A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), usou a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (19) para criticar a política econômica do governo de ultradireita Bolsonaro. “A economia brasileira está em crise, e uma crise que vem se aprofundando a cada dia. E o pior de tudo isso é que o governo não tem uma proposta sequer para melhorar a economia. O povo está sofrendo muito e, nós, aqui nesta Casa, temos a responsabilidade de tentar dar resposta. E, espero que a primeira resposta seja rejeitar um orçamento que corte, principalmente recursos na área social”, defendeu.
Gleisi Hoffmann lembrou que o próprio Bolsonaro já admitiu que não entende nada de economia e, por isso, terceirizou a política econômica para o ministro Paulo Guedes, que é um ex-banqueiro, foi diretor do BTG Pactual e trabalhou no mercado de capitais. “A cabeça do Paulo Guedes não é a cabeça do povo, aliás, os pés desse ministro não pisam onde o povo pisa. Por isso, a sua economia é o mercado de capitais, é fazer as empresas e os bancos terem mais lucros”, criticou.
Na avaliação da parlamentar, Guedes não vê problema em vender o patrimônio público, como se o Estado não fosse competente para geri-lo, o próprio Estado que construiu esse patrimônio, com o esforço do povo brasileiro. “A política econômica desse governo é fazer reformas, tirar direito das pessoas, como tirou com as mudanças na Previdência, e, agora, quer congelar o salário mínimo, porque ele (Guedes) acha que dar o reajuste pela inflação do salário mínimo vai custar caro ao Brasil”, lamentou.
Desemprego
Indignada, a presidenta do PT disse que o que nós estamos vendo no Brasil é um sofrimento atroz do nosso povo. “Esse pessoal que está hoje direcionando a economia ajudou a tirar a presidenta Dilma Rousseff no impeachment, no golpe, e nós dizíamos que isso não ia dar certo”. Ela destacou ainda que no último ano de governo efetivo da Dilma, em 2014 — porque em 2015 não a deixaram governar —, o País tinha um índice de desemprego de menos de 5%. “As pessoas tinham renda; iam ao supermercado e conseguiam sair com o carrinho cheio. As pessoas tinham crédito e conseguiam viver melhor”, observou.
Hoje, quatro anos depois do golpe, segundo Gleisi, essa gente que disse que iria melhorar o Brasil e a vida do povo, está legando ao nosso País um desemprego de quase 12%. “São quase 12 milhões de pessoas desempregadas. E quem está trabalhando está por conta própria, ou terceirizado, ganhando menos”, lamentou. Ela citou dados do Ipea que mostrou que a renda do povo brasileiro caiu. “E caiu a dos mais pobres em 1,4%, enquanto a renda dos mais ricos subiu 1,5%. Este é um governo concentrador de renda. Isso é um desatino, quando nós precisávamos melhorar a vida do povo”, enfatizou.
Endividamento
Além do desemprego, Gleisi Hoffmann disse que as pessoas estão endividadas, citando que 62% dos brasileiros, hoje, têm dívida, seja no supermercado, seja no banco, ou porque não conseguem pagar a conta de água ou de luz, ou porque estão devendo o aluguel ou a prestação do carro ou da casa. “Não existe nenhum programa oficial para renegociar a dívida do povo, mas existe uma proposta para renegociar a dívida bilionária dos ruralistas”, criticou.
A presidenta do PT enfatizou que o sistema financeiro, os bancos, foram os que mais lucraram: 22% no primeiro trimestre deste ano em relação ao ano passado. Foram R$ 20 bilhões de lucro. Por que uma parte desse lucro do Banco do Brasil e da Caixa, que são empresas do governo, não pode ser disponibilizada para um grande projeto de renegociação da dívida das pessoas? Para fazer um alongamento da dívida, ou com redução das taxas e dos juros? Isso daria condições para as pessoas pagarem as suas dívidas e continuarem a ter crédito, e continuarem a consumir. Quem não tem renda não consome; um País que não tem consumo não tem produção, o dinheiro não circula e a economia estagna. Quem faz a economia ir para frente é a maioria que é mais pobre do povo brasileiro”, ensinou.
Ensinamento do Lula
Gleisi Hoffmann lembrou ainda do ensinamento do ex-presidente Lula. “Ele sempre disse e demonstrou na prática que se der R$ 20 a um pobre, esse dinheiro vai gerar renda para mais gente porque vai circular na economia. O pobre vai ao supermercado, vai à venda, vai à loja. Ele tem que gastar para sobreviver. Em contrapartida, se de R$ 100 mil na mão de um rico, ele vai colocar no mercado financeiro para render juros. O dinheiro não vai circular”.
A parlamentar defendeu a inversão política econômica do governo Bolsonaro. “É preciso pôr dinheiro na mão do povo, mas o governo quer é cortar recurso do orçamento para diminuir o déficit. Não se vai diminuir o déficit se não se aumentar a receita; e não se vai aumentar a receita, se o povo não tiver dinheiro”, afirmou. Gleisi concluiu defendendo a elevação do salário mínimo, ao invés de cortar o reajuste destacou que o PT apresentou um plano emergencial de geração de emprego e renda. “Dissemos de onde têm que sair os recursos e quantos empregos gerariam: cerca de 7 milhões”, afirmou.
Vânia Rodrigues