A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), destacou em plenário, nesta quarta-feira (19), que hoje o dia não está fácil para Jair Messias Bolsonaro. Além do depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, na CPI da Covid, a Polícia Federal amanheceu na casa do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também nas dependências do ministério, e uma intervenção da Justiça mandando afastar o presidente do Ibama, Eduardo Bim, em decorrência de denúncia de que Salles fez um despacho, em 2020, autorizando a exportação ilegal de madeiras.
“E essa denúncia veio de fora. A Polícia Federal foi avisada por autoridades estrangeiras, que tinham recebido a carga do Brasil. É esse o papel do Ministério do Meio Ambiente no País: ajudar a exportar madeiras ilegalmente”, criticou a deputada. Gleisi citou que a Amazônia está cada vez mais queimada, mais descuidada, e a população indígena e a população originária sofrendo violência. “Até agora eu não vi nenhuma ação do governo federal em relação aos ianomâmis, que estão sendo invadidos por garimpeiros, duas crianças já morreram, e é esse o retrato do Brasil”, lamentou.
CPI da Covid
Para a deputada, quem devia cuidar do meio ambiente, não cuida. “Também, pudera! O presidente da República tinha que cuidar do povo, e também não cuida. O Ministério da Saúde tinha que cuidar da vida, também não cuida. E, aliás, a CPI da Covid está nos mostrando exatamente como age esse governo. Não é só uma questão de irresponsabilidade, não. O governo agiu deliberadamente para não conter a pandemia”, acusou.
Perplexa, Gleisi disse que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello hoje dá uma informação que, do ponto de vista de gestão, é um absurdo: a de que ele se encontrava somente a cada 15 dias com o presidente Bolsonaro. “Imaginou nós numa crise de saúde, numa pandemia, as pessoas morrendo, e o ministro da Saúde despacha a cada 15 dias! É injustificável isso. Mas é o que nós temos no Brasil. A vacina, que também não foi comprada… E ele ficou lá (na audiência da CPI) hoje falando, falando, falando, justificando, e, por fim, negou que seguia as ordens de Jair Bolsonaro, depois de ter dito para todo o País que quem mandava era Bolsonaro”, protestou.
Falta de Oxigênio
O deputado Zé Ricardo (PT-AM) também se manifestou em relação à CPI da Covid, que está verificando as responsabilidades por tantas mortes no nosso País. “Nós estávamos vendo o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e agora do ex-ministro da Saúde Pazuello, na questão que envolveu a falta de oxigênio, que aconteceu em Manaus, no Amazonas. Ali está sendo demonstrada a omissão efetiva do Governo Federal, a falta de responsabilidade, as dificuldades criadas, inclusive, para que pudéssemos buscar o oxigênio em países vizinhos, como é o caso da Venezuela”, afirmou.
Zé Ricardo explicou que em 1 hora poderia ir à Venezuela, com um avião, pegar oxigênio e trazer para salvar centenas, milhares de vidas no Amazonas, e eles não fizeram isso. “Até a ONU, por meio dos Estados Unidos, tinha avião à disposição para também ajudar no transporte de oxigênio, e eles não viabilizaram. Então eu faço um repúdio a esse governo de morte, e a CPI está mostrando isso”, conclui.
“Papelão” dos ex-ministros da Saúde
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) destacou a importância do papel que tem tido a CPI da Covid e lamentou o “papelão” que os ex-ministros da Saúde e ex-integrantes do alto escalão do governo Bolsonaro têm feito. “É um bando de mentiroso descarado. Pessoas de uma hipocrisia sem tamanho e de uma desfaçatez sem tamanho vão sendo conhecidas de uma maneira mais ampla pela população brasileira”, afirmou, ao observar que a Oposição já conhecia essas “figuras”.
“Nós conhecíamos esses ex-ministros, esses ex-ocupantes do alto escalão do governo Bolsonaro. E, desde 2019, já os denunciávamos. Alertávamos em 2019 e em 2020 o quanto o Brasil estava nas mãos de gente incompetente, de gente irresponsável, de gente despreparada, de gente que não tem nenhum tipo de sentimento de humanidade, nenhum tipo de compromisso com a Nação”, reforçou.
E o deputado Zé Neto (PT-BA) afirmou que não se pode conceber que o Brasil seja governado por narrativas, por mentiras, por covardia e por situações como a de hoje, na CPI da Covid, com o ex-ministro Pazuello. “Quem o vê falando vai achar que tá tudo certo. E quem foi que deixou de comprar vacina? E quem foi que propôs, que propagou que não se usasse máscara, que não se usasse álcool? Quem foram os responsáveis por não renovarem as políticas que esta Casa aprovou?”, indagou, ao lembrar que o País passou 5 meses sem auxílio emergencial e que até agora, não se renovou o Pronampe – programa de ajuda ao pequeno empresário.
Terceira onda
Zé Neto citou ainda reportagens publicadas hoje, as quais apontam para uma terceira onda da Covid. “E uma terceira onda que provavelmente irá ceifar a vida de 750 mil brasileiros. E ninguém teve culpa?”, indignou-se, ao recordar que o governo Bolsonaro não comprou vacina, porque ninguém teve culpa. “Não se tomaram as medidas cabíveis, porque ninguém teve culpa. No orçamento que não é o orçamento de guerra, quem são os culpados?”, indagou.
Vânia Rodrigues