”.
Héber Carvalho