No momento em que o Brasil assume o primeiro lugar em mortes por milhão de habitantes em decorrência da pandemia da Covid-19, entre os países que compõe o G20, o presidente Jair Bolsonaro irá efetivar o general do Exército Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, na próxima quarta-feira (16). Pazuello passou quase quatro meses como ministro interino, após dois médicos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, pedirem demissão do cargo.
Parlamentares da Bancada do PT na Câmara criticaram a futura posse, alegando que Pazuello nada fez para evitar as mais de 132 mil mortes de brasileiros pelo novo coronavírus, até o momento. O País é o terceiro em números absoluto de casos, só perde para os Estados Unidos e Índia.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), dar posse agora é só uma formalidade. “O ministro de coturno já usa e abusa de plenos poderes que detém desde o primeiro dia que assumiu como interino. Monitora, persegue e censura servidores; esvaziou os órgãos técnicos, substituindo funcionários de carreira qualificados por milicos amigos, que não conhecem nada de saúde pública. O resultado foram 117 mil mortos só na gestão Pazuello”, denunciou Jorge Solla, que também é médico. O parlamentar ainda lamentou a mancha que a gestão desastrosa deixará na história da FAB. “O genocídio vai pra conta de um general da ativa, uma lastimável chaga da história das Forças Armadas brasileiras”, disse o médico.
“O general que ocupa, há 4 meses, o Ministério da Saúde ser efetivado na semana que o Brasil atingiu o 1⁰ lugar em mortes/milhão de habitantes é o melhor exemplo do que Bolsonaro quer com a Reforma Administrativa: Efetivar sem concurso quem passou no teste probatório de ‘guardião’ do governante de plantão”, afirmou o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da saúde no governo Dilma Rousseff.
Incompetência
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) critica a incompetência do atual ministro interino. “Depois de não fazer nada por quatro meses, Pazuello não fará nada oficialmente. Com uma pandemia que já matou mais de 132 mil brasileiros, o Ministério da Saúde segue tomado por militares”.
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) escreveu em suas redes sociais que o governo Bolsonaro é “surreal”. “Depois de 4 meses à frente do Ministério da Saúde sem fazer e nem propor absolutamente nada, Bolsonaro efetiva Pazuello como Ministro da Saúde. Que governo surreal!”.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), a efetivação é a premiação por Pazuello ser submisso as vontades de Bolsonaro. “Pazuello efetivado como Ministro da Saúde é a premiação da subordinação, da incompetência e a certeza de que continuaremos sem ministro da Saúde na mais grave crise sanitária em 100 anos”.
“A sensação que tenho quando escuto que o Pazuello será efetivado como ministro da Saúde é que ele passou no teste de Bolsonaro: topou recomendar remédio que não tem eficácia, manteve o Brasil entre os campeões mundiais de morte por Covid e não reage diante dos ataques ao SUS”, assegurou o deputado Bohn Gass (PT-RS).
Militares da Reserva
Para o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), Pazuello tem que ir para a reserva. “Já passou da hora de Pazuello ir para a reserva. Militares da ativa não podem continuar no governo e depois voltarem a seus postos. Assumiu cargo, vai pra reserva, como proponho na PEC que apresentei”.
Lorena Vale