CPI: Petistas defendem apuração rigorosa dos escândalos de corrupção no MEC

Foto: Site PT

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (28), para destacar a importância do requerimento de CPI a fim de investigar os escândalos de corrupção no Ministério da Educação protocolado hoje no Senado. O deputado Rogério Correia (PT-MG), que busca assinaturas para a CPI do MEC na Câmara, parabenizou os senadores por conseguirem as assinaturas e instalarem este importante colegiado que vai verificar o que aconteceu no Ministério de Educação durante o Governo Bolsonaro.

“E é muita coisa errada! Destruíram a educação pública nesse período”, acusou o deputado. Além do esquema de tráfico de influência no Ministério, através de um gabinete paralelo formado por pastores, sem vínculo oficial com a pasta, com acesso direto ao então ministro Milton Ribeiro operando na distribuição de recursos a prefeituras conforme interesses políticos e pessoais, Rogério Coreia afirmou que os recursos foram esvaziados, desde a creche até a universidade. “As metas do Plano Nacional de Educação não foram atingidas, mas a corrupção, esta foi atingida e atingiu o Ministério da Educação”, criticou.

As investigações são muitas, afirmou Rogério Correia: superfaturamento de ônibus escolares; material de kit robótica em escolas que não têm nem sequer infraestrutura e água; escolas fakes que recebem dinheiro do governo Bolsonaro. “E o pior, a mando de pastores que recebem propina em barra de ouro”, criticou.

Rogério Correia relembrou que tenta formar essa CPI desde o dia 23 de março de 2022, mas até agora só garantiu 85 assinaturas – são necessárias 171. “Mas aqui na Câmara, o silêncio é absoluto. Aqui existem emendas do relator, emendas milionárias. Com isso, nada se investiga do governo Bolsonaro. Parece que a Câmara trabalha para fazer emendas aos municípios e esqueceu a sua importante tarefa de fiscalizar o Poder Executivo. Não faz isso mais pelo boicote do Centrão e de deputados bolsonaristas”, protestou.

Bolsonaro vazou informação da operação da PF

O deputado do PT mineiro criticou ainda o fato de o próprio presidente Bolsonaro ter alertado o Milton Ribeiro sobre a operação da Polícia Federal que resultou na prisão do ex-ministro na semana passada, e que foi revogada no dia seguinte pelo Superior Tribunal de Justiça. “Com isso, houve interferência direta no trabalho da Polícia Federal, que levou o delegado a se rebelar. Esse Bolsonaro deveria estar na cadeia. E a CPI é uma necessidade. Ela não saiu na Câmara, mas saiu no Senado, e nós vamos apoiar todo o trabalho dos senadores porque educação não pode ser antro de corrupção”, afirmou.

O deputado Bohn Gass (PT-RS) também citou a interferência de Bolsonaro, ao relembrar que no último dia 9 o presidente da República ligou para Milton Ribeiro dizendo que teve um pressentimento de que a PF ia fazer busca e apreensão na casa do ex-ministro. “Como Jair Bolsonaro não tem poderes de adivinhação, a verdade está na nossa cara: Bolsonaro foi informado que a Polícia Federal agiria contra a corrupção no MEC e vazou essa informação. Então, nós queremos saber: quem informou o presidente de que haveria uma busca e apreensão na casa do seu ex-ministro?”.

Bohn Gass citou ainda que, embora o ministro da Justiça, Anderson Torres, tenha dito em rede social que não falou com Bolsonaro sobre isso, “uma coisa é certa, ele, Anderson, estava com Bolsonaro nos Estados Unidos justamente no dia em que houve o telefonema para Ribeiro”.

Entretanto, a pergunta mais importante a ser feita, segundo Bohn Gass, é: por que o presidente Bolsonaro alertou um suspeito de corrupção de que a polícia iria na casa dele? “A resposta para mim é evidente. Bolsonaro avisou porque estava com medo de que a Polícia Federal achasse provas da maracutaia no MEC. Bolsonaro quis dar tempo a Ribeiro para que ele destruísse provas”, acusou.

