A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), fizeram um apelo para a inclusão do veto 08, que trata da compra de vacinas, na pauta da sessão do Congresso Nacional que ocorre neste momento. “É urgente e inadiável a aquisição de vacinas e esse veto precisa ser derrubado pois impede, da forma como foi vetado, estados e municípios de adquirirem as vacinas. O tema é urgente e precisa ser enfrentado por esta Casa. Portanto, não é razoável que, com uma sessão do Congresso em andamento, a matéria fique para momento posterior e incerto”, protestou Zarattini, que deixou a Liderança da Minoria no Congresso nesta quarta-feira (17).
O novo líder da Minoria no Congresso, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) reforçou a importância e a urgência da apreciação do veto 08. “No momento em que o Brasil, infelizmente, chega perto dos 300 mil mortos pela Covid, não há nada mais importante do que combater a pandemia, e a derrubada do veto 08 é fundamental nessa luta contra o coronavírus”, argumentou. Chinaglia enfatizou ainda que não se pode considerar que o País vive uma normalidade. “Lamentavelmente, o Brasil até agora vacinou apenas 10 milhões de pessoas, e a maioria recebeu apenas a 1º dose. O vírus continua circulando e a chance de aumentar a pandemia e o surgimento de nova cepa é muito grande”, alertou.
A deputada Gleisi Hoffmann considerou um absurdo a Casa não apreciar o veto 08, nesta quarta-feira. “Esse é um projeto que dava condição aos prefeitos e governadores de comprarem vacina. Para mim esta é a matéria mais importante. Enfim, não vai ser colocada. Temos que lamentar e denunciar”, afirmou.
Incapacidade do governo
O deputado Carlos Zarattini enfatizou que o Brasil sabe da dificuldade que o governo federal tem de resolver essa questão da vacina, da pandemia. “Eu diria mesmo que não se trata de dificuldade, mas de incapacidade do governo federal de resolver essa questão. Então, reforçou a necessidade de derrubarmos esse veto. Ontem, morreram 2.798 pessoas no Brasil. É um absurdo. Nós vamos passar de 500 mil mortos. Nós precisamos agir, e o Congresso Nacional pode tomar essa decisão hoje”, pediu o deputado, durante a apresentação de questão de ordem para a inclusão do veto. O pedido, no entanto, foi rejeitado e o veto só será apreciado em uma nova sessão do Congresso, ainda sem data definida.
Sistema de saúde em colapso
A deputada Gleisi Hoffmann alertou que o sistema de saúde está entrando em colapso, com todo o esforço que os profissionais do SUS fazem, com o esforço que muitos governadores e muitos prefeitos fazem. “O Sistema Único de Saúde não está conseguindo segurar essa onda toda, pelo aumento dos casos, pela demanda, e, o que é pior, morre gente de Covid e morre gente de outras doenças, porque as outras doenças não estão sendo atendidas também no sistema. É muito trágico!”, lamentou.
Gleisi disse que era preciso ter aprovadas medidas em conjunto com governadores, com prefeitos. “Se o governo federal tivesse responsabilidade teria feito isso, não fez. O fato é que governadores e prefeitos estão tomando medidas. Eu acho que esta Casa, este Congresso Nacional têm que se manifestar publicamente em apoio a esses gestores que estão tomando medidas, seja de compra de vacinas, porque estão pressionando o governo federal a fazê-lo”, afirmou, ao acrescentar também que não é fácil discutir lockdown. “O problema é que a medida extrema tem que ser tomada, porque nada foi feito antes”, observou.
Ela reforçou que, “se antes tivessem sido tomadas medidas em conjunto com governadores, prefeitos; se antes tivéssemos providenciado vacinas; se antes tivéssemos definido a renda emergencial sem suspendê-la; se antes tivéssemos colocado crédito barato para esses pequenos empresários e para os agricultores familiares, talvez não estivéssemos passando por esta situação”.
Auxílio Emergencial
Gleisi Hoffmann criticou ainda o fato de o governo Bolsonaro ter pago por pouco tempo e depois ter suspendido o auxílio emergencial de R$ 600 para os brasileiros mais vulneráveis. Ela citou que a cesta básica aumentou 33% no governo Bolsonaro. “Se ele (governo) der um auxílio emergencial de R$ 250 não compra nem 39% dos produtos da cesta. Se os agricultores familiares não tiverem apoio agora, vai cair ainda mais a produção. Sabe o que nós vamos ter? Nós vamos ter desabastecimento de produtos no segundo semestre”, alertou.
A parlamentar enfatizou que já está “pela hora da morte” o preço da comida nos supermercados. “Se houver desabastecimento, vai subir mais. Nós vamos ter morte por Covid e morte por fome. As pessoas estão comendo menos. Isso é fome crônica, uma vergonha para um País como o nosso, que tem uma base agrícola”, protestou, frisando que no Brasil se privilegia a plantação de soja para a exportação. “Nós não comemos soja, comemos arroz, feijão, batata, aquela comida que é produzida pelo agricultor familiar”, completou.
Fora Bolsonaro
Gleisi concluiu reforçando que a prioridade é combater a Covid, é combater a crise, é liberar a vacina para prefeitos e governadores, a renda emergencial de R$ 600 para combater essa carestia. “E, claro, o fora, Bolsonaro! Ele é a encarnação da crise. Enquanto esse homem estiver naquela cadeira, nós não vamos tirar o País do abismo”, desababou.
Vânia Rodrigues