Enio Verri: Bolsonaro quer se defender com MP 966; é hora de discutir impeachment

O líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PR), criticou durante a sessão virtual desta quinta-feira (14), a edição da medida provisória (MP 966/2020), em que o presidente Jair Bolsonaro isenta os servidores públicos de possíveis crimes praticados durante o período da pandemia. Para o líder petista, a MP visa defender o próprio Bolsonaro, ao eximir o serviço público de mortes que possam ocorrer durante a pandemia do novo coronavírus.

Enio ainda criticou as relações promíscuas de Bolsonaro com grileiros – que defendem a MP 910 – e a interferência do presidente em trocas de comando da Polícia Federal, para proteger sua família e milicianos. No discurso, o líder petista ainda conclamou o Parlamento a discutir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Sobre a MP 966 – publicada hoje (14) pelo governo Bolsonaro, que livra os agentes públicos de serem responsabilizados, civil e administrativamente, por erros cometidos durante a pandemia do novo coronavírus – Enio enfatizou que “quem não está defendendo o povo brasileiro é o presidente da República”. E que esta medida provisória é a cara do presidente Bolsonaro: “incompetente, não faz nada e ainda quer se portar como vítima ou se proteger, com alguma base legal”, apontou.

Segundo Verri, quando parcela da população brasileira escolheu Bolsonaro como presidente, imaginava que estaria votando em uma “pessoa séria, responsável, competente e que vai cuidar do Brasil e que vai cuidar da minha família. Eu vou ter uma vida melhor com Bolsonaro presidente”, disse o parlamentar petista. Como nada disso aconteceu, observa o líder petista, é hora de “discutirmos, com esses trinta pedidos de impeachment que aí estão, de avaliarmos se seriamente não devemos pedir o impeachment, e esperar que este País mude em outras mãos, porque nas de Bolsonaro não será possível”.

Enio argumentou ainda que as pesquisas de opinião comprovam que Bolsonaro não tem responsabilidade com o povo brasileiro e não tem compromisso com a vida. “Bolsonaro não tem respeito por aqueles que o elegeram e não tem respeito principalmente por aqueles que não têm recursos para ficar sem trabalhar. Eu estou me referindo ao pequeno produtor rural, ao micro e pequeno empresário, àqueles que estão trabalhando na economia informal, ao pessoal do MEI, a trabalhadores e trabalhadoras desempregados ou não”, explicou o líder petista.

Meio ambiente e auxílio emergencial

Ainda durante seu discurso na tarde desta quinta-feira (14), Enio Verri criticou decreto do governo federal que transfere a concessão de florestas do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura. Enio Verri voltou a observar que numa pandemia como a que o País enfrenta, qual a necessidade de o governo federal transferir a exploração de “nossas florestas para a pasta da Agricultura num momento como este? É claro que há algum interesse por trás disso”, denunciou.

O líder citou ainda a medida provisória (MP 910/2019), que prevê a entrega de terras públicas para grileiros. “Bolsonaro quer fazer das terras públicas local de exploração e acumulação de riquezas por parte de uma minoria, coisa que, cabe ressaltar, não é de hoje. Isso é coisa de 500 anos”, contextualizou o parlamentar.

Enio frisou que o PT tem denunciado que o governo Bolsonaro é absolutamente entreguista, um governo que não está preocupado com a população.

“Este é um governo que é, excessivamente, ágil para liberar dinheiro para os bancos, mas não consegue de maneira nenhuma liberar R$ 600 para aquela cidadã ou para aquele cidadão que precisa desse recurso para comprar comida para os seus filhos, para comprar um litro de leite para aquela criança. Nossa população mais pobre — com as pessoas coladas umas nas outras — corre o risco seriíssimo de ser contaminada por coronavírus em frente a agências da Caixa Econômica”, criticou, ao se referir a demora de Bolsonaro em pagar o auxílio emergencial.

Para reduzir as filas e agilizar o pagamento e o atendimento às pessoas que precisam do auxílio emergencial, o líder petista sugeriu: “Por que não se usam o Banco do Brasil, os bancos estatais, como o Banco do Nordeste, as agências Lotéricas e de Correios, os bancos privados? Por que se é tão eficiente com os ricos e tão incompetente com a nossa população mais pobre, que é aquela que produz a riqueza em nosso País? Eu fico admirado de ver isso”, lamentou o deputado paranaense.

