Nesta quinta-feira (3), a comissão externa ouviu o vice-presidente do Carrefour no Brasil, Stephano Engelhard. Ele pediu desculpas pelo ato de violência que culminou com a morte do trabalhador negro. O deputado Helder Salomão (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), acompanhou o encontro.
“O Carrefour errou, o Carrefour falhou. Tem alguma coisa que não funcionou no Carrefour. Vou deixar isso bem claro para que não haja dúvidas. Pode ser uma empresa terceirizada, mas a responsabilidade é nossa”, disse Engelhard, de acordo com reportagem da Agência Câmara.
No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a Câmara dos Deputados criou uma comissão externa para acompanhar a investigação da morte do soldador João Alberto Silveira Freitas, conhecido pelos amigos como João Beto, que foi espancado até a morte, na véspera, por seguranças em uma loja da Rede Carrefour, em Porto Alegre (RS).
Logo após a morte de João Beto, o presidente da CDHM pediu prioridade na investigação do caso e a punição dos envolvidos. O documento foi enviado para Ranolfo Vieira Júnior, secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, e Fabiano Dallazen, procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul.
“É um homicídio trágico em um quadro sistêmico e intolerável. As imagens que circulam nas redes sociais são nítidas e mostram a absoluta desproporcionalidade nas agressões e indicam até mesmo a prática de tortura”, denunciou Helder Salomão.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que também participou do encontro, destacou que “não estamos buscando só uma resposta imediata. O que nós queremos ter certeza é de que esse crime, verdadeiramente um crime, não fique impune, e que a responsabilidade não seja verificada só sobre aquelas pessoas que têm a responsabilidade imediata e direta sobre o crime. Mas, realmente, sobre o que as empresas fazem”.
O presidente da comissão, Damião Feliciano (PDT-PB), afirmou que “nós, eu como coordenador, quero iniciar a fala dizendo que nós ficamos estarrecidos com o que aconteceu no Carrefour. E repito que não é uma peculiaridade só do Carrefour. Outras empresas cometeram atitudes semelhantes. Mas nós vamos aqui tomar como uma questão simbólica por ter tido a morte de mais um corpo negro”.
Stephano informou que a rede Carrefour já foi procurada por outras grandes empresas para a criação de uma campanha contra o racismo no País. Além disso, também estaria sendo feita uma auditoria em todas as atividades para identificar os problemas que causaram a morte de João Alberto.
Além de Damião Feliciano e Maria do Rosário, fazem parte da comissão externa as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Silvia Cristina (PDT-RO) e Áurea Carolina (PSOL/MG), e os deputados Vicentinho (PT-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Bira do Pindaré (PSB-MA).
Assessoria da CDHM