Não adianta Bolsonaro se vitimizar, ele não respeitou a democracia, afirma Gleisi

Gleisi e Lindbergh. Fotos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira (30), foi tema do discurso de vários deputados da Bancada do PT nesta segunda-feira (3). A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que Bolsonaro está inelegível porque não respeita a democracia, não respeita as instituições, não respeita as regras do jogo. “Quem não respeita as regras do jogo não pode continuar jogando”, defendeu.

Pela decisão do TSE, por 8 anos Bolsonaro não poderá concorrer às eleições. “Ele atentou contra as urnas eletrônicas, fez reunião para esclarecer sua posição, falou publicamente, atentou contra as instituições. Aliás, o Supremo Tribunal Federal foi uma das instituições prediletas do seu atentado. Fez verborragia, incitou a violência e incitou também ações golpistas durante todo o seu tempo na Presidência. Elegeu-se pelas regras da democracia e depois quis não respeitar essas regras, ou quis perpetuar-se, ficar no poder exatamente indo contra essas regras. Por isso ele não podia continuar”, argumentou Gleisi Hoffmann.

A presidenta do PT foi taxativa: “Não adianta Bolsonaro se vitimizar. Como ele não respeitou as regras, não pode continuar jogando”. Na sua avaliação também não adianta Bolsonaro ou os bolsonaristas falarem que Lula ou que o PT não respeitam a democracia. “Nós participamos do processo eleitoral desde 1989, ganhando ou perdendo. Aliás, quando perdíamos, íamos para casa lamber nossas feridas e nos preparar para as próximas eleições”, observou.

Gleisi Hoffmann enfatizou que a esquerda nunca foi um risco para a democracia nem no Brasil nem no continente latino-americano. “Aliás nem a esquerda nem a direita; quem é risco para a democracia no nosso continente, no nosso País e no mundo é a extrema direita. É a extrema direita que se baseia no fascismo. É a extrema direita que atenta contra as regras democráticas. Por isso a decisão do Tribunal Superior Eleitoral foi pedagógica, foi educativa. Quem não respeita as regras não pode continuar no jogo”, reiterou.

E isso, segundo a presidenta do PT, não vale só para Bolsonaro. “Existem muitos colegas nesta Casa que não respeitam as regras do jogo também e que, aliás, estão fazendo parte dos inquéritos que correm no TSE e no Supremo Tribunal Federal. Esses colegas também têm que responder por seus atos. Se eles não respeitam as regras pelas quais foram eleitos, eles não podem continuar onde estão”, sentenciou.

Gleisi disse ainda que espera que o Judiciário brasileiro seja firme, forte e responsabilize todos aqueles que pensam como Bolsonaro, que agiram e que, por palavras, por ações, atentaram contra o processo democrático. “E a melhor responsabilização é eles não estarem mais no jogo”, resumiu.

Outros julgamentos

Para o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), a inelegibilidade de Bolsonaro é só o começo. “Existem muitos outros julgamentos que vão acontecer, e Bolsonaro, além de inelegível, na minha avaliação, vai ser preso. Primeiro, é importante dizer que essa decisão do TSE, o ministro Benedito Gonçalves, relator da ação que tornou Bolsonaro inelegível, enviou a decisão ao Tribunal de Contas da União e enviou também para o Supremo Tribunal Federal. Vai haver uma investigação criminal. Eu vi bolsonaristas comemorando, dizendo que em 2030, Bolsonaro pode ser candidato. Não vai ser. Porque ele vai ser julgado pelo Tribunal de Contas da União, uma tomada de contas especial. Vai ficar inelegível até 2031 ou 2032”, afirmou.

Ainda na avaliação do deputado, o problema de Bolsonaro não é só na questão do TSE. Ele destacou que lá naquela corte o ex-presidente tem 15 julgamentos previstos para o próximo período. “É que ele tem cinco já no Supremo Tribunal Federal. Sabe quanto é que dá de pena se ele for condenado nesse cinco? Mais de 60 anos”, afirmou e ressalvou que aqui no Brasil qualquer pessoa só pode ser presa por 30 anos.

“Mas tem mais”, informou Lindbergh, lembrando que ainda está para chegar no STF um inquérito que vai dar muita dor de cabeça ao ex-presidente Jair Bolsonaro: “é o que envolve o tenente-coronel Mauro Cid, aquele ajudante de ordens, o faz-tudo do Bolsonaro, porque pegaram depósitos financeiros, organizados pela equipe de Mauro Cid, nas contas dos familiares do Bolsonaro”.

Lindbergh ironizou o desânimo dos parlamentares bolsonaristas. “Eu consigo entender. Não foi só o julgamento do TSE. É tudo o que está por vir. Tudo o que está por vir no Supremo Tribunal Federal; e o pânico deles com o ministro Alexandre de Moraes, porque o ministro, quando quebrou o sigilo dessa turma inteira do Palácio do Planalto – o sigilo do WhatsApp telemático – ele pegou muita corrupção, que vai aparecer cada vez mais, e levará Jair Bolsonaro à prisão. Esse é o fim desse ex-presidente que afundou o Brasil”, finalizou.

Os deputados Tadeu Veneri (PT-PR) e Rogério Correia (PT-MG) também discursaram sobre a inelegibilidade de Bolsonaro. “Inelegível. Isso o Brasil inteiro ouviu e repetiu em todos os lugares. Inelegível é aquele que talvez nunca devesse ter sido eleito. Mas eleito foi, tramou contra a democracia, fez tudo que podia para destruí-la, criou mecanismos que nós sabemos serem ilegais. Agora o primeiro passo foi dado: está inelegível. Os próximos, o Tribunal de Contas da União é que dirá”, afirmou Veneri.

E o deputado Rogério Correia observou que depois do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, em que o “inominável” se tornou inelegível, o povo brasileiro desistiu de Bolsonaro. “Nós não vimos atos, não vimos rebelião, não vimos manifestação. Nem choro ouvimos direito, embora o choro seja livre”, ironizou. O deputado acrescentou que o “inominável” permanece inelegível. “E não adianta tentar agora jogar no tapetão, com anistia inconstitucional a Bolsonaro. Aliás, poucos assinaram esse projeto de lei. Então, real e felizmente, o povo brasileiro desistiu da ultradireita. Foram 4 anos de muito terror que o Brasil sentiu”.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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