O deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS) promoveu nesta terça-feira (5) audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para discutir o relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). Na avaliação do parlamentar, as ameaças na produção de alimentos e geração de energia apontadas pelo PBMC devem ser analisadas e é papel do legislativo propor políticas públicas que mitiguem e previnam os efeitos das mudanças climáticas.
“Um dos grandes desafios do parlamento é justamente encontrar respostas para problemas difíceis e o efeito estufa é um destes. Precisamos preparar nossa agricultura e nossa matriz energética para enfrentar estas mudanças. A audiência desta terça deve ser o primeiro passo para consolidarmos ações neste sentindo” afirmou o parlamentar.
Bohn Gass manifestou, ainda, que um dos caminhos apontados para a convivência com as mudanças no clima está na pesquisa de novas cultivares resistentes a estas alterações. O deputado citou a parceria realizada pela Embrapa em parceria com a Unicamp que gerou a construção de um laboratório com capacidade de criar variedades resistentes aos aumentos da temperatura e à alteração do ciclo das chuvas.
Gilvan Sampaio, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lembrou que no Brasil existem dados consolidados desde 1960 garantindo precisão no entendimento das primeiras mudanças mais profundas no clima de nosso país. “Já conseguimos detectar as alterações nas temperaturas, agora precisamos discutir de que forma estas mudanças afetam a agricultura, a agropecuária e a produção de alimentos”.
Para o professor do Centro de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Molion, é muito difícil acertar nas previsões sobre o clima. “Ninguém tinha previsto a seca que assolou nosso país no ano passado. Não foi prevista nem por nós, nem por nenhum órgão internacional. Esse e outros fatores me levam a defender que os modelos climáticos não são válidos para o longo prazo”.
A importância da separação entre o que é, e o que não é pesquisa científica, foi o mote do pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad. “O Painel não faz ciência, ele compila trabalhos publicados na literatura científica, portanto não gera novos conhecimentos, mas discute e organiza aquilo que já existe”, informa o pesquisador salientando a importância da difusão dos conhecimentos já acumulados.
“Estamos compilando as bases científicas sobre as mudanças climáticas este é o grande papel do Painel, não estamos emitindo opiniões, mas analisando dados e por isso esta audiência é um espaço importante para amplificar o dialogo” disse o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacyr Araujo. Segundo ele, além de levar em conta o volume de gases do efeito estufa na atmosfera, é crucial analisar o ritmo destas mudanças. “A aceleração da liberação dos gases do efeito estuda é uma das marcas mais profundas da participação do homem na alteração do clima”.
O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas é um organismo científico que tem como objetivo reunir, sintetizar e avaliar informações sobre as mudanças em curso no clima do Brasil e do Mundo.
Assessoria Parlamentar