Pauta da Câmara não atende as necessidades atuais do povo brasileiro, denunciam petistas

No retorno das atividades legislativas nesta terça-feira (3), parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara para, principalmente, manifestar preocupação com a situação atual do País e com a falta de sintonia entre a pauta da Casa com as necessidades do povo brasileiro. “O retorno às atividades nesse segundo semestre nos traz muitas preocupações. Estamos vivendo um momento difícil, com 557 mil pessoas que perderam a vida, e Bolsonaro continua levando pânico à população, enchendo a cabeça do povo com essa estória de que as nossas urnas não são seguras, num momento em que a população precisa se preocupar com emprego, com renda, com saúde, com as sequelas daqueles que saíram da Covid”, criticou a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT).

Para Rosa Neide é vergonhosa a situação no País: “As pessoas estarem tentando agilizar suas vidas, os estudantes, os profissionais da educação estarem tentando retornar às aulas, depois de 1 ano e meio de escolas fechadas, e ninguém ter segurança na liderança nacional”.

A deputada também criticou a pauta da Câmara para esse segundo semestre. “Ao voltar às atividades parlamentares, vemos uma pauta que não traz serenidade ao povo brasileiro. Estamos vendo o Senado, em plena CPI, procurando dar respostas à população brasileira. O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral buscam também frear as loucuras do presidente. E nós, na Câmara, estamos recebendo uma pauta que não condiz, não dialoga com as necessidades de nosso País”, protestou e acrescentou que, independentemente de coloração partidária, espera a união dos parlamentares a fim de que o País tenha respostas do Congresso Nacional, “para que possamos fazer a diferença e para que o governo respeite o povo”.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) lembrou que vivemos no Brasil um genocídio em plena pandemia. “As pautas obscurantistas viraram moda. Além disso, a fome impera no Brasil, o desemprego já atinge 15 milhões de pessoas. E aqui na Câmara, olhem a pauta que nós temos agora. É lamentável! Aqui já foram aprovadas para os poderosos: autonomia do Banco Central, PEC de ajuste fiscal, flexibilização de licenciamento ambiental para o agronegócio, privatização da Eletrobras para os amigos do rei. E agora estão na pauta: privatização dos Correios, Reforma Administrativa para desmanche do serviço público, Reforma Tributária regressiva, minirreforma tributária através de “jabutis” na Medida Provisória 1.045, grilagem de terras, agrotóxico. Essa é a pauta do Bolsonaro, do Centrão e do mercado. Isso é o que nós vivemos, infelizmente, aqui na Câmara”, protestou.

Rogério Correia relatou ainda que, enquanto estava no chamado recesso, aproveitou para ouvir as bases, o povo. “E o apelo que nós ouvíamos era exatamente o contrário, é o apelo de votar projetos que gerem emprego, desenvolvimento, que faça o Brasil crescer, distribuir renda, mas, quando se chega aqui, é só pauta negativa e antipovo”, lamentou o deputado, ao pedir que se coloque em pauta um dos pedidos de impeachment de Bolsonaro. “É o que pede o Brasil”, afirmou.

Insensibilidade

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) observou que enquanto o País vive ainda um momento muito complexo da pandemia, com alto índice de mortes e casos de Covid, com a economia patinando, o desemprego galopante e a miséria crescente, o presidente da República segue vivendo em seu “mundo delirante onde a grande preocupação é o voto impresso, inventando argumentos para justificar a sua iminente derrota em 2022, diante de tanta incompetência, incapacidade na gestão do País”.

Ele lamentou ainda que nessa conjuntura, a Câmara voltará aos trabalhos “continuando alheia” ao fato de que o nosso povo está morrendo, seja de fome, seja pela Covid 19. “Olho a pauta de votações e vejo uma profunda insensibilidade: privatização dos Correios, legalização da grilagem e até o debate da aprovação indiscriminada de agrotóxicos, que envenenam a população, podem entrar na pauta. Que Brasil é esse em que a base governista vive?”, questionou indignado.

