Lula enaltece mídia regional e defende novo marco regulatório da comunicação

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Foto: Salu Parente/PT na Câmara

No discurso que abriu o II Congresso de Diários do Interior do Brasil, nesta terça-feira (13), em Brasília, o ex-presidente Lula defendeu o fortalecimento da mídia regional, criticou a cobertura jornalística de parte da grande mídia e propôs a atualização da legislação do setor, especialmente de rádios e TVs, que funcionam sob um marco regulatório de 1962. O evento serviu também para empossar o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) como novo coordenador da Frente Parlamentar em Apoio e Fortalecimento da Mídia Regional.

Lula elogiou a iniciativa da Associação dos Diários do Interior do Brasil (ADI) e iniciou sua fala lembrando que, antes de 2003, o Brasil “era um país governado para apenas um terço dos brasileiros”, principalmente das capitais, mas que o seu governo iniciou um processo de inversão dessa “lógica perversa, adotando um modelo de desenvolvimento com inclusão social”.

O ex-presidente disse que a imprensa cumpre o importante papel de informar a população sobre a “nova realidade” brasileira. “E isso não se faz sem uma imprensa regional fortalecida, voltada para aquela grande parcela do país que não aparece nas redes de TV”, ressaltou.

A mudança dos critérios de distribuição da publicidade oficial é considerada por Lula “uma das mudanças mais importantes que fizemos nestes 11 anos” do PT à frente do Executivo federal. “Esta medida encontrou muito mais resistências do que poderíamos imaginar, embora ela tenha sido muito importante para aumentar a eficiência da comunicação de governo”, frisou o ex-presidente, que fez questão de citar o nome do ex-ministro Luiz Gushiken, falecido em 2013, que dirigiu a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República desde a posse de Lula até julho de 2005, além dos ex-ministros Luiz Dulci e Franklin Martins, que também participaram do processo de democratização das verbas de publicidade do governo e das estatais.

Lula informou em números o tamanho do salto na abrangência da publicidade do seu governo: de 249 veículos em 2003 para 4692 em 2009. “Nunca antes o governo federal investiu tanto no desenvolvimento regional, para combater desequilíbrios injustos e injustificáveis. Nunca antes a relação entre o governo federal, os Estados e as prefeituras foi tão republicana quanto nestes 11 anos. E são jornais do interior – e não os veículos nacionais – que traduzem essa realidade”, afirmou.

A plateia sorriu e se surpreendeu com as comparações que Lula fez entre a abordagem da imprensa local e regional e a da grande mídia, em relação a vários feitos da sua gestão e da presidenta Dilma Rousseff. “Quando o Luz Pra Todos chega numa localidade rural ou numa periferia pobre, está melhorando a vida daquelas pessoas e gerando empregos. Isso é uma notícia importante para os jornais da região. Os grandes jornais nunca deram valor ao Luz Pra Todos, mas quando o programa superou todas as expectativas e alcançou 15 milhões de brasileiros, um desse jornais deu na primeira página: ‘1 milhão de brasileiros ainda vivem sem luz’. Está publicado, não é invenção. Onde é que estava esse grande jornal quando 16 milhões de brasileiros não tinham luz?”, questionou.

“Quando o governo federal inaugura um hospital regional, isso é manchete nos jornais de todas as cidades daquela região. O mesmo acontece quando chega o SAMU ou um posto do Brasil Sorridente. Mas lendo os grandes jornais é difícil ficar sabendo das quase 300 UPAs, 3 mil ambulâncias do SAMU e mais de mil consultórios odontológicos que foram abertos por todo o país nestes 11 anos. A maior cobertura de políticas públicas que os grandes jornais fizeram, nesse período, foi para apoiar o fim da CPMF, que tirou R$ 50 bilhões anuais do orçamento da Saúde”, acrescentou Lula.

“Quando sua cidade recebe profissionais do Mais Médicos, vocês sabem o que isso representa para os que estavam desatendidos. Mas quando 15 mil profissionais vão atender 50 milhões de pessoas no interior do país, a imprensa nacional só fala daquela senhora que abandonou o programa por razões políticas, ou daquele médico que foi falsamente acusado de errar uma receita”, lamentou.

Lula encerrou seu discurso apontando o grande desafio para toda a mídia brasileira: a construção de um novo marco regulatório da comunicação, conforme preconiza a Constituição de 1988. “No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção independente e respeitar a diversidade regional do país. Uma regulação democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda larga”, defendeu.

Para Carlos Zarattini, quando se fala em democratização da comunicação, trata-se de “quebrar o monopólio de seis famílias” que controlam a chamada grande imprensa. “Em cada cidade existe um veículo regional que é tão ou mais importante do que a imprensa nacional. Por isso os governos federal, estaduais e municipais devem se envolver nesse processo de fortalecimento dos veículos da mídia regional, porque são eles que vão promover o verdadeiro debate político desse País, em toda a sua diversidade e pujança”, destacou o coordenador da frente parlamentar.

A opinião do deputado Edson Santos (PT-RJ) é semelhante. “Para democratizarmos a comunicação, é fundamental o fortalecimento desse segmento”, disse Santos.

“A mídia local e regional tem um papel primordial para expressar toda a diversidade cultural que o Brasil possui. E, com a Internet, são veículos locais abertos para todo o planeta”, argumentou o deputado João Paulo Lima (PT-PE).

Para o deputado Décio Lima (PT-SC), a mídia regional é uma das essências do processo democrático brasileiro. “Hoje, com o mundo globalizado, a notícia mais importante é a da nossa paróquia. E a mídia regional faz isso porque aproxima e reúne as pessoas”, opinou o parlamentar catarinense.

Segundo a deputada Luci Choinacki (PT-SC), os grandes jornais não enxergam as pessoas do interior a vida no campo ou nos assentamentos da reforma agrária. “O jornal que chega na padaria, no café, no boteco, no ponto de táxi e em todos os lugares da cidade, é o que cumpre o papel importantíssimo de informar essa população”, disse a parlamentar.

Para o deputado Marco Maia (PT-RS), “é preciso viabilizar projetos que estejam mais próximos do cidadão e estimular o crescimento da mídia regional como uma forma de democratizar os meios de comunicação no Brasil”.

O deputado Vander Loubet (PT-MS) considera “bom para a democracia” que a mídia regional cada vez mais se estruture. “A extensão continental do Brasil demanda que os grupos regionais se fortaleçam e a comunicação não seja monopolizada e controlada por poucas famílias”, explicou Vander.

Para o deputado Pedro Uczai (PT-SC), são necessárias novas políticas públicas e legislações que favoreçam a mídia regional. “Essa pluralidade de visões é uma riqueza, uma virtude que  amplia o desenvolvimento do País”, avalia Uczai.

A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, também participou da solenidade e manifestou seu apoio aos veículos regionais.

Confira a íntegra do discurso de Lula:

http://www.institutolula.org/ao-vivo-lula-no-2o-congresso-dos-diarios-do-interior-do-brasil

Rogério Tomaz Jr.

Ouça o Deputado Zarattini na Rádio PT

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