Há quase um ano, na Rede TV!, Bolsonaro havia se referido às pessoas mais pobres como “17 milhões que não têm como ir mais para o mercado de trabalho”. “Com todo respeito, não sabem fazer quase nada”, tripudiou, desrespeitosamente.
Naquela vez, o desmentido veio com antecedência. Dez dias antes, O Estado de S. Paulo apresentara estudo sobre os beneficiários do Bolsa Família revelando que, do 1,15 milhão de pessoas que começaram a receber a ajuda em 2003, 795 mil (69%) devolveram o cartão. Dignamente, alegavam ter conquistado uma fonte estável de renda e, por isso, abriam mão do benefício em favor de quem ainda precisava.
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Desemprego sob Bolsonaro dobrou em relação aos governos do PT
A diferença entre os maus e os bons tempos é que a taxa de desemprego no Brasil dobrou sob Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes em relação aos governos do PT. É o que aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no relatório ‘As contradições da melhora dos indicadores econômicos no Brasil’, divulgado na semana passada.
Fundamentado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo revela que a taxa média de desocupados, que era de 12,4% em 2003, primeiro ano do Governo Lula, caiu 45%, para 6,8%, em 2015, último ano integral do Governo Dilma. Michel Temer encerrou o mandato com o desemprego em 11,7%. Dois anos depois, na primeira metade do mandato bolsonarista, a taxa atingiu 14,2%.
1) Guedes e Bozo mais uma vez questionam a fome e os dados apurados pela Rede de Pesquisadores em Soberania e Segurança Alimentar, Rede PENSSAN. Negar as evidências não mudará a realidade. Tão pouco colocar “antolhos” evitará que se deparem nas ruas com a tragédia social. 👇
— Tereza Campello (@CampelloTereza) September 21, 2022
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua mais recente, referente a julho deste ano, mostra que o número de desempregados continua na fronteira dos dois dígitos (9,9 milhões). Já o contingente de trabalhadores em serviços informais, sem proteção da lei, bateu novo recorde (39,3 milhões de pessoas).
No último dia 9, após prometer que manteria o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 e enviar ao Congresso Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) com o benefício em R$ 405, Bolsonaro debochou no programa eleitoral, prometendo o pagamento extra de R$ 200 “para quem começar a trabalhar” entre os beneficiários do programa.
No Twitter, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Governo Dilma Rousseff, Tereza Campello, lembrou que “Bozo” prometeu o benefício em agosto de 2021, quando criou o Auxílio Brasil, mas até hoje não o implementou. É dessa forma que “Bozo” vai camuflando a total incompetência para administrar o país. O negócio dele é outro.
Bolsa Família tirou 36 milhões da pobreza extrema
Extinto por Bolsonaro após 18 anos, o Bolsa Família foi um dos maiores programas de transferência de renda do mundo. Utilizado como complemento da renda familiar de 70% das famílias beneficiadas, que já estavam no mercado de trabalho, o programa foi um dos principais responsáveis por tirar 36 milhões de pessoas da pobreza extrema.
As condicionalidades do Bolsa Família incluíam cartão de vacinação completo para crianças de até 5 anos, frequência mínima à escola e pré-natal por gestantes. A inclusão produtiva das famílias beneficiadas era um dos objetivos do programa – e se tornou, durante o governo Dilma, um dos principais eixos do Plano Brasil Sem Miséria, criado em 2011. Em três anos, 22 milhões de pessoas ascenderam socialmente.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) gerou 1,215 milhão de matrículas em 578 cursos de qualificação profissional distribuídos por 3.217 municípios. Entre os inscritos, 68% eram mulheres e 50% tinham entre 18 e 29 anos.
Quem trabalhava por conta própria foi contemplado com o Microempreendedor Individual (MEI), formalizando o ofício. Teve à disposição o programa de assistência técnica e gerencial, coordenado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e acesso ao microcrédito produtivo orientado dos bancos públicos.
Veja o legado do Plano Brasil sem Miséria
No campo, o Brasil Sem Miséria criou uma rota específica de inclusão produtiva para agricultores familiares, assentados da reforma agrária, acampados, extrativistas, pescadores, quilombolas, indígenas e outros povos e comunidades tradicionais. Dessa forma, 286,3 mil famílias receberam assistência técnica para aumentar a produção e melhorar a renda. Até 2014, 75,8 mil delas já recebiam recursos de fomento.
O Programa Água para Todos construiu 579,6 mil cisternas para universalizar o acesso à água no semiárido e outras 60 mil cisternas de produção e outras tecnologias sociais para recuperar a capacidade produtiva de famílias afetadas pela estiagem prolongada.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) realizou em três anos 192,3 mil operações com agricultores familiares de baixa renda. O Programa de Microfinança Rural do Banco do Nordeste atendeu 1,12 milhão de famílias, 655,1 mil (58,6%) delas, beneficiárias do Bolsa Família, e 834,3 mil (74,6%), inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
O Bolsa Verde beneficiou com projetos de Inclusão Produtiva Rural 59,8 mil famílias de extrativistas, assentados e ribeirinhos, para que pudessem continuar produzindo e conservando o meio ambiente. E o Luz para Todos realizou 283 mil ligações para famílias do CadÚnico, 203 mil delas beneficiárias do Bolsa Família.
Em 2013, o Bolsa Família recebeu um prêmio internacional. Na Suíça, a Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA) anunciou o Brasil como vencedor do I Award for Outstanding Achievement in Social Security, em reconhecimento ao sucesso do Bolsa Família no combate à pobreza e na promoção dos direitos sociais da população mais vulnerável do Brasil. Um ano depois, o Brasil saía do Mapa da Fome.
Do PT Nacional