Nos últimos dias, o Brasil tem vivido uma alta nos casos da Covid-19 e já ultrapassou mais de 203 mil mortes causadas pelo vírus. Apesar disso, o Ministério da Educação mantém a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 para os próximos domingos (17) e (24). Os parlamentares da Bancada do PT na Câmara reivindicam a suspensão do calendário do exame e a construção de um planejamento participativo e democrático para a definição das novas datas das provas.
Para o coordenador do Núcleo de Educação da Bancada do PT no Congresso Nacional, deputado Waldenor Pereira (BA), existem dois principais motivos para que o exame seja adiado. Em primeiro lugar, o parlamentar destacou que durante a pandemia ficou comprovado que mais de 50% dos estudantes brasileiros, especialmente aqueles oriundos da escola pública, não tiveram acesso à internet. “A realização do Enem na data estabelecida pelo Ministério da Educação no próximo dia 17 vai ampliar as desigualdades educacionais”, denunciou.
E Waldenor ainda lembra que o coronavírus no Brasil está em fase de ascensão novamente. “O País está passando por um momento muito crítico de ampliação do contágio do coronavírus. Portanto, a realização de um exame, com a participação de quase 6 milhões de estudantes, indiscutivelmente contribuirá com a ampliação desta pandemia que volta a aterrorizar o povo brasileiro e porque não dizer de todo o mundo em razão da sua ampliação no número de casos e óbitos, inclusive com várias mutações já confirmadas e identificadas” explicou o deputado petista.
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) defende que o PT entre na Justiça para que o Enem seja adiado. “É preciso mobilizar as autoridades nacionais e a população. Não é possível, com a pandemia em alta, fazer a exposição de mais de cinco milhões de jovens que podem ser vetores de transmissão do vírus”, ressaltou.
Recursos judiciais
Segundo Waldenor Pereira, o Núcleo de Educação do Partido dos Trabalhadores, que congrega senadores e deputados, resolveu não só assinar a Nota das Bancadas do PT na Câmara e no Senado em defesa do adiamento do Enem – divulgada nesse domingo (10) -, como dar entrada em recursos judiciais para o adiamento, mais uma vez, da realização das provas do Enem neste ano.
Vale destacar que na última sexta-feira (7), a Defensoria Pública da União (DPU), junto com a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e as entidades Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Educafro, pediram à Justiça o adiamento das provas.
Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC) é preciso ter “sensatez e responsabilidade” principalmente no momento em que o Brasil vem enfrentando o aumento dessa grave crise sanitária. “5,8 milhões de jovens iriam se aglomerar ou vão se aglomerar se acontecer o Enem agora em janeiro”. O Parlamentar destacou que o Governo Federal precisa adiar a data da realização do Enem e somente realizar a prova após a vacinação do povo brasileiro e, principalmente, dos próprios estudantes. “Por isso que nós defendemos o adiamento”, afirmou.
Uczai deixou claro que a mobilização dos estudantes, da UNE, da UBES, dos profissionais da educação, do Fórum Popular e de todas as grandes entidades Nacionais ligadas a educação farão a diferença para que seja impedido a realização do Enem neste momento. “As nossas bancadas no Senado e na Câmara também estão se movimentando para buscar juridica e politicamente a transferência da realização do Enem. Cuidar da educação, cuidar da vida essa é a síntese que nós defendemos”, assegurou Pedro Uczai.
Pesquisa
Em uma pesquisa realizada em junho do ano passado, realizada pelo próprio MEC, a maioria dos estudantes inscritos no Enem 2020 optaram pela realização da prova em maio de 2021. Para 49,7% dos estudantes, o Enem impresso deve ser aplicado em 2 e 9 de maio de 2021 e o Enem digital em 16 e 23 de maio. 35,3% optaram por janeiro, com 392.902 votos; e 15% escolheram dezembro, 167.415 inscritos. Indo contra a opinião dos estudantes, a decisão de realizar o exame em janeiro de 2021 foi tomada pelo INEP/MEC em julho de 2020.
“O ENEM 2020 foi adiado. Fizeram uma enquete e os alunos votaram pedindo a aplicação das provas em maio, mas o governo ignora a vontade dos estudantes. Com o aumento dos casos e mortes, é absurdo aplicar uma prova nessa situação. Adia Enem!”, escreveu o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) em suas redes sociais.
Lorena Vale