“Faço um convite ao diálogo e à reflexão sobre alguns setores que ainda não se renderam por completo aos delírios bolsonaristas. O que restará do País se continuarmos nesse ritmo de dilapidação do Estado brasileiro, uma fórmula que não deu certo em nenhum lugar do mundo, e só serve para enriquecer o bolso de alguns”, frisou Nilto Tatto, acrescentando que acredita na capacidade da Câmara acordar enquanto é tempo.

Esperança

A volta do recesso, para Valmir Assunção (PT-BA) é cheio de esperança. “Venho com muita esperança, esperança de que possamos cumprir o papel constitucional que assumimos ao fazer o juramento nesta Casa. Digo isso porque estamos vivendo um período em que a pandemia continua ceifando a vida das pessoas, mas a fome também está matando muita gente. Por outro lado, a carestia no Brasil é do gás, é da carne, é do feijão, da gasolina! Tudo está caro! São 15 milhões de brasileiros desempregados. E nós precisamos de um auxílio emergencial de, no mínimo R$ 600 para o povo brasileiro, que precisa de alimento para fazer a economia girar, para diminuir o seu sofrimento”.

Ele, no entanto, apontou a divergência entre a pauta necessária para o Brasil e a agenda da Câmara. “Lamentavelmente o que está na pauta é a Reforma Administrativa que acaba com o serviço público, acaba com as carreiras de Estado. Nós não podemos ser um puxadinho do Planalto”, afirmou.

Agenda negativa

A deputada Marília Arraes (PT-PE) também destacou que o País vive um momento dificílimo em que o presidente da República é uma indústria de agendas negativas na saúde, na cultura, em diversas áreas. “Mas a agenda principal da Presidência da República é o desmonte do Estado nacional brasileiro, o empobrecimento cada vez maior do nosso povo”, lamentou ao citar o incêndio da cinemateca, o veto ao projeto que permitia o tratamento em casa dos pacientes com câncer, pagos pelos planos de saúde.

“E, agora, nós vimos um ministro, em rede nacional, fazer a defesa de uma pauta do governo, a de privatização dos Correios, que vai impactar diretamente na vida das pessoas, inclusive porque desistiram de vender aos poucos, de colocar os Correios no mercado de capitais. Simplesmente resolveram entregar 100% dos Correios em um leilão, muito provavelmente a preço de banana. É de uma tristeza muito grande tudo isso que está acontecendo”, completou Marília Arraes.

Bolsonaro “fanfarrão”

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) destacou que, nesse pequeno recesso, acompanhou os desatinos do Bolsonaro, atacando as instituições democráticas, as eleições, ferindo a democracia. “Bolsonaro continua atacando este País, a confiabilidade da urna eletrônica e obrigando cada vez mais pessoas a realizarem manifestações nas ruas em defesa da democracia. E ele mais uma vez tem que provar fraudes, mas não provou nada. É um fanfarrão”, criticou.

A deputada enfatizou que a postura de Bolsonaro preocupa quem defende a democracia e o povo brasileiro. “Nós estamos sendo incomodadas com isso. Em vez de cuidar de mais de 557 mil pessoas mortas pela pandemia, ele está cuidando da sua eleição, fazendo campanha todos os dias e todos os momentos, apesar do desemprego, da carestia, da fome que avança no nosso País. E a retomada da economia, tão dita por ele, esbarra nos interesses do mercado financeiro”, lamentou.

Também se manifestaram em plenário a deputada Erika Kokay (DF) e os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP), Carlos Veras (PE), Frei Anastácio (PB), João Daniel (SE), Jorge Solla (BA), Joseildo Ramos (BA), Leo de Brito (AC), Odair Cunha (MG), Paulão (AL), Paulo Pimenta (RS), Reginaldo Lopes (MG), Vicentinho (SP) e Zé Ricardo (AM).

Vânia Rodrigues

 

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