O deputado Merlong Solano (PT-PI) denunciou em plenário, nesta quarta-feira (22), que o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) paralisou a produção de radiofármacos e radioisótopos, remédios e insumos utilizados no tratamento de vários tipos de câncer, de algumas doenças cardíacas e também de epilepsia. Ele citou que são cerca de 2 milhões de pessoas que ficam com a sua vida comprometida, assim como toda a rede de medicina nuclear, porque esse segmento não pode trabalhar com estoques grandes. Os remédios se deterioram rapidamente porque os elementos são radioativos. Então, é um setor que precisa de cuidado permanente.
“Por que parou a produção? É porque os funcionários estão em greve? Não, é porque o órgão sofreu um corte de 46% no seu orçamento”, denunciou. Merlong Solano explicou que o Ipen precisa de R$ 89 milhões para resgatar a sua capacidade de produção e pagar os insumos importados que utiliza para produzir os remédios e insumos de que a indústria do tratamento do câncer no Brasil precisa para manter a vida de nossos cidadãos. “Então, é importante que tomemos aqui uma iniciativa no sentido de resolver o problema. Não dá para um país que tem um orçamento de R$ 4,3 trilhões ter um setor estratégico como esse paralisado por causa de R$ 80 milhões. Precisamos tomar uma iniciativa”, defendeu.
Merlong disse que a iniciativa privada produz uma parte destes medicamentos, mas por um preço muito maior. Ele disse ainda que esses remédios podem ser importados, mas isso exige tempo e é muito mais caro. “Portanto, o caminho mesmo permanente é o do resgate da capacidade de produção do Ipen”, reforçou, ao citar que tramita na Casa o PL 16/21, que coloca recursos para o Ipen, “embora não na quantidade necessária”, ponderou.
O projeto destina R$ 34 milhões para o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. “Entendo que nós, da Câmara dos Deputados, — o próprio Congresso Nacional — devamos tomar uma iniciativa para colocar os recursos que o Ipen precisa para resgatar a capacidade de atendimento do povo brasileiro numa área tão nervosa, tão vital quanto essa do tratamento do câncer”, defendeu.
O deputado indagou o que aconteceria no Piauí e no Maranhão se o Hospital São Marcos paralisasse as suas atividades de tratamento às pessoas que têm câncer por falta desses medicamentos, por falta desses insumos. “Então, conclamo esta Casa a, numa iniciativa suprapartidária, tomar as medidas necessárias para resgatarmos o orçamento do Ipen e a sua capacidade de produção desses medicamentos tão essenciais”, conclui.
Vânia Rodrigues