Pela primeira vez na história do País, o Congresso Nacional contará com uma frente parlamentar para tratar do combate ao racismo. Nesta terça-feira (11) ocorreu o lançamento da Frente Parlamentar Mista Antirracismo. Na Câmara, a frente terá a coordenação da deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) e a vice-coordenadoria ficará a cargo da deputada Carol Dartora (PT-PR). No Senado, o senador Paulo Paim (PT-RS) é o coordenador, e a vice será a senadora Zenaide Maia (PSD-RN).
Segundo a deputada Dandara, durante a coletiva de imprensa, mais de 150 parlamentares –deputados e senadores – apoiaram a iniciativa. Entre as prioridades da frente, a coordenadora destacou o combate ao racismo estrutural, ações afirmativas, mercado de trabalho, emancipação do povo negro, além de combater a violência política de gênero e racial, construir melhores condições de vida e dignidade para as mulheres negras, criar maiores oportunidades para a juventude negra e lutar contra todas as formas de opressão, preconceito e discriminação. “A bancada negra do Congresso Nacional segue firme, fortalecida e unificada”, afirmou Dandara.
“A importância dessa frente é a gente avançar nas soluções legislativas. Por ela irão passar todas as políticas antirracistas nos mais diversos setores, mas especialmente no setor da educação, da política de cotas que precisa ser revisada, das discussões que vão passar por essa frente”, disse a deputada Carol Dartora. Para a parlamentar, o Brasil precisa superar urgentemente o racismo estrutural que é “promotor da maior parte das violações de direitos da população negra na nossa sociedade”.
“Estou aqui há quase 40 anos. São quatro mandatos como deputado federal e três como senador. E é a primeira vez que estamos instalando uma comissão mista de combate ao racismo. Graças à força dessa juventude que está chegando. É essa força que faz com que a gente tenha, hoje, esse ato lindo”, observou o senador Paulo Paim durante o ato de instalação da Frente Parlamentar Mista Antirracismo.
Antirracismo
Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) o Brasil, que tem na maioria da sua população negros e negras, não pode ficar isento de fazer políticas públicas que incluam o povo negro. “A frente não vai ficar só na fiscalização, mas vai buscar ampliar esse universo dos antirracistas, para que o Brasil, definitivamente, não tenha trabalho escravo, por conta da cor da pele, que não haja exclusão por conta da cor da pele, e que não haja menor participação política por conta da cor da pele. Portanto, essa Frente veio para ficar e para ampliar”.
A deputada Reginete Bispo (PT-RS) celebrou a instalação do colegiado. “É um momento muito importante, histórico, dentro do Congresso Nacional, porque temos uma bancada de parlamentares negros e não negros comprometidos com a luta antirracista. Ela vem com a força de enfrentar o racismo, construir uma sociedade democrática, antirracista e que tenha lugar para todos e todas”.
“Esta conquista não é só dos movimentos sociais, não é só uma conquista de espaço no Congresso, mas principalmente é uma conquista do povo negro deste País. Nós sabemos que a reconstrução do País passa por uma política antirracista verdadeira”, apontou a deputada Jack Rocha (PT-ES).
O deputado Dr. Francisco (PT-PI) também participou da instalação do colegiado.
Deputada Dandara e parlamentares em coletiva de imprensa nesta terça-feira (11)
Ministério da Igualdade Racial
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a importância da presença do povo negro nos espaços de poder e decisão. Ela lembrou a decisão do presidente Lula de recriar o ministério que comanda após seis anos de descaso das últimas gestões com a luta antirracista.
“Temos trabalhado incansavelmente, dialogado e pensado nos próximos passos. Foram 100 dias, mas sabemos que ainda temos muito a caminhar. Por isso, termos uma Frente Antirracismo, termos essa casa para nos apoiar é a prova de que estamos no caminho certo. Não vamos retroceder. Apenas coletivamente iremos vencer. Apenas coletivamente a luta tem sentido”, destacou.
Lorena Vale com PT no Senado
