Foi com indignação que parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados receberam a notícia de que o presidente da República Jair Bolsonaro pretende inaugurar obras iniciadas nas gestões dos presidentes Lula e Dilma, como se fossem suas. Usurpador, enganador e mentiroso foram os adjetivos usados pelos petistas para qualificar a desonestidade presente em mais essa ação do atual governo. Para eles, Bolsonaro quer fazer “festa com chapéu dos outros”.
Reportagem veiculada no final de semana aponta que das 33 obras que Bolsonaro promete inaugurar neste segundo semestre, 25 foram planejadas pelos petistas, duas começaram a ser executadas no governo de Michel Temer (MDB) e outras seis saíram do papel no governo atual, sendo que algumas já eram discutidas nas gestões passadas.
“O que Bolsonaro está fazendo, como sempre, é surfar na realidade alheia ou explorando a realidade atual pela conjuntura alheia. É o que ele está fazendo agora, por exemplo, batizando com outros nomes os grandes projetos que mudaram a realidade deste País como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ele muda o nome desses programas para Renda Brasil e Casa Verde e Amarela. Isso revela que ele explora e usufrui o que os outros fazem”, denunciou o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR).
Verri reitera que essa ida de Bolsonaro à Região Nordeste, para inaugurar obras da gestão petista à frente do governo federal, mostra que Bolsonaro surfa na realidade construída pelo PT. “Nós construímos essa realidade, nós mostramos o que é bom. Ou seja, nós fizemos e mostramos o que deve ser feito, e ele (Bolsonaro) se apropria do trabalho do Partido dos Trabalhadores para tentar manter, com isso, sua base de apoio”, criticou.
Apropriação indébita
Pelas redes sociais, a presidenta nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffman (PR), classificou de “apropriação indébita” mais esse feito do ocupante da cadeira do Palácio do Planalto. “A manchete da Folha escancara que Bolsonaro é um enganador incorrigível. Mentiu sobre combater a corrupção e mente sobre obras de Lula e Dilma. Podem chamar de propaganda enganosa. No Código Penal é apropriação indébita (Art. 168)”, alertou Gleisi.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também se manifestou pelas redes sociais. Ela criticou a pretensão de Bolsonaro de rebatizar os programas petistas Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família. “Bolsonaro não tem projeto para o Brasil. Diz odiar o PT, mas adora rebatizar programas petistas e inaugurar obras da era Lula e Dilma. É um usurpador”, qualificou Erika.
O líder na Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), lembrou que o Brasil sabe que com Lula o País viveu seu melhor período econômico e social, com crescimento nunca antes visto e com geração de emprego e renda para milhões de trabalhadores. No entanto, continuou o parlamentar, esse momento de apogeu deu lugar para o governo da destruição. “Não basta ser genocida, tem que ser bizarro também. Bolsonaro cria agenda para inaugurar obras de Lula e Dilma porque sabe que nossos governos tinham o povo como prioridade. Fazer festa com o chapéu dos outros é especialidade de quem nunca teve compromisso com os brasileiros”, criticou Guimarães.
Na sua conta no Twitter o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) escreveu: “O mentiroso do Planalto. Jair Bolsonaro vai fazer agora, no segundo semestre, uma série de inaugurações de obras de infraestrutura que, em sua maioria, foram iniciadas nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Ou seja, querendo abanar com o chapéu dos outros”.
“Falcatruas” foi o termo usado pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP) em sua conta no Twitter. “Bolsonaro abocanhando obras iniciadas por Lula e Dilma é uma das maiores falcatruas desse governo. Sempre trabalhou contra o povo, e agora quer dizer que as obras vieram de seu governo e não dos governos progressistas anteriores. É assim que Bolsonaro se constrói: mentindo”, criticou.
Golpe contra o PT
O líder Enio Verri ressaltou que a ascensão de Bolsonaro à Presidência da República só se deu porque houve a construção da Operação Lava Jato, coordenada pelo ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro junto com os meio de comunicação e o capital financeiro, para aplicar um golpe contra o PT, contra a presidenta Dilma. “Um golpe que hoje completa quatro anos. “Ele (Bolsonaro) só cresceu a partir dessa perseguição da elite”, enfatizou.
Enio Verri avaliou ainda que, o governo Bolsonaro só conquistou uma boa avaliação graças ao que a esquerda e, principalmente, o PT e o Congresso fizeram no enfrentamento da pandemia do coronavírus.
“Fomos nós que trabalhamos, não foi o Executivo, não foi Bolsonaro. Mas a população, não sabendo a diferença entre os poderes Executivo e Legislativo, dá a ele um reconhecimento que não é dele”, lamentou o deputado.
“Os R$ 600 da lei emergencial, a Lei Aldir Blanc (lei de ajuda ao setor cultural), o Pronampe que trata de auxílio para as micro e pequenas empresas, e mesmo a Lei Assis Carvalho dos benefícios para a agricultura familiar e que Bolsonaro vetou – revelando toda a sua insensibilidade -, mostra que ele sempre usufrui do que os outros fazem”, reafirmou Enio Verri.
Engodo
Para o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), o presidente Bolsonaro “é uma fraude”. “Não há obras por iniciativa dele. Ele só muda o nome de programas existentes e planejados em governos do PT”, alfinetou.
Na opinião do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), Bolsonaro que tanto ataca o PT, agora tenta se agarrar aos feitos dos governos Lula e Dilma para conseguir melhorar sua popularidade. “O plano é simples: Como não fez nada de bom para o País, Bolsonaro resolveu mudar o nome dos projetos sociais e obras de nossos governos para enganar o povo”, lamentou.
Ao comentar a intenção de Bolsonaro de inaugurar obras dos governos petistas, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) escreveu: “Imaginem se não tivesse acontecido o golpe. De lá pra cá, nem Temer nem Bolsonaro conseguiram iniciar uma obra sequer”, afirmou.
E na avaliação do deputado Helder Salomão (PT-ES), esse fato se resume na falta de projeto do atual governo. “Sem projetos para o País, Bolsonaro entrega obras dos governos Lula e Dilma e se apropria de programas dos governos petistas como se fossem dele”, escreveu.
Benildes Rodrigues