Participação do presidente no esquema

Bohn Gass disse ainda que o telefonema não é a única evidência da participação direta de Bolsonaro nesse esquema. “Quando se descobriu que dois pastores tinham o poder de liberar verbas no MEC, também veio a público um áudio de Milton Ribeiro dizendo que a ordem para atender aos pastores foi direta do presidente, e Bolsonaro nunca negou essa ordem”, enfatizou, ao reforçar que todas essas apurações precisam ser feitas.

“Por isso, a importância da CPI no MEC, para que todos esses esquemas e desvios sejam apurados. Para os alunos e estudantes está faltando o dinheiro que vai para essa orgia da corrupção”, protestou.

Quadrilha

Ao falar da CPI do MEC, protocolada com a assinatura de 30 senadores, três a mais do que o exigido regimentalmente, o deputado Célio Moura (PT-TO) enfatizou que é preciso investigar a atuação da “quadrilha que se formou para surrupiar o dinheiro da educação no Brasil, com o aval do presidente Bolsonaro, e que está roubando o futuro dos estudantes brasileiros”.

“É uma vergonha o que estava acontecendo no Ministério da Educação, com este ministro que saiu aí, Milton Ribeiro, juntamente com dois pastores corruptos — e nós defendemos alguns pastores que são honestos —, que meteram a mão no dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do MEC, sacanearam o orçamento da educação brasileira, com a complacência do presidente da República”, denunciou.

Célio Moura lamentou o fato de os deputados ainda não terem conseguido as assinaturas necessárias para também instalar uma CPI com o objetivo de investigar os desvios dos recursos da educação pública. “Mas o Senado está de olho. Enquanto a Câmara dorme, o Senado está vivo. Portanto, em breve, veremos a CPI do MEC trabalhando”, previu.

“Que se descubra tudo”

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) manifestou a sua tristeza com tudo que está acontecendo no Ministério da Educação. Ela citou que há 42 anos trabalha com educação. “Acompanhei diversos ministérios nos nossos governos e muitos outros antes dos nossos governos, mas nunca vi algo tão tenebroso como estamos vendo agora. Vemos cortes nos recursos dos institutos federais, das universidades, da educação básica, cortes fortes nas bolsas que sustentam a pesquisa deste País. E, em contrapartida, vemos o Ministério da Educação tomado por uma turma de pessoas estranhas ao ninho. O que estão fazendo pastores, o que estavam fazendo e podem continuar fazendo ainda distribuídos por este País, organizando reuniões em diversos estados brasileiros?”, indagou.

A própria deputada citou o que esses pastores fazem: “Fazem acordos para retirar dinheiro de merenda escolar, de ônibus escolar, do chão da escola, dos nossos profissionais. Que vergonha é essa? Espero que a CPI do MEC dê frutos e descubra tudo”, desejou Rosa Neide, ao acrescentar que os estudantes, os profissionais e as famílias não podem pagar o preço do desmando do governo Bolsonaro.

“Paladino da ética”

O deputado Padre João (PT-MG) afirmou que este dia 28 é marcado por esse protocolo do pedido de CPI do MEC. “Espero que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), instale o quanto antes a CPI do MEC, porque as denúncias são graves. Espero que também a Procuradoria-Geral da República tome as providências, e, assim, possamos desmascarar esse governo que se passa de paladino da ética para os outros”.

E o deputado Joseildo Ramos (PT-BA) parabenizou a Oposição no Senado, que está protagonizando uma CPI para jogar luzes, para trazer para cima da mesa o que está acontecendo no MEC, que a essa altura nega recurso para a ciência, para a pesquisa, para as universidades federais, para os institutos federais. “Isso é uma verdadeira orgia, e mais um gabinete paralelo está caracterizando este governo, que é um governo autoritário que não tem nenhum resultado prático para este País, principalmente – repito – para os que vivem nas franjas da sociedade, os mais pobres”.

Também se manifestaram a favor da CPI do MEC os deputados Afonso Florence (PT-BA), Alencar Santana Braga (PT-SP), Carlos Zarattini (PT-SP), Jorge Solla (PT-BA), Leo de Brito (PT-AC), Leonardo Monteiro (PT-MG), Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Waldenor Pereira (PT-BA).

 

Vânia Rodrigues

 

 

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