O deputado Paulão (PT-AL), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria (CDHM) da Câmara, em pronunciamento na tribuna, cobrou do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma nota oficial contra o posicionamento do general do Exército Antônio Hamilton Mourão, que defendeu recentemente uma intervenção militar no País. “Isso é muito grave para a democracia. Esta Casa deveria ter a altivez de o presidente da Câmara, via Mesa Diretora, emitir uma nota em relação a essa posição desastrosa do general Mourão, que não respeita a democracia”, argumentou.
Durante palestra em um evento da Maçonaria, em Brasília, na última sexta-feira (15), o general Mourão disse que os militares poderiam intervir para solucionar a crise política existente no País. “Mais uma vez a democracia recebe essa notícia bastante estarrecida, não só no Brasil, no mundo. A declaração do general, de uma forma explícita, fazendo o fazendo apologia ao período da ditadura Militar (1964 a 1985).
Paulão destacou que as novas gerações brasileiras, felizmente, não conheceram a ditadura e lembrou que até hoje existem pessoas cujos corpos não foram encontrados. Ele citou como exemplo o desaparecimento do advogado e jornalista Jayme Miranda. “Várias pessoas tiveram suas famílias desagregadas. Diferente de vários países que fizeram uma depuração aprofundada, como foi o caso da Argentina e do Uruguai, não fizemos o mesmo no Brasil porque o processo de anistia geral e irrestrita foi realizada para os torturadores, e não para os torturados e suas famílias”.
O presidente da CDHM lamentou o fato de ainda existirem pendências na Comissão de Anistia, que tramita “a passo de tartaruga” no Ministério da Justiça, principalmente com o atual ministro.
Aval – O deputado Paulão considerou também grave, no caso das declarações do general Mourão, o aval que ele recebeu do comandante do Exército, o também general Eduardo Villas Bôas. “Ele (Villas Bôas), dá uma declaração de aval a seus subordinados, mesmo tendo uma contradição porque o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, colega Parlamentar que no passado foi integrante do Partido Comunista Brasileiro, hoje PPS, uma pessoa que se diz defensor da democracia, disse que era necessário tomar medidas cabíveis e rápidas. No entanto, o que prevaleceu, foi a posição do general do Exército”, criticou.
Também da tribuna, a deputada Erika Kokay (PT-DF) refutou a defesa de intervenção militar feita pelo general Mourão. “É um absurdo, uma pessoa com alta patente do Exército prega a ditadura militar e não é repreendido. Ao contrário, é acolhido pelo comandante do Exército que afirma: está correto prever a intervenção militar”, lamentou.
Erika criticou ainda o silêncio do ministro Jungmann que anunciou que iria exigir um reposicionamento do general Mourão. “Ele se cala. Absurdo”, concluiu.
Vânia Rodrigues