O deputado Odair Cunha (PT-MG) usou a tribuna da Câmara, nesta quinta-feira (10), para fazer um apelo aos senadores para não aprovar a medida provisória (MP 1031/21), que viabiliza a privatização da Eletrobras, a sexta empresa mais lucrativa do Brasil, que transmite mais de 50% da energia brasileira, que tem uma enorme capacidade de contribuir para o desenvolvimento do Brasil, decisiva para a segurança energética, para a soberania do país. “O cenário hídrico brasileiro é o pior possível! Nós estamos pagando uma conta gigantesca neste momento em razão das baixas nos reservatórios, na geração de energia hidráulica no Brasil, por isso, é fundamental que o Senado não aprove essa MP”, argumentou.
Odair Cunha explicou que essa medida provisória não gera um watt novo para o parque de geração de energia elétrica brasileiro. “Ela simplesmente entrega a preço vil, preço, infelizmente, subestimado um patrimônio do povo brasileiro, e nós não podemos admitir”. O deputado acrescentou que essa medida provisória está na contramão da história, porque além de não gerar energia nova, de entregar o nosso parque hidráulico a estrangeiros, ainda vai aumentar a pressão econômica em cima dos reservatórios de energia elétrica. “Essa medida não poderia vir em pior hora”, protestou.
“Nós estamos falando de um momento que vivemos, em especial, nós que nos mobilizamos no entorno do Reservatório de Furnas, do Reservatório de Peixoto, para garantir a cota mínima, para garantir a geração de energia elétrica, mas garantir também as atividades do turismo, da agricultura, da piscicultura. Nós queremos garantir que haja cota mínima, a 663, no Largo de Peixoto, e a 762, no Lago de Furnas, para o uso múltiplo das águas, de acordo Política Nacional de Recursos Hídrico”, afirmou.
Pagar a conta mais cara
O parlamentar do PT mineiro criticou ainda o texto que foi aprovado pela Câmara no dia 19 de maio. Ele enfatizou que o relator da matéria, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), incluiu vários dispositivos no seu projeto de lei de conversão da MP que vai onerar ainda mais a geração de energia elétrica no Brasil. “Nós não podemos pagar essa conta novamente. Nós precisamos de geração de energia nova no Brasil, de diversificar a matriz energética brasileira e de colocar o BNDES para financiar essa diversificação – a geração de novos parques de energia eólica, solar, hidráulica, térmica –, e não colocar o BNDES para financiar e organizar a venda de um parque que já está amortizado, como é o caso do sistema Eletrobras”, criticou.
Vânia Rodrigues