Parlamentares do Partido dos Trabalhadores usaram suas redes sociais para denunciar os absurdos do ex-juiz Sergio Moro. Após a prisão de pessoas suspeitas de integrarem uma organização que pratica crimes cibernéticos, o ministro da Justiça de Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (25), ao presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, que os materiais apreendidos pela Policia Federal serão destruídos, em razões de trazerem conteúdos de diálogos entre diversas autoridades. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), é “inacreditável que uma pessoa que está envolvida diretamente com os fatos investigados – sob suspeita de ter cometido crimes no exercício de suas funções como juiz – pode determinar a destruição de provas que podem comprovar os seus atos ilegais”.
Pimenta afirmou ainda que “Moro usa o aparato do Estado para ameaçar jornalistas e limpar seus rastros”.
A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidenta do PT nacional, ressaltou que a destruição de provas é crime e obstrução de justiça, dirigindo-se diretamente ao ministro. “O que você quer esconder? Ainda mais você que desobedeceu ao ministro Teori e não destruiu os grampos dos advogados do Lula”, apontou Hoffmann.
A deputada Benedita da Silva (PT) também questionou a atitude do ex-juiz e pediu a opinião dos seus seguidores. “Curioso! Vocês perceberam a agilidade e preocupação do Moro em identificar e prender os supostos hackers? Por que o mesmo empenho e agilidade não se vê no caso Queiroz? O que vocês acham?”, indagou a presidenta da Comissão de Cultura da Câmara.
Já o deputado Leonardo Monteiro (PT), presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara, criticou a falta de seriedade do ministro. “A cara de pau de Moro não tem limites”, escreveu Monteiro.
“Não era ele que pedia para que se publicassem todas as mensagens? Moro não pode ter tudo: ou as conversas vazadas eram falsas ou um grupo de hackers extraiu mensagens de celulares. A resposta? Está no material que ele quer ordenar que se destrua”, questiona a deputada Natália Bonavides (PT-RN), que é advogada.
Democracia
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) considera que Moro tem problemas com provas. “Não basta condenar Lula sem apresentar uma única prova, agora age para destruir as que o incriminam. Algo que prova que quer fazer o povo de idiota, que não tem qualquer pudor em destruir a democracia brasileira”, criticou a parlamentar.
“Assim, ele destrói as instituições brasileiras. Moro ministro, quando diz que vai destruir provas, pensa que ainda é juiz. Quando juiz, pensava que era procurador ou delegado da polícia federal. O Supremo Tribunal Federal tem que botar limites no moço”, cobrou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
O deputado Afonso Florence (PT-BA) também alertou que Moro quer fazer “é obstrução de Justiça, não é investigação. As mensagens não podem ser destruídas, devem ser remetidas, imediatamente, para o STF”.
O deputado Alexandre Padilha (SP-PT) questionou o motivo da destruição do material com as mensagens. “Se não há nada a esconder por que destruí-las?”, perguntou o ex-ministro da saúde do governo Dilma Rousseff. Ainda segundo Padilha, o “recado de Moro, além de soar como chantagem, revela algo gravíssimo. Se a apuração da PF corre em sigilo, como o seu chefe teve acesso?”.
STF
Segundo Marco Aurélio de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Moro não pode destruir provas e disse que cabe ao Judiciário decidir isso, e não à Polícia Federal ou ao ministro.
A declaração do ministro do Supremo foi elogiada pelo deputado Paulão (PT-AL). “Ainda bem que tivemos uma voz corajosa, o ministro do STF, Marco Aurélio, contra essa ação criminosa”, comentou o parlamentar alagoano.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), “se o ministro Moro fizer isso estará cometendo mais um crime contra nosso ordenamento jurídico institucional. Só quem pode destruir provas é um juiz. Ele é parte e não pode agir dessa forma. O mundo democrático precisa reagir a mais esse escândalo”.
O deputado Odair Cunha (PT-MG) lançou uma pergunta aos seus seguidores no Twitter. “Que autoridade Moro tem para anunciar destruição de provas?”.
“Eventual decisão de destruir provas não é de Moro, mas do juiz do caso. E só pode se fazer isso depois do processo encerrado. Mas a gente sabe, Moro não suporta provas”, argumentou em tom jocoso o deputado Bohn Gass (PT-RS).
Desespero
O deputado Ênio Verri (PR), disse que o ministro aparenta estar em desespero. “Sérgio Moro dá sinais de desespero. Ele comunicou a autoridades que elas foram hackeadas, mas não tem a lista com os nomes. Também disse, sem autoridade alguma para isso, que todo o material apreendido com os supostos hackers será destruído. O mal é a primeira mentira, disse Lula”, lembrou o paranaense.
Adulteração
Este episódio, sugere o deputado Rogério Correia (PT-MG), seria uma oportunidade de Moro provar sua inocência. “Se não tivesse culpa, a situação seria a ideal para Moro provar que as mensagens divulgadas pelo Intercept e parceiros foram adulteradas. Bastava comparar com o material em poder dos ‘hackers’ presos. Que nome dar a isso além de destruição de prova?”, perguntou o mineiro.
Seguindo a mesma linha, o deputado Henrique Fontana (PT-RS), lembrou que o ex-juiz se recusou a entregar o celular para a perícia. “Agora, ao invés de provar a ‘adulteração’ das mensagens, ele usa do cargo de ministro da Justiça para promover destruição de provas de seus supostos crimes”, denunciou Fontana.
Os deputados petistas Helder Salomão (ES), Airton Faleiro (PA), Patrus Ananias (MG) e Carlos Zarattini (SP) também denunciaram a atitude de Sergio Moro.
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Lorena Vale