Neste 31 de agosto, dia que se completa cinco anos do golpe que retirou do poder a presidenta Dilma Rousseff, eleita com 54 milhões de votos, parlamentares da Bancada do PT usaram a tribuna para repudiar esse vergonhoso capítulo da nossa história. “Com certeza, este é um dos capítulos mais tristes e vergonhosos da nossa história. Uma presidenta foi cassada sem cometer um único crime”, protestou o deputado Paulo Guedes (PT-MG). Ele avaliou que foi “aquele grande acordo do Congresso Nacional que abriu as portas para o ódio, para o bolsonarismo, para todo esse desastre que estamos vivendo: o desastre político, social e econômico”.
Segundo Paulo Guedes, o plano foi orquestrado. “O golpe contra a presidenta Dilma, a Lava Jato, a eleição de Bolsonaro, a prisão injusta contra o presidente Lula, tudo isso calculado e patrocinado pela elite do atraso que ainda manda e desmanda neste País”, lamentou o deputado, ao acrescentar que a verdade é que a classe dominante nunca engoliu a revolução social que o PT fez no Brasil.
“Graças às políticas sociais do PT, os jovens que nasceram pobres puderam chegar à universidade, mas, para a elite, a elite do mal, essa elite que não aceita dividir nada com ninguém — isso era impossível — vê o povo invadir seu espaço. É isto que essa elite nunca aceitou: ver o filho da empregada na universidade, ver o pobre, um trabalhador andando de avião. E foi isso que aconteceu nos Governos do PT, do presidente Lula e da presidenta Dilma”, afirmou.
Paulo Guedes ainda citou que nesses 14 anos em que o PT governou o País, foi promovida uma transformação social jamais vista, com tantos projetos e programas que geraram 22 milhões de empregos com carteira assinada no País, programas como o Mais Médicos; Minha Casa, Minha Vida; Água para Todos; Luz para Todos, Bolsa Família e tantos outros que deram dignidade ao povo brasileiro.
“Depois de tudo isso, em cinco anos de caos com a derrubada da Dilma, o desastre do Paulo Guedes, ministro da Economia, e do Bolsonaro só promoveu a fome e a falta de esperança neste País”, lamentou o deputado Paulo Guedes.
Quem quis o golpe também perdeu
O deputado Vicentinho (PT-SP) destacou que o País hoje, depois de cinco anos do golpe, “os golpistas, como Eduardo Cunha, estão presos, mesmo que em casa, o Michel Temer, golpista, está no ostracismo e a ex-presidente Dilma anda de cabeça erguida, carregada de dignidade”.
O meu diálogo hoje, continuou Vicentinho, é com aquelas pessoas, com grande parte do povo brasileiro, que vieram à Esplanada dos Ministérios apoiar o golpe e também a outra parte que elegeu o Bolsonaro. “Vocês, que quiseram o golpe, sabem que perderam quando lhes retiraram seus direitos na Previdência Social? Sabe que perderam quando retiraram seus direitos na Reforma Trabalhista? Vocês, que apoiaram o Bolsonaro, sabem muito bem que perderam entes queridos por responsabilidade do atual governo. Vocês, que fizeram pichação, que xingaram a Dilma, sabem muito bem que são vítimas deste processo destrutivo do Bolsonaro quando ocorre a entrega do patrimônio público para o grande capital estrangeiro, ferindo a nossa soberania e causando desemprego”.
Vicentinho citou ainda o desemprego que atinge 15 milhões de brasileiros que perderam o emprego. “Você que votou no Bolsonaro, que apoiou o golpe de cinco anos atrás, perdeu tanto a esperança de conseguir emprego que faz parte daquele grupo de 6 milhões de pessoas que estão desalentadas. E ontem, andando pelo centro da cidade de São Paulo, constatei a existência de milhares de pessoas que também votaram no Bolsonaro, pessoas na rua, dormindo ao relento, pegando marmita, pedindo esmola”, relatou.
Vicentinho concluiu que quem apoiou o golpe, quem apoiou o Bolsonaro, ainda tem tempo de se arrepender. “Sei que muitos já se arrependeram, mas quem ainda não, arrependam-se e venham para o retorno à perspectiva de um Brasil melhor”, convidou.
