Parlamentares repudiam atos antidemocráticos convocados por Bolsonaro

Povo brasileiro não quer conflito, mas sim, o impeachment urgente de Bolsonaro. Foto: Lula Marques/Arquivo

Os atos antidemocráticos convocados pela base bolsonarista para este 7 de setembro são repudiados, em plenário, pelos parlamentares da Bancada do PT na Câmara. O deputado Paulão (PT-AL), em pronunciamento na tribuna virtual, nessa quarta-feira (25), afirmou que presidente da República, em vez de tentar trabalhar o dia 7 de setembro como uma data histórica, “quer criar conflito, caos, confusão”.

Paulão citou duas declarações divulgadas hoje em toda imprensa brasileira. “Uma delas é um ex-deputado federal, com quem tive a oportunidade de conviver, que é o coronel Alberto Fraga, que tinha uma relação até histórica e política com o presidente Bolsonaro, mas parece-me que houve um afastamento. Ele diz de forma clara, até pela experiência que tem – ele foi um dos autores da criação da bancada de segurança na Câmara Federal. Ele disse que não haverá tumulto no dia 7 de setembro, lembrando que as Polícias Militares têm hierarquia, e os comandantes maiores das Polícias Militares são os governadores. É muito importante fazer esse destaque”, enfatizou.

A outra declaração feita hoje – Dia do Soldado – citada por Paulão é a do Comandante do Exército, o general Paulo Sérgio, que afirmou que um dos princípios do Exército brasileiro e das Forças Armadas é a defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais. “Isso é muito importante mesmo”, frisou o deputado. Ele ainda acrescentou que “o que norteia esta Casa, independentemente de ser oposição ou situação, esquerda ou direita, é a defesa da democracia. “A defesa do Estado Democrático de Direito é questão central que não podemos abrir mão. Chega de aventuras que possam colocar em xeque a nossa democracia”, reforçou.

Deputado Paulão (PT-AL) – Foto: – Pablo Valadares-Câmara dos Deputados

Convocações golpistas

O deputado Frei Anastácio (PT-PB) destacou que o feriado de 7 de setembro era uma data a ser lembrada e comemorada, era uma data festiva. “Este ano, no governo Bolsonaro, as convocações golpistas com ameaças à democracia estão assustando o povo de bem. Os vídeos e mensagens de convocação para as manifestações já são, em si, um atentado à democracia, porque seu conteúdo incita a população a apoiar a promoção do golpe no País”, denunciou.

Frei Anastácio observou que são fundamentalistas brasileiros se manifestando, como os talibãs, travestidos de verde e amarelo. “E tudo isso em nome da conspiração fantasiosa que serve de cortina de fumaça para o fracasso do governo Bolsonaro. Este Governo é um projeto falido. Tenta manter o poder através do autoritarismo, de uma tentativa de golpe. Mas a democracia não será vencida”, garantiu.

Frei Anastácio. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputado

Grito dos excluídos

Na avaliação da deputada Erika Kokay (PT-DF), nós estamos vendo um acinte neste País. “Nós estamos vendo que há uma convocação para se atacar as instituições no dia 7 de setembro, num governo que talvez carregue uma das marcas mais nítidas do seu antipatriotismo. Um governo que queima as matas e devasta a Amazônia. Um governo que destrói a educação e coloca um ministro da Educação que diz que as crianças e os alunos e alunas com deficiência atrapalham. Quem atrapalha, seguramente, é ele o desenvolvimento da própria educação”, criticou.

Erika citou ainda que esse é um governo das privatizações, do ataque à cultura. “Isso é verde e amarelo. Portanto, este governo que aí está fere o patriotismo brasileiro, a Nação e qualquer condição ou viés de soberania”, criticou a deputada, lembrando que o 7 de setembro é para que se possa homenagear o povo brasileiro, que passa fome nesse momento, que vive um desemprego e uma inflação recordes e que chora quase 580 mil pessoas que se foram. “Portanto, o dia 7 de setembro é o grito dos excluídos, em defesa e por amor a este Brasil.

