O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (24), o mais novo escândalo envolvendo a família Bolsonaro. “São bombas seguidas, a cada semana há um escândalo novo. Hoje, está no Portal UOL: ‘diálogos encontrados pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid — sempre o tenente coronel Mauro Cid, que era um ajudante de ordens, um faz-tudo, o homem que atendia o celular do Bolsonaro, que carregava a mala do Bolsonaro e que, pelo jeito, fazia outras coisas, segundo diz a matéria — comprovam que a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro pedia saques em dinheiro vivo ao ex-ajudante de Bolsonaro”, afirmou.
Lindbergh explicou que as mensagens obtidas com exclusividade pelo Portal UOL eram enviadas a Mauro Cid por duas assessoras de Michele Bolsonaro: Cíntia Nogueira e Giselle Carneiro, que costumavam se referir a ela como “dama” ou pela sigla “PD”, primeira-dama.
O parlamentar disse que pelas mensagens obtidas e transcritas pelos investigadores — é uma investigação da Polícia Federal que já tem relatório —, com autorização judicial, as assessoras forneciam dados de contas para a realização de depósitos a terceiros, transmitiam solicitações da primeira-dama para saques em dinheiro e também pediam depósito em espécie na conta dela.
“Este é mais um escândalo! Aqui, era dinheiro vivo. Eles pagaram as contas da Michelle Bolsonaro com dinheiro vivo! Pagavam o cartão de crédito de uma amiga da ex-primeira-dama, que é funcionária do Senado e se chama Rosimary Cardoso, porque a Michelle usava este cartão de crédito desta sua amiga”, denunciou.
Segundo Lindbergh, descobriram também que uma empresa que tinha contrato na Codevasf fazia depósitos a um assessor do tenente-coronel Mauro Cid. “Ou seja, corrupção clara, dinheiro vivo que ninguém sabia de onde estava saindo; não era dinheiro que saía da conta do Bolsonaro, era dinheiro vivo”, criticou.
“Rachadinha” do cartão corporativo
O deputado chamou atenção para o inquérito das milícias digitais e dos atos antidemocráticos, comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “O que estamos vendo são desdobramentos deste inquérito, tudo começou lá atrás quando quebraram o sigilo telefônico e telemático — principalmente o telemático, houve também quebra de sigilo bancário —, recuperaram as mensagens do tenente-coronel Mauro Cid na nuvem e abriram outras investigações como essa, que está sendo chamada de “rachadinha” do cartão corporativo, do pagamento da Michelle Bolsonaro”, explicou.
O tenente-coronel Mauro Cid, relembrou Lindbergh, também está envolvido no caso das joias da Arábia Saudita. “Na Polícia Federal, ele não falou a respeito da fraude do cartão vacinal, outro escândalo que surge do mesmo inquérito, mas falou do caso das joias, e disse que foi tentar reavê-las a mando do próprio Jair Bolsonaro”, afirmou.
E tem mais, continuou Lindbergh, “descobriram que o tenente-coronel Mauro Cid tem uma conta nos Estados Unidos, e que sua família tem quatro mansões nos Estados Unidos, uma no valor de R$ 8,5 milhões”. O deputado acrescentou que foram descobertas também ligações com os atos de 8 de janeiro. “Há diálogos do tenente-coronel Mauro Cid com o ex-major Newton Barros e com Elcio Franco, que foi o nº 2 do Ministério da Saúde, em que eles tramam abertamente o golpe do dia 8 de janeiro”.
Lindbergh Farias enfatizou que o ex-presidente voltou ao Brasil há pouco mais de 2 meses, “depois de sua fuga, e ele já foi 3 vezes depor na Polícia Federal e, na outra vez, a Polícia Federal foi a sua casa fazer uma busca e apreensão. E eu tem certeza de que a CPMI do Golpe chegará a Jair Bolsonaro como “autor intelectual” da tentativa de golpe. “Talvez o termo não seja o mais adequado, mas como mandante daquele pretenso golpe. A casa do Bolsonaro vai cair”, previu.
Vânia Rodrigues