Erika repudia misoginia de Bibo Nunes, exige o fim da violência política e afirma: “não vai nos calar”

“Chega de ódio misógino!”. Assim reagiu a deputada Erika Kokay (PT-DF) ao discurso do deputado Bibo Nunes (PSL-RS), que nesta quinta-feira (3) afirmou no plenário virtual que, a partir de agora, chamaria as deputadas de “deputéricas”, ou seja, segundo ele, “deputadas histéricas”. A deputada Erika deixou bem claro que “a Casa vai ter que responder a esta fala”. E desabafou: “Há nessa sessão uma misoginia crônica, uma misoginia engravatada, com sapatos reluzentes. Há essa misoginia, ao tentar caracterizar a firmeza da posição das mulheres como uma histeria”.

Ela observou que os homens quando são firmes são chamados de convictos, de combativos. “E as mulheres nesta sessão, as mulheres desta Casa são chamadas por aqueles que não têm argumento para se contrapor, porque aqui há o debate de ideias, de histéricas”. Erika citou o filósofo Sócrates, que dizia que a violência sempre é a arma dos fracos. “Ele tem razão, a violência tem sido a arma daqueles que não conseguem fazer a discussão de ideias, daqueles que não conseguem debater os problemas do Brasil e que vão, e se resvalam sempre, ao discurso do ódio, ódio enquanto metodologia política, ódio misógino”.

Erika assegurou ainda que, “se ele (Bibo Nunes) nos quer subalternizadas, eu afirmo que ele não vai nos calar! Não vai nos calar! E vai ter que nos enfrentar com aquilo que ele é incapaz de fazer: a defesa fundamentada de ideias”.

A deputada enfatizou que todos os dias as parlamentares estão convivendo com a violência política de gênero. “Eu diria que todos os períodos violentos da história brasileira, tanto o colonialismo quanto a escravidão, a ditadura, são períodos que carregam sempre uma violência de gênero”. Ela enfatizou que nestas eleições o recorte de gênero esteve presente, essa violência política esteve presente contra candidaturas como a da deputada Marília Arraes (PT-PE) e de Manuela D’Ávila (PCdoB).

“Enfim, tantas mulheres que ousaram ocupar um espaço que a nossa humanidade permite. Todas as vezes que as mulheres se colocam e dizem que lugar de mulher é onde ela quiser e ocupam espaços que a lógica estruturante, sexista, machista reservam para os homens elas são atacadas”, lamentou.

Conselho de Ética

Pelo menos parte da bancada feminina prepara uma representação contra o deputado Bibo Nunes (PSL-RS). As deputadas Erika Kokay, Sâmia Bonfim (PSol-SP) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) avisaram que vão ao Conselho de Ética representar contra as afirmações do deputado gaúcho.

21 dias de ativismo

A deputada destacou ainda que nós estamos no período dos 21 dias de ativismo, de enfrentamento à violência contra as mulheres – no mundo inteiro são 16 dias. “Daqui a 3 dias, vamos chegar ao dia 6 de dezembro, que é o Dia do Laço Branco, o dia em que se lembra o massacre de Montreal, quando uma pessoa, um homem entra numa universidade e assassina as mulheres do curso de engenharia para dizer: “Isso não é lugar de mulher”.

Erika reforçou que é necessário, no dia do Laço Branco, que os homens abandonem a sua masculinidade tóxica, abandonem essa sede de poder, essa lente misógina, essa lente sexista, que nega à mulher a condição de sermos plenamente humanas. “Há uma desumanização simbólica. O dia 6 de dezembro é o dia do envolvimento dos homens na luta para enfrentar a violência contra as mulheres”.

Para a deputada é preciso ter claro que precisamos respirar dos ares da democracia que passa pela igualdade de direitos, aquilo que está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, do ser humano, e que diz que o ser humano nasce livre e igual em direitos.

Assista a íntegra do discurso de Erika Kokay:

 

Vânia Rodrigues

 

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