A deputada Erika Kokay (PT-DF) criticou em pronunciamento no plenário aqueles que defendem o impeachment da presidenta Dilma mas, em contrapartida, se calam frente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que, segundo Erika, “tem de forma desnudada” a sua condição corrupta. “Eu diria que a oposição nunca saiu do palanque. E agora vem aqui dizer e falar em corrupção, em chefe de quadrilha. E se calam frente a Eduardo Cunha?” questionou a petista.
“Nós vamos mostrar que a democracia brasileira é sólida e forte o suficiente, ainda que esteja em construção, porque fizemos pouco o luto da ditadura neste País, tanto que temos pedaços dessa ditadura na nossa contemporaneidade. E um desses pedaços foi termos aferrado a esta cadeira de presidente da Câmara, alguém que não pode ter um mandato de representação política, porque pairam sobre ele toda a sorte de corrupção”, disse.
Mesmo assim, acrescentou Erika Kokay, “num momento vil de vingança, com a autoridade que tem, o presidente Eduardo Cunha acolhe pedido de impeachment e constitui comissão para cassar o mandato de uma presidenta sobre a qual não paira qualquer denúncia de corrupção, mas está sendo acusada de ter feito algo que outros presidentes já fizeram de forma absolutamente assumida, que foi utilizar momentaneamente recursos dos bancos públicos para manter programas sociais, que esses se constrangem com eles”.
E de acordo com Erika Kokay, isso fica cada dia mais claro. “Porque aqueles que assomam a esta tribuna dizendo que é preciso dar o impeachment à Dilma porque a economia não funciona, porque há desemprego, porque há inflação, vejam, são aqueles que constroem uma crise política, que alimentam uma crise econômica, e que se utilizam dessa crise política construída para justificar a cassação de mandato de Dilma Rousseff: são réus confessos. São réus confessos porque assumem que estão querendo cassar Dilma por uma crise econômica que é alimentada por uma crise política, que tem nesses mesmos arautos do golpe os seus principais articuladores, porque não deixam Dilma Rousseff governar”, disse.
Seletividade – A deputada Erika Kokay denunciou ainda uma seletividade no ataque à corrupção. “Porque estes que querem chegar ao poder querem chegar a este poder para transformar o discurso em realidade, para apenas desenvolver o combate à corrupção de forma seletiva, e preservar os amigos do rei. Porque fizeram este País, durante oito anos, ser um País ajoelhado ao Fundo Monetário Internacional, e um País que naturalizava a miséria e a pobreza. Ah! Mas como eles são indignados frente ao presidente operário que colocou tantos meninos e meninas nas escolas de nível superior, e disse que os bancos escolares das faculdades deste País não eram propriedade e não era de uma exclusividade dos filhos e filhas de elite”, enfatizou.
Por isso, disse ainda a petista, “é preciso que tenhamos clareza, porque se vamos falar de mentira é preciso falar em cinismo, e é preciso falar em psicopatia. E isso está colado no que representa Eduardo Cunha, que censura entrevistas, que tenta dominar os meios de comunicação desta Casa, e que busca calar as servidoras e os servidores. Quer arrancar-lhes a própria cidadania. Quer arrancar-lhes a liberdade de expressão. Isso é absolutamente inadmissível. Mas os arautos do golpe se calam frente a tudo isso, porque não lhes interessa. Interessa-lhes apenas chegar ao governo de forma golpista”, afirmou.
Golpe explícito – Erika Kokay alertou que a história vai cobrar a postura dos que defendem o golpe. “Irá nos cobrar qual postura tivemos frente a este golpe explícito e desnudado, esse golpe que não tem modéstia, esse golpe que percorre os corredores da Casa e do País. Mas eu digo: golpistas, não passarão, porque conquistamos direitos e não vamos abrir mão deles. E esses direitos só serão vivos durante um processo democrático”, finalizou a parlamentar do PT.
Gizele Benitz
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