Honradez da Dilma e impeachment para Bolsonaro
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou o valor da presidenta Dilma, primeira mulher presidenta da República do Brasil. “Sua atuação como Presidenta da República foi impecável diante dos interesses do Brasil e do povo brasileiro, sobretudo, dos mais humildes, daqueles que mais precisaram da sua presença como presidenta da República. Ela não faltou ao povo brasileiro nem na luta contra a ditadura militar, quando jovem, nem posteriormente como presidenta da República eleita duas vezes”, citou.
Maria do Rosário disse ainda que a história registrará aqueles que abandonaram o Brasil, rasgaram a Constituição e cassaram um mandato digno, jogando o País num obscurantismo sem limite. “Sob a guia de um Eduardo Cunha, tivemos um golpe que fez refluir a democracia brasileira em vários sentidos. E hoje o Brasil está no mapa da fome. Hoje o País tem suas populações indígenas atacadas; seus trabalhadores e trabalhadoras desempregados; as mães de família, os país, sofrendo por não terem o que colocar na mesa e mais de meio milhão de pessoas perderam a vida em uma pandemia para a qual a vacina não chegou, porque o governo que aí está, o governo Bolsonaro, envolto em corrupção, não permitiu aos brasileiros e brasileiras salvarem suas vidas”, denunciou.
A deputada afirmou que essa irresponsabilidade dos atuais governantes tem a sua gênese naquele golpe contra uma presidenta que não cometeu nenhum crime, “tanto é que foi absolvida”. “E neste momento a presidenta Dilma merece de nossa parte o aplauso, o reconhecimento. E que fique também a nossa indignação. Porque a democracia não permite atalhos (…) É isto, a Câmara tem que encará-lo. Não é por que se fez lá atrás um impeachment ilegal que hoje, quando tantos crimes de responsabilidade estão colocados, a Câmara não cumpra o seu papel. É hora de cumprirmos o nosso papel. O impeachment é para uma hora como agora, não como foi no passado, até para que a Câmara consiga carregar com honradez as suas atribuições”, defendeu.
Brasil de Dilma X Brasil de Bolsonaro
O deputado Helder Salomão (PT-ES), ao falar do golpe, também fez questão de comparar o Brasil de Dilma com o Brasil de Bolsonaro. Ele recordou que em 2016 o barril do petróleo estava em US$ 76, hoje, o barril do petróleo está em US$ 74,39. O dólar era R$ 2,40, hoje, o dólar está a R$ 5,42. O litro da gasolina, do qual os bolsonaristas reclamavam muito, era R$ 2,90, hoje, está mais de R$ 7 em alguns estados, em alguns postos de combustíveis.
“Alguém deve estar se perguntando: por que a gasolina está cara? Por que o gás e o óleo combustível estão caros? É por causa do equívoco adotado por este governo que optou pela Política de Preços de Paridade de Importação, que é a metodologia de cálculo que vincula o preço do combustível brasileiro ao câmbio, ao dólar”, explicou, ao acrescentar que junto vem o aumento dos alimentos, da tarifa de energia, que já está na bandeira vermelha, nível 2. “Isso afeta a indústria, afeta o comércio, afeta as famílias!”, criticou.
“E este golpe, que já faz cinco anos, produziu foi este desgoverno que, em vez de matar a fome do povo e resolver o problema das vacinas, ataca os seus direitos. É isso que nós precisamos dizer para o Brasil: o golpe não foi contra uma presidente honesta apenas, o golpe foi contra os direitos do nosso povo, foi contra a riqueza e o patrimônio nacionais. O golpe foi para dar aos ricos e tirar dos mais pobres e dos trabalhadores. Por isso: Fora, Bolsonaro!”, defendeu Helder Salomão.
E o deputado João Daniel (PT-SE) registrou artigo se sua autoria sobre os cinco anos de golpe, hoje completos. “Foi aquele episódio triste da história do Brasil, o famoso impeachment da presidenta Dilma, mulher honrada, digna. Houve um golpe de Estado, que criou esse fantoche que está aí chamado Bolsonaro”, criticou. O deputado ainda defendeu o impeachment de Bolsonaro. “Ele precisa ser preso. Ele é uma pessoa que não respeita a democracia, é uma pessoa que ameaça as instituições, é uma pessoa que, no dia da independência do Brasil, ao invés de comemorar, chama para o confronto. Ele precisa de sangue, ele precisa de conflito porque não aguenta mais ouvir sobre o preço dos alimentos, os preços dos combustíveis, a inflação. Por isso, este presidente deve ser afastado imediatamente”, defendeu.
Vânia Rodrigues