Deputado pede convocação do general Heleno para explicar sigilo nas reuniões de Bolsonaro com pastores lobistas

Deputado Rogério Correia. Foto: Gustavo Bezerra

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou na Mesa Diretora da Câmara, na última quinta-feira (14) requerimento solicitando dados sobre os encontros do presidente Jair Bolsonaro com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Os pastores são suspeitos de intermediar a liberação de recursos da educação junto a municípios, em troca de propina em dinheiro, ouro e até compra de bíblias, segundo prefeitos.

Em outro requerimento, protocolado no mesmo dia, Rogerio Correia pede a convocação do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para esclarecer critérios adotados para classificar como sigilosas informações tipicamente públicas, em particular os encontros do presidente Bolsonaro com Gilmar Santos e Arilton Moura. O petista solicitou ainda informações sobre o conteúdo das reuniões.

O questionamento do deputado Rogério Correia foi encaminhado à Câmara um dia após o GSI decretar o sigilo sobre as reuniões entre Bolsonaro e os pastores lobistas, investigados pela Polícia Federal sob a suspeita de terem pedido propina como condição para liberar verbas do ministério a prefeituras.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, o jornal O Globo pediu horários de entrada e saída do palácio dos dois pastores. O GSI respondeu ao jornal que não seria possível dar os detalhes solicitados: “A solicitação não poderá ser atendida. Observa-se, assim, que o tratamento de dados pessoais coletados no caso, o nome e a data de entrada de visitantes na Presidência da República, cumpre a finalidade específica de segurança”.

Pressionado, governo libera dados

No início da noite de quinta-feira (14), o governo, pressionado, voltou atrás e tornou público os registros das entradas dos pastores na sede do governo federal. Argumentou que a publicização “é fruto de recente manifestação da Controladoria-Geral da União quanto à necessidade de atender o interesse público”

Pelos dados divulgados, o pastor Arilton Moura esteve 35 vezes no Palácio do Planalto, entre o início do governo Bolsonaro e fevereiro de 2022. Informa ainda que, a maior parte das vezes foi sozinho. Mas em 10 visitas o pastor Gilmar Santos estava junto e que, em duas ocasiões o destino registrado era gabinete pessoal do presidente Jair Bolsonaro.

O GSI informou ainda que juntos os pastores também estiveram seis vezes na Casa Civil e uma vez na Secretaria de Governo e que o pastor Arilton foi ainda ao gabinete do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

Pelos dados, o lugar mais visitado por Arilton foi a Secretaria de Governo: 16 vezes. Justamente um dos órgãos responsáveis pela articulação política e liberação de verbas.

Convocação mantida

Mesmo com a divulgação dos dados, o deputado Rogério Correia afirmou que os requerimentos estão mantidos e que é preciso “aprofundar os questionamentos e as informações”.

Veja a íntegra dos requerimentos:

Requerimento de Informação_GSI – Gilmar Santos e Arilton Moura – presidente da república

Req. convocação Ministro Augsto Heleno – GSI Mesa Diretora

 

Da Redação do PT na Câmara, com agências

 

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