Liberar mais recursos

Para o deputado, neste momento, “a preocupação tinha que ser por respiradores, por UTIs, por liberação de mais recursos, aliás, atrasados para estados e municípios, que estão na ponta do enfrentamento desta crise. Teria de haver um discurso do presidente da República e de seu ministro da Saúde — que não sabe de que caminhão caiu, que está sempre olhando para o céu, que não sabe o que está acontecendo — em prol do isolamento social, incentivando o lockdown, incentivando a população a se preservar para não morrer”, orientou o líder da Bancada do PT.

Bolsonaro, Moro e PF

O deputado petista ainda lembrou da tribuna sobre a gravação de vídeo de Bolsonaro, em reunião ministerial, em que ele cobra proteção à sua família no Rio de Janeiro. “Vamos lembrar da reunião dos ministros, denunciada pelo ex-ministro Moro, em que Moro disse que o presidente queria o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro para cuidar dele, da sua família e de seus amigos. Ele não estava se referindo ao GSI [Gabinete de Segurança Institucional], cuja proteção do presidente da República e de sua família é um direito dele, mas de proteger de coisas erradas que eles fazem”, disse sobre as relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro.

Para Enio Verri, Bolsonaro e sua família estão envolvidos em inúmeras coisas erradas e ilegais. “É um absurdo que um presidente da República queira ter uma Superintendência da Polícia Federal só para si, para ele guardar no bolso, para fazer aquilo que ele quer, para cobrir os equívocos, as ilegalidades que ele e seus filhos cometem com tanta frequência”, denunciou.

Aumento de mortes pela Covid

O deputado petista afirma que Bolsonaro faz de tudo para justificar a sua incompetência. E cita os números de casos da Covid-19 e de mortes que aumentam no País. Enio Verri cita que o número de mortes decorrentes do coronavírus já chega a 13 mil pessoas e começa a faltar leitos de UTI, além de os recursos públicos não chegarem à ponta. “Governadores e prefeitos estão desesperados porque são eles que precisam responder por uma coisa que caberia ao presidente da República fazer”, esclarece o líder petista.

Mas o presidente da República está ocupado, andando de jet ski, e diz que isso tudo que está acontecendo é uma besteira; que a população não tem de se preocupar e tem de voltar a trabalhar; que a economia é mais importante do que a vida. “Para Bolsonaro, a vida está para a economia, e não a economia está para a vida. E ele não está nem aí. Como disse o presidente da República: “e daí? Eu sou messias, mas eu não sou Deus”. É este o presidente que nós temos”, lamentou Enio Verri.

Bolsonaro é muito pequeno

Enio Verri disse que Bolsonaro é muito pequeno para dirigir o País numa normalidade, e absolutamente incompetente, insuficiente para dirigir o País numa crise deste tamanho. “Nós estamos com o País acéfalo, um País onde o Judiciário luta e faz o possível para cumprir o seu papel na defesa da Constituição; onde o Legislativo, com as divergências que lhe são peculiares, hoje reduzidas ao máximo, aprovando projetos de extrema importância para garantir a vida da população. Esta Câmara, o Senado têm trabalhado dia e noite, todos os dias nós trabalhamos na Câmara, na tentativa de garantir projetos sérios e que garantam a vida da nossa população. Isso não é um mérito da esquerda, é um mérito de todos os partidos que compõem esta Câmara. O importante para nós é a manutenção da vida, a manutenção de uma Nação. E isso se faz com respeito a cada um, a cada uma, não importa sua renda, sua religião, sua cor, sua orientação sexual”, destacou o líder petista.

Para o deputado, o Brasil caminha para uma situação muito difícil. Segundo Enio Verri, “tínhamos que estar discutindo e apoiando o presidente, distribuindo remédios, UTIs, salvando vidas, mas nós precisamos pedir o impeachment do Presidente”, frisou. De acordo com o líder petista, se “estamos pedindo o impeachment do presidente, não é porque queremos, não é porque achamos que isso é importante, e nem estamos felizes por isso; é porque se esse presidente continuar a dirigir o País, nós não vamos salvar o povo brasileiro. Eu tenho medo de pensar o que será este Brasil, logo após a pandemia, com Bolsonaro dirigindo o País. O que vai acontecer com a vida de cada um, de cada uma”, indagou.

Carlos Leite

 

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