O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) defendeu em plenário, nesta segunda-feira (17), que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol entreguem seus aparelhos celulares para esclarecer o vazamento de conversas entre eles – um juiz e o outro acusador – no processo que culminou com a condenação, sem provas, do ex-presidente Lula. As conversas estão sendo reveladas, desde o dia 9 de junho, pelo site The Intercept Brasil. Os diálogos entre Moro e os procuradores da Lava Jato, segundo Joseildo, mostram que foi quebrado o devido processo legal, que faz parte do Estado de Direito. “O juiz entrou em articulação direta com quem deveria oferecer acusações”, protestou.
Na avaliação de Joseildo, em um primeiro momento, aqui na Câmara, em vez de se enfrentar o mérito da questão, diversos deputados insistem em falar na escuta ilegal, no hackeamento. “Entretanto, já se tem notícia de que não houve hacker algum. Se quiserem esclarecer, tanto o Dallagnol quanto o próprio juiz, entreguem o seu celular, porque a Polícia Federal vai desvendar esse mistério”, insistiu.
Joseildo destacou ainda a “cara de paisagem” feita por Moro, no primeiro vazamento. “Depois, o então juiz revelou que podia ser efetivamente, ele, como agente das conversas que foram expostas. Num outro momento confessou, admitiu que deu um vacilo, e que orientou o Dallagnol. E, agora, eles estão reclamando de escutas ilegais. E quem foi que grampeou o escritório de advocacia de defesa do Lula? Quem foi que fez escuta ilegal da ex-presidenta Dilma quando conversava com o ex-presidente Lula?, indagou.
Artimanhas da “Vaza jato”
Na avaliação do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o Brasil todo está assistindo, com grande impacto, as revelações do site Intercept sobre as artimanhas que ocorreram por trás da Operação Lava Jato, que agora popularmente se conhece por “Operação Vaza Jato”, que demonstram cabalmente que o objetivo dessa operação era interditar a candidatura Lula. “Sérgio Moro, à época juiz, operou de forma clara para que houvesse uma articulação da Procuradoria da Polícia Federal e de vários órgãos para que houvesse a condenação do presidente Lula e, dessa forma, impedi-lo de ser candidato”, reforçou.
Ele destacou ainda o episódio do habeas corpus concedido a Lula, por um juiz do TRF 4. “Nesse dia Sérgio Moro estava em Portugal e fez se moverem céus e terras para que Lula continuasse preso e não pudesse fazer campanha” frisou. Ele citou também parte dos diálogos divulgados pelo Intercept, no qual Dallagnol fala claramente que Lula não poderia dar entrevista ao jornal Folha de S.Paulo porque isso poderia levar à vitória de Fernando Haddad. “Está claro e evidente que nós tivemos uma decisão de um setor da Justiça de interditar a candidatura de Lula, para impedir que ele voltasse a presidir este País”, denunciou.
Cinismo
Para Erika Kokay (PT-DF), “é de um profundo cinismo acobertar os crimes cometidos por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, dizendo que aqueles que pontuam os crimes e querem que haja o respeito ao devido processo legal são contra o combate à corrupção. Ela lembrou ainda que foram os governos Lula e Dilma que mais investiram para que a Polícia Federal tivesse condições de atuar efetivamente em tantas operações, para o fortalecimento do Ministério Público e para a construção de um arcabouço legal para enfrentar a corrupção.
“Agora, nós estamos vendo o rompimento do devido processo legal, o rompimento da lei da magistratura e, ao mesmo tempo, da própria Constituição, que fala da imparcialidade do Poder Judiciário. Nós estamos vendo o juiz combinar o jogo. Pasmem, o juiz seleciona o que deve ser investigado. O juiz já monitora a investigação, age como acusador e, ao mesmo tempo, usa um poder de selecionar o que deve ser investigado. Tem que se investigar tudo!”, protestou.
Erika Kokay afirmou ainda que quem desqualificou a Operação Lava Jato foi Sérgio Moro e Dallagnol, com esse “conluio feito no subterrâneo do Estado Democrático de Direito, onde a luz da democracia e da legislação não consegue atingir”. E lamentou: “Houve um conluio para prender Lula, para condená-lo sem provas e sem crimes”.
Vânia Rodrigues