Dirigentes do PT defenderam nesta terça-feira (3) na Câmara dos Deputados a necessidade do próximo presidente ter maioria parlamentar para reverter os retrocessos sociais e trabalhistas e evitar a venda do patrimônio público nacional ao capital estrangeiro. As declarações ocorreram durante o lançamento do “manifesto por uma Frente no Parlamento Compromissada com a Reconstrução e o Desenvolvimento do Brasil”, elaborada pelas fundações dos principais partidos de esquerda do País e apoiada por movimentos sociais e sindicais.
Para a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a formação da frente terá importância não apenas na disputa eleitoral de outubro, mas também para a ampliação de uma base que sustente um futuro governo com um projeto nacional de desenvolvimento.
“Quando iniciamos uma campanha com um plano de governo, e vencemos a eleição ao governo, tudo é lindo e maravilhoso no papel, mas depois vem a dificuldade no meio do caminho que se chama Congresso Nacional. Se temos a atual situação de descalabro no País isso se deve muito a esse parlamento, que não vota por exemplo uma reforma tributária justa, que tribute mais os ricos e não o restante da população, mas que entrega as nossas reservas do pré-sal às petroleiras estrangeiras”, afirmou.
Em nome do líder da bancada do PT, deputado Paulo Lula Pimenta (RS) – que pôde participar apenas do início do evento por conta de outra reunião – o deputado Carlos Lula Zarattini (SP) destacou que essa frente precisa ser fortalecida como forma de influenciar os rumos da campanha eleitoral, visando a formação de uma bancada progressista a fim de reverter os retrocessos patrocinados por Temer.
“Esse manifesto precisa influenciar a nossa atuação parlamentar na reconstrução do País e na retomada do desenvolvimento, para que assim possamos reverter a mudança na legislação do pré-sal, a retirada dos direitos trabalhistas e impedirmos a Reforma da Previdência. Também precisamos a partir de 2019 retomarmos o projeto nacional de desenvolvimento, colocando o País novamente em posição de destaque no cenário internacional, e melhorando a qualidade de vida do nosso povo”, frisou.
Já o presidente da Fundação Perseu Abramo (do Partido dos Trabalhadores), Márcio Pochmann, também destacou a importância de os cinco partidos assumirem as posições contidas no manifesto como forma de afinarem o discurso para ser apresentado à população durante as eleições.
“Esse manifesto é muito importante neste momento em que o País não tem projeto nacional e só pensa em medidas de curto prazo. Precisamos ter diretrizes que nos orientem tanto debate presidencial, quanto na disputa pelo legislativo, para que o próximo presidente tenha uma bancada que o apoie em um projeto nacional de desenvolvimento para o País”, analisou.
Manifesto – A plataforma programática básica visando à formação da Frente Parlamentar que impulsione a realização de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento propõe: a ampliação e fortalecimento da democracia; um Estado nacional forte, portador de um projeto para a nação; a defesa da soberania nacional, do patrimônio e da economia nacional e da soberania energética; e o desenvolvimento nacional com inclusão social, sustentabilidade ambiental.
O documento também defende a garantia de um desenvolvimento nacional com a reindustrialização do País; a realização de uma reforma tributária progressiva; o fortalecimento da educação como setor estratégico; o restabelecimento de políticas públicas de redução das desigualdades de renda; implementação de políticas de segurança pública como foco na informação, tecnologia e gestão; o resgate e fortalecimento de políticas sociais; a emancipação das mulheres; e construção de políticas de direitos humanos de superação dos preconceitos.
As fundações dos partidos de esquerda defendem ainda a recuperação do papel constitucional do Poder Legislativo, que restaure o prestígio do Congresso Nacional. Para tanto, além da realização de uma reforma política democrática, a Frente progressista ressalta a necessidade de aglutinar apoio parlamentar para, se possível, formar uma maioria que, em sinergia com a mobilização popular, consiga aprovar bandeiras do projeto nacional.
Presenças – Participaram da mesa de abertura do ato os representantes da Fundação Lauro Campos (PSOL), Angeli Tostes; da Fundação Maurício Grabois (PCdoB), Renato Rabelo; da Fundação João Mangabeira (PSB), Alexandre Navarro; e da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Manoel Dias.
Também estiveram presentes os presidentes nacionais do PCdoB, deputada Luciana Santos (PCdoB-PE); do PSB, Carlos Siqueira; além da presidenta nacional da UNE, Mariana Dias; e do presidente da Contag, Aristides Santos.
Entre os parlamentares petistas, assistiram ao ato de lançamento do manifesto o líder da oposição na Câmara, deputado José Lula Guimarães (CE), e os deputados Adelmo Leão (MG), Arlindo Chinaglia (SP), Celso Pansera (RJ), Enio Lula Verri (PR), Erika Lula Kokay (DF), Maria do Rosário Lula (RS), além dos senadores petistas Paulo Rocha (PA) e Regina Souza (PI).
Héber Carvalho