Lideranças Palestinas denunciam violência contra seu povo praticada pelo Estado de Israel

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Lideranças palestinas denunciaram nesta quarta-feira (7), na Câmara dos Deputados, a situação de verdadeiro “Apartheid” econômico, social e territorial em que vive a população palestina diante da política de expansão do Estado de Israel. Durante audiência pública conjunta das Comissões de Legislação Participativa (CLP) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), que debateu “Os conflitos Israel e Palestina e a NAKBA”, foi revelado que desde o início deste ano 212 palestinos foram assassinados por Forças de Ocupação israelense. O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) presidiu a audiência e foi o autor do requerimento que viabilizou a reunião.

Falando em inglês, o vice-presidente do Conselho Legislativo Palestino, Hassan A. A. Khreishi, disse que era uma honra falar ao Legislativo brasileiro sobre a causa palestina, principalmente diante da perspectiva de consolidação da amizade com o povo brasileiro após a vitória de Lula. “Nossa amizade será mais forte”, disse. Segundo o líder palestino, desde a expansão sionista entre os anos de 1947/1948, a região só vê “sofrimento, prisões, construção de muros, surgimento de novos assentamentos judeus e de centenas de pontos de inspeção das forças de segurança de Israel”.

O líder palestino revelou que existem três legisladores palestinos que se encontram atualmente na prisão. “Temos que nos reunir com frequência por videoconferência, porque a ocupação israelense não permite que tenhamos um local fixo”, revelou. De acordo com Hassan Khreishi, a NAKBA palestina – palavra árabe que significa “tragédia” – se abateu sobre seu povo desde o momento em que começou a se cogitar a existência do Estado de Israel. “Desde então, mais de 800 mil palestinos foram expulsos de suas casa e terras, mais de 400 vilas foram destruídas, além de vários massacres que ocorreram na Palestina”, lamentou.

Enquanto isso ocorria, o vice-presidente do Conselho Legislativo Palestino disse que mais de 2 mil assentamentos foram criados nos territórios historicamente habitados pelo seu povo, e agora ocupados com mais de 800 mil colonos israelenses. Além disso, Hassan disse que existem mais de 600 pontos de inspeção de forças de segurança israelense em territórios palestinos, cinco muros dividindo a Cisjordânia, além de mais de 5 mil pessoas presas, inclusive mulheres e crianças.

Ele explicou ainda que palestinos vivem confinados na Faixa de Gaza, uma das maiores concentrações por metro quadrado do mundo. Segundo ele, em um território com 1600 km² vivem cerca de 2,4 milhões de pessoas. “A maioria sem água e sem energia”, disse.

Lideranças palestinas no Brasil condenam violência de Israel

Lideranças da comunidade palestina no Brasil também condenaram os atos de violência praticados pelo Estado de Israel. O presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Ahmed Shehada, ressaltou que desde 2005, quando a ONU começou a contagem oficial sobre vítimas de conflitos, 2022 foi o ano com maior número de mortos. “Desde o início do ano até agora foram 212 mortes provocados pelas forças de segurança de Israel”.

Segundo Ahmed, ao longo dos últimos 74 anos – desde a criação do Estado de Israel – a rotina enfrentada pelo povo palestino é de expulsão de suas casas e terras para darem lugar a assentamentos de colonos judeus. “São 75 anos de ocupação e colonização, com dezenas de massacres que expulsam os palestinos de suas casas, cidades e aldeias”, lamentou.

O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, lembrou que a expulsão do povo palestino de suas terras ancestrais começou antes mesmo da criação oficial do Estado de Israel. “Às vésperas do término do Protetorado Britânico na região, mais de 250 mil palestinos foram expulsos para garantir o projeto colonial sionista euro-judeu. Houve uma ‘limpeza étnica’ na região”, afirmou.

Limpeza étnica e compensações

Segundo ele, essa ‘limpeza étnica’ ocorreu porque as vésperas da criação do Estado de Israel haviam apenas 30% da população professava o judaísmo e detinha apenas 6% do território. “Como haveria independência nacional com apenas um terço da população e apenas 6% do território? Por isso houve a ‘limpeza étnica’ na região, para permitir a criação do Estado de Israel”, explicou.

Durante a audiência pública, o vice-presidente do Conselho Legislativo Palestino, Hassan A. A. Khreishi, defendeu que o mundo pressione Israel a aceitar a resolução 194 da ONU – de 11 de dezembro de 1948 – que reconhece ter ocorrido uma ‘limpeza étnica’ na Palestina – e que determinou que todos os refugiados palestinos tenham direito ao retorno e a receber compensações.

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O autor do requerimento que viabilizou a reunião, deputado Leonardo Monteiro, reconheceu que nos últimos 74 anos tudo o que o Estado de Israel tem feito é “violar o direito internacional ao adotar uma política militarista, expansionista e colonialista, ao ocupar os territórios palestinos e de países árabes vizinhos”.

“É preciso que todas as forças que defendem a justiça e o respeito ao direito internacional, estimulem seus países, especialmente a ONU, para que defenda o fim da ocupação israelense para que o povo palestino possa viver com dignidade em sua terra ancestral, tendo a sagrada Jerusalém como sua capital”, defendeu o petista.

No final da audiência pública, Leonardo Monteiro foi agraciado pelo vice-presidente do Conselho Legislativo Palestino com uma placa comemorativa simbolizando a amizade entre os povos palestino e brasileiro.

 

Héber Carvalho

 

 

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