Jornalista afirma que espionagem dos EUA também monitora conteúdo

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Em audiência pública no Senado, nesta terça-feira (6), o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do The Guardian, disse que o esquema de espionagem dos Estados Unidos não se restringe a metadados. Ele também monitora o conteúdo de comunicações na internet e nas redes de telefonia.

“A NSA invade os provedores de Skype, Facebook, Google, Microsoft e outras empresas. A NSA tem acesso muito grande aos sistemas dessas empresas”, afirmou Greenwald na atividade realizada pelas comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado.

Greenwald recebeu de Edward Snowden, ex-agente da NSA (Agência Nacional de Segurança na sigla em inglês), cerca de 20 mil documentos que escancaram o enorme programa de espionagem dos Estados Unidos sobre governos, empresas e pessoas ao redor do mundo.

No caso da telefonia, Greenwald informou que está investigando, mas suspeita que companhias brasileiras colaboram com o esquema. “Uma empresa de telecomunicações, muito grande, nos Estados Unidos tem muitos acordos com outros países, incluindo empresas brasileiras. Com esses acordos, ocorre o acesso às comunicações. Estão coletando tudo para a NSA”, disse.

O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, considerou positivo o depoimento do jornalista. “Ele esclareceu uma dúvida importante que ainda existia, quanto ao fato de que o governo dos Estados Unidos não coletava apenas metadados, mas também interceptava conteúdo de e-mails e outros tipos de comunicações”.

Na avaliação do deputado, isso é muito grave e enseja uma posição mais firme do governo brasileiro no sentido de buscar, junto com outros países, não só uma explicação do governo dos Estados Unidos, mas de se avançar na regulação internacional para coibir este tipo de prática. “É fundamental que tenhamos uma governança multilateral da internet, posição que o Brasil já defende”, acrescentou Pellegrino.

Greenwald, que também é advogado, criticou o discurso padrão do governo estadunidense, que justifica a espionagem em nome do combate ao terrorismo e da segurança nacional. “Há muitas coisas que não tem nada a ver com terrorismo, mas com espionagem industrial contra empresas e governos”, argumentou.

O correspondente do The Guardian também relatou que Edward Snowden se disse muito feliz na última vez que fizeram contato. “Ele sabia que teria que sacrificar a sua liberdade, para o resto da sua vida, mas está muito feliz porque o mundo inteiro está discutindo a questão da privacidade, que é o que ele queria”, revelou Greenwald, que se comunica com o ex-espião “quase diariamente” através de mensagens criptografadas.

Greenwald questionou o fato de muitos governos terem se mostrado indignados com o caso, mas apenas três países ofereceram asilo político a Snowden. E concluiu dizendo que “muito mais” será revelado em breve.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) também participou da audiência pública, que teve a presença de estudantes portando máscaras com o rosto de Snowden.

Rogério Tomaz Jr.

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