Há 60 anos, o Brasil mergulhava em um dos períodos mais sombrios de sua história recente: o Golpe Militar de 1964. Este marco histórico não apenas alterou drasticamente o curso político do país, mas também desencadeou uma série de lutas populares e movimentos de resistência contra a ditadura militar que perdurou por mais de duas décadas. E o Partido dos Trabalhadores teve e tem um papel relevante em defesa do Estado Democrático de Direito.
É crucial lembrar do passado para evitar que erros se repitam. Recentemente, o Brasil enfrentou uma tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados de extrema direita. No entanto, o povo brasileiro e, especialmente, os parlamentares do Partido dos Trabalhadores e progressistas de todo país, reafirmaram seu compromisso com a democracia.
O líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), enfatizou que “lembrar o golpe de 64 é essencial para a luta em defesa da democracia no Brasil”. Para o parlamentar, a lição histórica sobre o capítulo inaugurado por 1964 é de que a democracia é um valor a ser preservado que nos exige posicionamento firme e nítido em sua defesa. “Aprofundar e qualificar a democracia brasileira: ditadura nunca mais!”, exalta.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), única parlamentar negra a integrar a Assembleia Nacional Constituinte, afirmou que relembrar o período da ditadura “não é apenas olhar para o passado, mas sim, lutar para construir diariamente um futuro onde as novas gerações tenham a chance de viver em uma pátria de democracia, diversidade e liberdade”.
O PT e a derrubada da ditadura
Neste cenário de repressão e autoritarismo, o Partido dos Trabalhadores emergiu como uma voz da oposição e da esperança. Fundado em 1980, o PT representou uma alternativa política democrática e popular, congregando sindicalistas, intelectuais, movimentos sociais e diversos setores da sociedade civil em sua luta contra a ditadura.
O partido foi uma das principais forças políticas na construção de uma agenda de redemocratização e direitos humanos, defendendo a liberdade de expressão, a justiça social e a igualdade de oportunidades para todos os brasileiros.
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente em 2002 marcou não apenas a ascensão de um ex-operário ao mais alto cargo político do país, mas também a consolidação da luta pela democracia e pelos direitos humanos no Brasil. Em 2022, a eleição de Lula pela terceira vez mostrou que o País precisava novamente viver sob democracia plena, uma vez que desde o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, mergulhou o Brasil em crises econômicas, políticas e sociais.
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ressaltou que a democracia sempre fez parte da trajetória do PT, que enfrentou “fuzis diante das manifestações, a censura e a opressão às liberdades democráticas”.
Ela lembrou que PT esteve na linha de frente da campanha pelas diretas. “Nossas lutas foram essenciais no processo de redemocratização do país”. Gleisi acrescentou que o partido enfrenta atualmente a extrema direita fascista, representada pelo bolsonarismo, que conspirou para dar um golpe e continua ameaçando a democracia. “Denunciar, mobilizar a sociedade e derrotar a extrema direita são tarefas centrais do PT e do campo popular e democrático. Sem anistia, ditadura nunca mais”.
Lutas contra a ditadura militar
No calor da repressão e da censura emergiram movimentos de resistência que desafiaram a opressão do regime militar como os movimentos estudantis, operários, sociais, comunitários e culturais.
Os jovens foram protagonistas na luta pela democracia, ocupando escolas e universidades, organizando manifestações e confrontando a repressão policial em busca de liberdades democráticas. Os trabalhadores também se levantaram contra a ditadura, promovendo greves, os sindicatos reivindicando melhores condições de trabalho e direitos humanos fundamentais.
Diversos grupos sociais uniram-se em resistência, incluindo movimentos ligados à reforma agrária, comunidades urbanas marginalizadas e defesa dos direitos humanos. Artistas, músicos, escritores e intelectuais ergueram a voz contra a repressão, utilizando a arte como forma de expressão e resistência.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) relembrou que a luta pelo fim da ditadura foi “encabeçada por companheiros e companheiras que mais tarde fundaram o Partido dos Trabalhadores” e que agora continuam “lutando pela democracia”.
Conquistas dos trabalhadores
O deputado Vicentinho (PT-SP) falou sobre o nascimento do PT “no coração” do movimento sindical do ABC Paulista como um farol de esperança para os trabalhadores. Segundo ele, juntos, os trabalhadores superaram a ditadura e conquistaram vitórias cruciais na Constituinte, garantidas pela Constituição de 1988, como o fortalecimento das relações coletivas de trabalho, autonomia e liberdade de organização sindical, a licença-maternidade, a redução da jornada de trabalho e a constitucionalidade do direito de greve, entre outras.
“Desde sua origem, o PT se comprometeu não apenas com a conquista de direitos, mas também com a promoção da dignidade, igualdade e cidadania para o povo brasileiro”, afirmou o parlamentar.
Deputado Vicentinho. Foto: Gabriel Paiva
Nota do PT
A Bancada do PT na Câmara dos Deputados emitiu nota em que condena o golpe militar de 1964. O texto assinado pelo líder Odair Cunha menciona o fechamento do Congresso Nacional em várias ocasiões, a perseguição política, a violência, a censura e a tortura durante os 21 anos de ditadura. Além disso, o PT critica aqueles que tentam revisar a história para negar a natureza autoritária do regime militar.
Também enfatiza a necessidade de recriar a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta em governos anteriores, para investigar e reconhecer os casos de vítimas desse período.
A Bancada do PT na Câmara reiterou, por nota, um posicionamento histórico do nosso partido acerca do Golpe de 64 que inaugurou uma ditadura militar de 21 anos no país. Lembrar 64 é fundamental para a luta em defesa da democracia no Brasil. Todo o resto é uma tentativa risível de…
— Odair Cunha (@odaircunhamg) March 28, 2024
Leia mais declarações dos parlamentares:
Deputada Reginete Bispo (PT-RS): “Este ano se completam 60 anos da infâmia que foi o golpe militar, o golpe que acabou com as liberdades democráticas, acabou com o Estado Democrático de Direito matou todos aqueles que tinham um pensamento crítico em relação ao golpe e acabou com as organizações do movimento social brasileiro. O povo brasileiro resistiu e restabeleceu a democracia”.
Deputado Airton Faleiro (PT-PA): “Completamos agora 60 anos do golpe militar que tanto mal fez, não só à democracia, mas ao nosso País como um todo. Nós viemos aqui para reafirmar: democracia sempre, golpe nunca mais”.
Deputada Juliana Cardoso (PT-SP) – “Infelizmente, houve parlamentares que defenderam o retorno da ditadura, apoiando aqueles que cometeram torturas contra pessoas que lutavam por seus direitos. Por isso, este dia não pode ser apenas de memória, mas também de luta. É preciso lutar para garantir nossa democracia, conquistada com tanto esforço e que demanda esforços diários para ser preservada”.
Deputado Paulão (PT-AL): “É importante que essa memória não seja apagada. Foram tirados direitos previdenciários, trabalhistas e liberdade de expressão. Muitos jovens foram mortos por querer ter o direito de sonhar com um Brasil melhor”.
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Lorena Vale