O discurso do presidente Lula na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (19), repercutiu na tribuna da Câmara. Parlamentares da Bancada do PT destacaram o retorno histórico de Lula, 14 anos depois, na abertura do encontro mundial. Eles destacaram, principalmente, o pedido do presidente brasileiro de indignação com a fome, a pobreza, a guerra, e o desrespeito ao ser humano, além da defesa de um trabalho conjunto para superar as desigualdades no mundo.
O deputado Padre João (PT-MG) relembrou que esta é a oitava vez que o presidente Lula abre a Conferência da ONU. “Assim o fez em 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e agora em 2023. E com profetismo, porque ele denuncia as mazelas e até mesmo a omissão da ONU, mas dá também diretrizes, anuncia o que deve ser feito. Ele é firme quando ele diz da urgência do combate à fome. E, quando ele fala isso, fala com autoridade, porque foi ele quem tirou o Brasil do mapa da fome. Então ele coloca como pauta prioritária e ainda diz que é preciso avançar por uma agenda global para o combate à fome”, afirmou.
O mundo, citou Padre João, tem quase 800 milhões de pessoas que não têm o que comer. “Isso é o maior flagelo, é uma vergonha para a humanidade, assim diz o presidente Lula. É preciso, antes de tudo, vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural”.
Padre João destacou que Lula também aponta diretrizes em relação à própria geopolítica. “Ele é firme no combate ao racismo, à intolerância e à xenofobia, que se alastraram, às vezes, incentivadas por tecnologias e até por Chefes de Estado, como foi o ex-presidente [Bolsonaro] aqui”.
O deputado citou ainda que Lula fala da importância da preservação da Amazônia, diz que é fundamental preservar a liberdade de imprensa e reitera que não haverá sustentabilidade, nem prosperidade sem paz e, ainda, “que os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana”.
Protagonismo internacional
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), ao comentar o discurso do presidente Lula, afirmou que o Brasil voltou a ser um grande protagonista internacional, “diante dos desafios que nós temos aqui no Brasil e também dos desafios que são planetários — enfrentar a crise climática, que provoca eventos extremos, como os que nós estamos vendo no Rio Grande do Sul, na Síria, e como o que vimos recentemente no litoral norte de São Paulo, que vão ser mais frequentes, mais intensos, e que atingem, em especial, a população vulnerável no mundo todo”.
Nilto Tatto disse que é preciso buscar caminhos para produzir os bens e serviços que nós humanos precisamos, mas com um cuidado maior com a natureza. “Precisamos reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que provocam essas catástrofes”, defendeu.
Na ONU, citou Nilto Tatto, o presidente Lula chamou todos à responsabilidade e à atenção para o fato de que todos os Países, independentemente de serem desenvolvidos ou em desenvolvimento, precisam fazer alguma coisa, e que aqueles que mais contribuíram para “chegarmos a essa situação, de risco para a vida no planeta, precisam pagar a conta”, precisam contribuir mais para o enfrentamento desses desafios. “Por isso que é preciso aportar recursos e tecnologias para que os países em desenvolvimento não trilhem o mesmo caminho que levou a essa situação de risco para a própria vida em todo o planeta. E a nossa alegria é o presidente Lula ir lá e colocar que nós precisamos entrar numa outra era de relacionamento com o meio ambiente”, comemorou.
Estadista
Na avaliação do deputado Helder Salomão (PT-ES) o discurso do Lula foi o pronunciamento de um estadista. “Lula, ao se pronunciar nas Nações Unidas, apresenta-se como um líder mundial, como um estadista e destaca-se por sua liderança junto a outros países. E essa liderança pode ser medida não só pelo discurso extraordinário feito hoje pelo presidente Lula, mas também, aliás, mede-se a relevância da participação de um presidente num evento como esse pelas reuniões bilaterais, pela importância que outros países dão à presença de um Chefe de Estado”.
Helder Salomão lembrou ainda como importante os temas citados por Lula em seu discurso, entre eles: mudanças climáticas; combate às desigualdades no mundo; conflitos armados; e omissão de organismos internacionais em relação às mudanças climáticas e ao combate às desigualdades no mundo.
“O Lula não apenas citou esses problemas, mas cobrou, e mostrou que é, de fato, um estadista e uma liderança mundial, que tem capacidade de colocar o Brasil em uma situação de protagonista em relação ao debate e às possíveis soluções para esses temas que são tão caros ao Brasil, à América do Sul, ao continente americano, mas também a todos os continentes do mundo”, observou. Helder Salomão reiterou que o Brasil volta a ter protagonismo internacional, depois de 4 anos absolutamente isolado sem conseguir conversar com ninguém.
O Brasil voltou
Ao elogiar o discurso do presidente Lula, o deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que o Brasil voltou. “Foi exatamente isso que nós vimos no pronunciamento do nosso presidente. E ele pôde fazer isso com dados. Ele não está sequer há 1 ano governando o Brasil, mas apresenta dados muito superiores até aos que os mais otimistas esperavam”, afirmou. Ele relembrou que quando Lula assumiu, falava-se que o PIB não cresceria 1% no Brasil. Hoje o próprio mercado já fala em um crescimento de 3%, e o governo já acredita num crescimento do PIB de 3,2%. O deputado citou ainda que a taxa de emprego com carteira assinada cresceu no País e o valor do salário mínimo passou a ter aumento real acima da inflação.
Lula, continuou Rogério Correia, disse na ONU que os dez maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. “Ele não se esquece dos pobres. Ele não foi à ONU apenas para jogar pérolas nos países centrais do capitalismo, mas que acentuam cada vez mais a desigualdade. Pelo contrário, Lula foi falar na igualdade, foi falar no acesso à saúde, foi falar que nós não podemos sucumbir às doenças que já poderiam ser erradicadas”.
Rogério Correia mencionou ainda que Lula falou da democracia no Brasil, que foi vencida apesar da tentativa de golpe “feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e todos aqueles que não apostaram no processo democrático brasileiro”. E lembrou que a missão que nós temos agora é unir o País, fazer do Brasil um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre. Não um país do ódio, das tentativas golpistas, mas “um país que volta a dar a devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais”.
Desigualdade no mundo
O deputado Paulão (PT-AL) considerou como tema principal apresentado pelo presidente Lula a desigualdade no mundo, a fome. “É necessário que os países mais ricos compreendam e coloquem em pauta como prioridade. É importante que o mundo tenha tecnologia, é importante que haja avanços em todas as áreas. Mas se não combater a desigualdade e a fome não está cumprindo seu papel”, alertou.
Paulão acrescentou que Lula é esse grande estadista que discute a desigualdade social, mas discute também o meio ambiente, as questões climáticas. “Ou seja, a grande pauta do mundo. Por isso, ele tem esse reconhecimento em nível internacional”, completou.
A deputada Ana Paula Lima (PT-SC) e o deputado Bohn Gass (PT-RS) também destacaram a importância do discurso histórico do presidente Lula hoje na ONU.
Vânia Rodrigues