Os aliados do presidente interino Michel Temer têm pressa no julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no Senado, pois acreditam erroneamente que o afastamento definitivo da presidenta eleita lhes dará um mínimo de legitimidade. A cada questão de ordem apresentada nesta quinta-feira (25) por senadores contrários ao golpe – um direito garantido da defesa –, a base do governo provisório chia no plenário, sempre tentando tolher as opiniões dos que se opõem ao golpe. Nenhum desses momentos, porém, mexeu mais com os brios dos golpistas do que a intervenção da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), quando ela apontou que metade da Casa não tem moral para julgar a presidenta Dilma.
“Aqui [no Senado] não tem condições de ninguém acusar ninguém e nem de julgar. Por isso que a gente diz que [o julgamento do impeachment] é uma farsa. Qual é a moral desse Senado para julgar a presidenta da República? Qual é a moral que tem os senadores aqui para dizer que ela é culpada? Gostaria de saber qual é a moral de vocês, por que a metade aqui não tem!”, destacou a senadora.
Foi um deus nos acuda. No mesmo instante, os que apoiam o usurpador Temer saíram do sério e tiveram literalmente um chilique, reagindo com ofensas e o dedo em riste contra a petista. Após a cena, o presidente da sessão, ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, suspendeu os trabalhos por alguns minutos.
Quando a sessão foi retomada, Gleisi destacou que é um direito da defesa apresentar questões políticas ao plenário. “Até porque, desde o início, temos dito que esse é um processo que necessita de base jurídica para se fundamentar e que temos aqui é um julgamento eminentemente político”, disse.
As falas da senadora foram motivadas pela histeria da base aliada de Temer após a apresentação de uma questão de ordem pelo líder da Minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ). O pedido era que o julgamento fosse suspenso até a análise de uma representação, apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo o afastamento de Temer do cargo – isso até que fossem investigadas as citações a ele por delatores na Operação Lava jato.
O petista lembrou que a discussão é sobre uma “blindagem” a Temer. “Se a presidenta Dilma for afastada e o presidente interino Michel Temer virar presidente da República, ele não pode ser investigado pelos fatos anteriores a esse mandato”, lembrou o parlamentar.
Enquanto apresentava a questão de ordem, Lindbergh destacou ainda o medo do governo interino de uma eventual delação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Daí o motivo da base aliada tentar acelerar o julgamento de Dilma Rousseff. “Todo mundo aqui sabe, cada Senador, que, se Eduardo Cunha abrir a boca, caiu Temer. Eram sócios. E tanto é que eles estão fugindo ao máximo da cassação do Eduardo Cunha”, disse o senador.
PT nos Senado
Foto: Edilson Rodrigues