Homenageada na Câmara, UnB mantém tradição de 56 anos de luta democrática

A Universidade de Brasília resistirá às tentativas de cerceamento de liberdade de ensino e às dificuldades orçamentárias do momento. A afirmação é da deputada Erika Lula Kokay (PT-DF), ex-aluna da universidade e propositora da sessão solene realizada pela Câmara nesta sexta-feira (20), em homenagem aos 56 anos da instituição. Ao discursar no encerramento da homenagem, Erika lembrou que a UnB já nasceu rebelde, se impondo aos que defendiam que Brasília não precisa de universidade, “que Brasília não poderia ter voz de contestação e de diversidade”.

Erika enfatizou que a UnB foi protagonista desde a sua fundação, não só na metodologia, não apenas no que diz respeito ao técnico cientifico, desenvolvimento da arte e da cultura, mas também na política, na luta pelo fim da ditadura, pela volta da democracia. Ela lembrou os mais de 200 professores que deixaram a universidade ou foram expulsos por protestarem contra a ditadura. Citou os alunos desaparecidos na época, como Paulo de Tarso, Ieda Delgado, Honestino Guimarães, e afirmou que a universidade, em nome dos que lutaram pela liberdade e pela democracia, mostrou que o País precisava resistir.

A deputada falou ainda do atual momento de ruptura democrática do Brasil. “Este País vive momento de extrema gravidade. Nós estamos com uma ruptura democrática que veste muitas roupas, assume muitas imagens, que as vezes veste togas, mas também veste paletós, fardas e botas. Nós temos um preso político, tem um preso condenado porque tem intenções de votos que o levará à vitória nas eleições desse ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso ilegalmente, sem provas e sem crimes. Este é o Brasil que estamos vivenciando. Por isso, defender a UnB é defender a resistência”, acrescentou.

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, participou da sessão e agradeceu a ex-aluna Erika Kokay por manter a universidade sempre em seu coração. “Isso demonstra o quanto a UnB é fundamental para a comunidade. E, apesar das crises financeira e política, ela vai continuar”. Márcia frisou que a UnB tem uma história bonita e também falou do seu início desafiador de se estabelecer em uma capital que não queria ela aqui. “Mas ainda assim ela foi criada para estar à frente do seu tempo, ela superou a ditadura e foi mostrando sua resistência ao longo da sua história”.

Márcia Abrahão disse ainda que, ao longo desses 56 anos, a UnB também foi mostrando para a sociedade a sua competência. Já formou quase 100 mil estudantes, que estão fazendo a diferença no Brasil e no mundo. Citou que na década de 90 ela abriu para cursos noturnos e depois, entre 2008 e 2012, expandiu seu campus para o Gama e Ceilândia. “Hoje está no DF e em outras partes do Brasil, com ensino à distância. A nossa UnB jamais se encolheu em crise e jamais encolherá, seremos altivos, seguiremos cumprindo a nossa missão de inclusão, de ensino e de defesa democracia”.

Além da atual reitora da UnB, participaram da sessão solene os ex-reitores da UnB, Antônio Ibañez Ruiz (1989-1993) e             José Geraldo de Sousa Júnior            (2008-2012); a diretora da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB), Maria Elenita Nascimento; e o aluno Pedro Moraes, representante da Comissão Eleitoral do DCE/UNB.

Vânia Rodrigues

Foto: Cris/PTnaCâmara

 

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