A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha a investigação da morte de João Alberto, assassinado em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre, se reuniu, na tarde desta terça-feira (1), com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e com o setor de Justiça e Segurança do governo gaúcho.
Durante a audiência, Eduardo Leite admitiu que o assassinato de João Alberto foi uma demonstração nítida do racismo que ainda existe no País.
Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), uma das integrantes da comissão, é satisfatório que o governo reconheça que não houve negacionismo do racismo, segundo ela “uma posição contrária à do governo federal que vem negando a sua existência, mas que havia necessidade de tomar medidas concretas”.
A parlamentar enfatizou ainda que apesar da perda, a família de Joao Alberto disse hoje acreditar na Justiça. “Isso significa, governador, que nós devemos justiça a esta família. Espera-se isso com o cumprimento do devido processo legal, esta investigação deve ser célere”, pediu.
Maria do Rosário sugeriu ainda a criação de uma comissão de trabalho para implementar a legislação sobre educação com perspectiva de igualdade racial; e apoio para aprimorar a fiscalização e controle sobre empresas prestadoras de segurança privada.
“Hoje sabemos ainda que há empresas atuando na ilegalidade sob a guarda de CNPJs legais. E são nessas que profissionais da Brigada Militar estão atuando. Esperamos do governo estadual medidas concretas neste sentido”, cobrou.
De acordo com o deputado Vicentinho (PT-SP), o governador e sua equipe de segurança informaram que três pessoas já foram presas e outras quinze estão com prisões decretadas, o que deve ocorrer nos próximos dias. “Nós conversamos e cobramos, e eles assumiram o compromisso de fazer o trabalho o mais preciso possível”, disse Vicentinho.
Justiça
Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) é preciso fortalecer o movimento contra o racismo estrutural para que não haja mais mortes como a de João Alberto. “Nós precisamos, senhor governador, fortalecer esses movimentos, porque se não houver apoio vai ser mais um negro que morreu”.
Ela ainda destacou que o judiciário brasileiro precisa fazer justiça. “Nós não queremos falar só dessa família, nós queremos falar das outras famílias. Porque o que nós aprendemos hoje de manhã com essa família é que eles querem justiça. Ainda creem nessa Justiça e querem contribuir para que isso não venha a acontecer com nenhuma outra pessoa”.
Além das deputadas Maria do Rosário e Benedita da Silva, a comissão é composta pelos deputados Vicentinho (PT-SP), Damião Feliciano (PDT-PB), que coordena a comissão, Bira do Pindaré (PSB-MA) e Orlando Silva (PCdoB-SP), e pelas deputadas Áurea Carolina (PSOL-MG) e Silvia Cristina (PDT-RO).
Veja o vídeo gravado pela deputada Maria do Rosário:
A deputada federal e integrante da Comissão Externa que acompanha o caso de João Alberto, Maria do Rosário, relata a reunião com os familiares de João Alberto ocorrida agora pela manhã (1/12), em Porto Alegre. pic.twitter.com/25MHVpzWZO
— Maria do Rosário (@mariadorosario) December 1, 2020
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Lorena Vale com Assessoria de Comunicação