O vice-líder do PT na Câmara, deputado Alexandre Padilha (SP), afirmou em plenário nesta quinta-feira (21) que a proposta de Reforma da Previdência que foi apresentada ao Congresso Nacional não é uma reforma “é um crime contra a grande maioria do povo brasileiro”.
Padilha disse que até o presidente Bolsonaro, quando candidato, afirmou em visita ao Nordeste que fixar a idade mínima de 65 anos era um crime. “Estabelecer 65 anos como idade mínima é desconhecer que o Brasil é profundamente desigual. Se Santa Catarina tem expectativa de 78 anos, o Maranhão tem expectativa de vida de 70 anos, e, se formos ao estado de Santa Catarina, encontraremos também regiões com expectativa de vida de 65 anos”, citou.
Na avaliação do deputado Padilha, não é possível ter a mesma regra, nem os mesmos parâmetros, para as mulheres e para os homens. “Não esperava outra coisa de um governo que não reconhece a importância da mulher, a não ser mandar uma proposta como essa, que prejudica as mulheres. Desconhece a tripla jornada feminina em nosso País. Desconhece que, muitas vezes, as mulheres, assumindo a responsabilidade de cuidar da casa, de cuidar da família, acabam tendo ganho salarial menor. As mulheres no Brasil ganham em média 75% apenas do salário dos homens”, destacou.
Alexandre Padilha ponderou ainda que a reforma ataca os idosos, trabalhadores rurais, pensionistas e a grande maioria do povo brasileiro. “Qual trabalhador rural consegue comprovar 20 anos de contribuição e ter garantida essa contribuição?”, indagou. O deputado concluiu afirmando que a Bancada do PT não admitirá qualquer tramitação dessa proposta, antes que venha para o Congresso a proposta dos militares. “E vamos derrotar aqui esse crime”, frisou.
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) também fez referência à contradição de Bolsonaro em considerar, no mínimo, uma falta de humanidade estabelecer idade mínima de 65 anos enquanto era candidato, mas propor depois de eleito idade mínima de 62 anos para mulheres e de 65 anos para homens. “Por isso, eu venho aqui denunciar que a palavra de Bolsonaro não vale um risco na água. Toda essa história de honradez, de lealdade, de moral é só conversa para tentar enganar o povo trabalhador brasileiro, que se esfola a vida inteira no trabalho, para agora ter que pagar uma conta que não é sua”, criticou.
Para Natália Bonavides a reforma proposta é desumana. “E as mega dívidas perdoadas? E os lucros dos bancos, que não são taxados? Nós não vamos deixar que se penalizem os mais pobres. Por isso, nós vamos denunciar, sim, que a reforma é desumana, penaliza o povo trabalhador”, frisou. A deputada disse ainda que já sabia que o governo era desumano.
É inaceitável mexer no Benefício de Prestação Continuada
Também em plenário, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) criticou a proposta de reforma e afirmou que é inaceitável mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC). “É um absurdo passar para 70 anos a idade na qual um cidadão terá direito a um salário mínimo”, enfatizou. Pelas regras atuais os idosos em situação de vulnerabilidade conseguem receber o benefício aos 65 anos.
Para Valmir, é inaceitável ainda uma mulher trabalhadora rural ter que trabalhar mais 5 anos para ter direito a se aposentar. “Tudo isso nós vamos debater, mas não acredito que algum deputado ou deputada tenha coragem aqui nesta Casa de vir defender essas medidas porque o governo Bolsonaro não tem moral para tirar direitos do povo brasileiro”, afirmou.
O deputado Jorge Solla (PT-BA), também em plenário, mandou um recado para o governo e sua base aliada: “Por mais que vocês queiram meter a mão na Previdência do povo brasileiro, não vão conseguir”, e acrescentou que é até bom incluir os policiais militares nesse projeto. “É bom incluir porque a turma que não estava nem aí para a Previdência quando os policiais militares estavam de fora, agora está reclamando”, lembrou.
O deputado Solla chamou a atenção para o argumento de que é preciso mexer na aposentadoria do trabalhador para acabar com o déficit da Previdência. “Mas para cada trabalhador aposentado o governo coloca R$ 8 mil por ano. E para cada militar aposentado o governo gasta R$ 114 mil. Em quem tem que mexer para diminuir o déficit? No trabalhador, no pobre coitado, no trabalhador rural que vai ter que morrer na enxada sem aposentadoria?”, indagou.
Vânia Rodrigues