Deputada Erika Kokay. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Tentativa de intimidação

Na avaliação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, feito pelo presidente Jair Bolsonaro, é uma tentativa de intimidar a Suprema Corte, como já ocorreu com o Tribunal Superior Eleitoral. “Portanto, tudo aquilo que contraria a vontade do presidente da República ele ataca. Com aquele desfile de tanques no dia da votação do voto impresso, a dúvida é se ele tentou atingir o Supremo, ou se ele buscou atingir a Câmara dos Deputados, ou se buscou atingir ambos”.

Arlindo Chinaglia fez questão de cumprimentar o ministro Moraes e demais ministros do STF pelas suas atitudes em defesa da democracia. “Creio que esta reação em defesa da democracia é um dever. Por isso é que não nos mete medo essa comemoração do 7 de setembro, que deveria ser em defesa dos valores democráticos, em defesa de um Brasil desenvolvido, em defesa de um Brasil civilizado. Não! A convocação está eivada de violência”, criticou.

O deputado ainda fez uma referência à carta que o Comandante do Exército fez no dia de hoje, Dia do Soldado. “Ele – o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – fala com todas as letras: ‘A defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem são, portanto, o farol que orienta o contínuo preparo e o emprego da força terrestre’”.

Deputado Arlindo Chinaglia. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Democracia vilipendiada

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) destacou que alguns estão chamando as pessoas para o ato do dia 7, fingindo que estão defendendo o País, “mas, na verdade, estão atacando, vilipendiando a democracia brasileira, as instituições”. E o que é pior, segundo o deputado, “com o incentivo do Planalto, do presidente da República, que agride, ofende, desde o primeiro dia do seu governo”.

Alencar alertou que a situação está cada vez pior, pois, quanto mais acuado Bolsonaro estiver, quanto mais derreter na opinião pública, “mais ameaçador” será o presidente, porque é o que ele conhece, é o que ele sabe. “Afinal de contas, ele mesmo disse que não nasceu para ser presidente. Portanto, vai continuar estimulando isso”.

Para o deputado do PT paulista, o que não se pode aceitar é que este Parlamento não reaja a isso, achando que é uma brincadeira, que é coisa de maluco. “Ele pode até ser maluco, mas usa a maluquice em torno de uma estratégia muito perigosa a todos nós. E se torna importante também o acompanhamento dos órgãos de Justiça, do Supremo Tribunal Federal, em especial, para conter qualquer tentativa outra”.

Alencar Santana sugeriu ainda que, as pessoas que, de fato, querem defender a democracia, querem defender o povo brasileiro, querem defender o Brasil e são patriotas, devem condenar o governo que aí está. “Devem se juntar, na verdade, no dia 7 de setembro, no ato Fora, Bolsonaro! Isso, sim, é um ato patriótico. Isso, sim, é um ato de quem defende o Brasil, porque está defendendo os interesses do povo brasileiro”, completou.

Deputado Alencar Santana. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Pacto para dialogar

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), ao defender a democracia, citou o encontro dos governadores, no qual foi feito um pacto para dialogar com as instituições da República brasileira, principalmente aquelas que não estão aparelhadas pelo governo federal, “para reagirem em defesa da democracia, pelo desenvolvimento econômico e contra uma real nova ditadura que o presidente Bolsonaro quer instalar neste País”.

Benedita citou também que muitos policiais estão sendo assediados por agentes bolsonaristas para estarem no 7 de setembro ou para irem a esses movimentos de apoio ao presidente da República. “É preciso construir um diálogo com os demais Poderes da República. É isso o que os Governadores fizeram. É preciso superar este clima de instabilidade política, artificialmente criado pelo presidente. Desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com seus modos, é o que Bolsonaro tem feito. E nós estamos aqui junto com os governadores, junto com a sociedade, junto com parte da mídia e o povo brasileiro porque estamos ansiosos por democracia, por paz e por desenvolvimento”, afirmou.

Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Vânia Rodrigues

 

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