Parlamentares do PT repudiam violência do Exército que resultou na morte de músico no Rio

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) manifestou em plenário a sua indignação com a violência ocorrida na capital do seu estado no último domingo (7), que terminou com a morte do músico Evaldo dos Santos Rosa. “Todos os dias morre alguém, principalmente negro. Foi uma barbaridade o que o Exército fez ao disparar 80 tiros contra uma família que ia para um chá de bebê. Não havia outro carro a não ser o dessa família, e o pai levou 80 tiros. Pensem bem! Você, indefeso, sem arma nenhuma, está com a sua família dentro de um carro, e o Exército atira”, protestou e pediu punição para o ocorrido.

Benedita relatou que a mulher de Edvaldo pediu que socorressem o marido. “Não atenderam. Um rapaz que estava perto e foi atender, foi prestar socorro, levou um tiro e morreu também. Isso é um absurdo! O papel do Exército é outro, não é esse. Um homem foi morto. Sua família está apavorada”.

A deputada rebateu a nota divulgada pelo Exército de que houve um confronto. “Não poderia ser com aquele homem, que estava com a família dentro do carro. Depois, reconheceu-se que houve um engano, eles pensaram que o carro do músico era o de um bandido que já tinha feito um enfrentamento com a polícia, com o Exército. Mas foi o Exército. Havia, na área, um quartel do Exército. Então, foi proposital”, denunciou.

É preciso mudar a postura da segurança pública no Brasil

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) também manifestou indignação com o fuzilamento do músico Evaldo dos Santos Rosa e exigiu justiça. “Na verdade, é preciso mais do que justiça, nós também temos que exigir uma mudança em definitivo da postura das forças de segurança pública no Brasil, e, em especial, do Exército brasileiro”, defendeu. Evaldo, reforçou o deputado, foi executado com 80 tiros na frente de um menino, um filho de 7 anos. “É de causar indignação. Nós precisamos mudar a postura”, reforçou.

Na avaliação do deputado, é preciso fazer legislações modernas, do século XXI. “Refiro-me a esta Casa aqui, que realizou a CPI de violência contra jovens, negros e pobres. Nós apresentamos uma proposição legislativa (PL 2.439/2015), que trouxe para esta Câmara o que há de mais moderno sobre o uso progressivo da força”. Ele citou um manual que a ONU criou para todos os países enfrentarem e terem uma nova postura no campo da segurança pública, que é a postura da aproximação, da relação comunitária, regulamentando todo o exercício da profissão dos agentes de segurança pública.

“Não ao que o ministro Sérgio Moro [Justiça] propõe: carta branca para matar, autorização para executar”, frisou Reginaldo Lopes. Ele ainda avaliou que a violência ocorrida no Rio no domingo “deve ser consequência desse projeto anticrime, que está levando as forças de segurança pública a fazerem esse tipo de execução”. O deputado conclui fazendo um apelo para que presidente da Câmara, Rodrigo Maia, paute imediatamente o PL 2439.

“O Estado não pode se equivocar”

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) também fez coro com a indignação da deputada Benedita e com o deputado Reginaldo Lopes. “Não cabe ao Estado brasileiro se equivocar e, através das suas Forças, se envolver com 80 tiros, matando um cidadão de bem, sem nenhum antecedente. Duvido que aqui tenha uma voz sequer que possa se levantar de maneira favorável a esse acontecimento no Rio de Janeiro”, desafiou.

“Tristeza com o Estado brasileiro promovendo esse crime, fomentando a insegurança, tristeza com o despreparo das Forças Armadas. Não podemos ficar silentes. Isso envergonha o nosso País neste momento em que se dissemina o ódio na sociedade brasileira” completou o deputado Joseildo.

Ao lamentar o fuzilamento do músico Evaldo, o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), condenou a violência e cobrou do ministro Sérgio Moro a palavra que ele deu de que cuidaria da Segurança do Brasil. “Deu a palavra, mas não está cuidando da segurança do nosso País”, lamentou o deputado. Ele citou que além do fuzilamento no Rio, o episódio ocorrido em uma escola de Guarulhos, quando um policial entrou na escola com escopeta e empurrou uma estudante de 16, 17 anos com essa escopeta, chocou o Brasil.

Vânia Rodrigues

 

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