Coordenada pelo deputado Paulo Guedes (PT-MG), a Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco foi instalada nesta terça-feira (12), na Câmara dos Deputados. A frente vai atuar na unificação de forças para ações de revitalização e conservação da bacia do Rio São Francisco.
“O rio São Francisco está doente e precisa de tratamento urgente, para que continue levando vida e desenvolvimento por onde passa. É necessário implantar ações de preservação e uso racional de seus recursos, projetos para o aumento da vazão e a melhoria da qualidade da água. É preciso ações de combate ao desmatamento desordenado, programas de saneamento básico que ponham fim à poluição e esgotamento sanitário, criação de áreas de conservação e de corredores ecológicos, compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica”, destacou o deputado Guedes.
Conhecido como Rio da Integração Nacional, o São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil e da América do Sul. Ele passa por 5 estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas; e abrange 521 municípios. Tem aproximadamente 641 mil km² de extensão e ocupa 8% do território nacional. Contribui para o abastecimento de água nas regiões Nordeste e Sudeste. Representa desenvolvimento econômico, social, cultural das áreas que abrange. Possibilita com suas águas a fruticultura que abastece o mercado interno e externo, agricultura, pecuária, a produção, os cultivos que garantem a sobrevivência das comunidades ribeirinhas. O rio ainda assegura o funcionamento de 6 usinas hidrelétricas existentes em seu curso.
Para o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Nilto Tatto (PT-SP), “é um desafio muito grande revitalizar o rio São Francisco pelo significado que ele tem para o País como um todo, desde Minas até onde ele vai desaguar na divisão de Alagoas com Sergipe. Todos sabem da importância dele do ponto de vista ambiental e social”. Tatto enfatizou que muitos dependem do rio para sobreviver. “Quanta gente depende da vida dele para poder ter a sua vida”, observou.
“O Rio São Francisco gera energia, produz riquezas, mata a sede e sacia a fome; e então, caminha para o mar, e em seu percurso diário realiza um verdadeiro milagre, o milagre da vida no sertão. É preciso estar perto para escutar os gritos do rio e o clamor de seus povos. Vamos juntos assumir com firmeza a decisão de lutar contra tudo o que tem levado o ‘Velho Chico’ à morte e garantir o desenvolvimento das regiões por onde passam suas águas”, comprometeu-se Paulo Guedes.
Em defesa do ‘Velho Chico’
Todos os parlamentares que estiveram presentes no lançamento da Frente Parlamentar colocaram seus mandatos à disposição para a defesa do ‘Velho Chico’, como também é carinhosamente conhecido.
“Precisamos mobilizar esforços em defesa desse recurso natural tão importante que é o rio São Francisco, o quanto ele tem peso na vida e na economia em vários estados”, defendeu o deputado Jorge Solla (PT-BA).
Para o deputado Patrus Ananias (PT-MG) é fundamental preservar um patrimônio nacional tão importante como o rio São Francisco. “O desafio é preservar um patrimônio nacional, defender as nossas águas como um patrimônio fundamental do povo brasileiro que não pode ser privatizado, e que tem que estar a serviço da vida, do projeto nacional brasileiro, a serviço do bem comum, da justiça social, do desenvolvimento em todas as frentes da nossa grande e querida pátria brasileira”.
Esperança
Frei Anastácio (PT-PB) relatou que transposição do rio São Francisco trouxe esperança para o povo da Paraíba e que graças a ele esse povo não passa sede. “É uma alegria poder participar de uma frente em defesa do ‘Velho Chico’. O rio São Francisco, hoje, é uma grande esperança do povo da Paraíba, do Ceará, do Rio Grande do Norte, principalmente, porque a questão da transposição que foi feita e concretizada pela presidenta Dilma trouxe muita esperança para o povo da Paraíba. A Paraíba no ano passado se não fosse as águas do Rio São Francisco, hoje o povo estaria passando muita sede”. E denunciou que se não for retomada a questão da transposição, o povo paraibano estará em situação de calamidade total.
Atual governo
Estudos apontam um crescente risco da desertificação do rio São Francisco devido as condições climáticas, mas principalmente pela falta de uma gestão sustentável dos recursos hídricos na bacia e pelo uso irracional da água. Além dos problemas que já vinham sendo enfrentados principalmente com o desastre da Vale de Brumadinho (MG) em janeiro deste ano, o São Francisco foi contaminado causando a morte dos peixes e, em alguns pontos, deixa a água imprópria para o consumo humano. Após as inúmeras tragédias que ocorreram no Brasil, o cenário atual do País e a falta de recursos podem agravar ainda mais a situação do rio.
“Neste momento em que vivemos, a necessidade de dar um recado claro em defesa do meio ambiente, coisa que às vezes parece óbvio, mas não é, e, portanto, defender o meio ambiente nessas circunstâncias em que nós vivemos hoje, é um ato fundamental nesse processo”, alertou o deputado Rogério Correia (PT-MG).
Rogério Correia destacou ainda que o Rio Paraopeba foi ferido de morte com a tragédia criminosa que ocorreu em Brumadinho. Foram despejados 23 mil m³ de lama, e essa lama tóxica, toda vez que chove forte, se remove e o Paraopeba vai desaguar lá no São Francisco, portanto, São Francisco corre risco. “A recuperação do Paraopeba é fundamental para a saúde do São Francisco”, afirmou o parlamentar.
Para Zé Neto (PT-BA), o momento no Brasil é muito difícil. “Ele vive um momento muito difícil e mais agravado pela atual conjunção de coisas que vem acontecendo no Brasil. O Brasil há algum tempo e, mais recentemente com o advento desse atual governo, vive uma lógica de corte de investimentos públicos. O rio são Francisco é um patrimônio do Brasil e é um patrimônio que merece todo o nosso cuidado. Desse rio nós tiramos riquezas, produção, muita energia e tiramos acima de tudo a vitalidade das cidades e das comunidades por onde ele passa”.
Lorena Vale