Comissão debate o enfrentamento e controle do vírus HTLV-1, mesma família do HIV

Comissão de Saúde debate o enfrentamento e controle do vírus HTLV-1 - Foto: Thiago Coelho

Por iniciativa do deputado Jorge Solla (PT-BA) a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados debateu, nesta terça-feira (5), a importância das políticas públicas para o enfrentamento e controle do vírus HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas), além da importância de se promover campanhas informativas sobre o vírus e as formas de enfrentá-lo. O HTLV é um retrovírus da mesma família do HIV e pode causar diversas morbidades, como câncer e problemas neurológicos.

Jorge Solla, que também é médico, destacou que é grande o número de casos dessa doença sexualmente transmissível no Brasil, cerca de a 2,5 milhões de pessoas. “O HTLV encontra-se presente em todas as regiões brasileiras, concentrando-se em populações negligenciadas, com maior prevalência em mulheres negras e em indivíduos com baixa renda e escolaridade”, explica.

O deputado alerta que as repercussões da infecção e do adoecimento na vida das pessoas podem levar à quadros graves e incapacitantes e gerar um alto custo social, econômico e financeiro para as famílias e para o sistema público de saúde. “O que aponta para a necessidade de investimento em ações preventivas no sentido de quebrar a cadeia de transmissão e evitar quadros graves e incapacitantes”, completa.

HTLV

Existem dois principais tipos de HTLV conhecidos: HTLV-1 e HTLV-2. O HTLV-1 está associado a algumas condições médicas, enquanto o HTLV-2 é geralmente considerado menos patogênico. As principais vias de transmissão da infecção pelo HTLV-1 são relações sexuais desprotegidas, parenteral e de mãe para filho, principalmente durante a amamentação.

Estima-se que existam de 15 a 20 milhões de pessoas portadoras do vírus em todo o mundo. O Brasil é considerado o país com o maior número de casos, estimando-se que de 800.000 a 2,5 milhões de brasileiros vivam com o vírus. As regiões Norte e Nordeste concentram o maior número de casos.

Políticas Públicas

As políticas públicas para HTLV vigentes no Brasil são: triagem de HTLV para doadores de sangue, órgãos e de tecidos celulares; publicação do Relatório Técnico HTLV para serviços de hemoterapia e laboratórios e Saúde Pública; guias para o Manejo Clínico para pacientes com o vírus; e a recomendação de interrupção da amamentação; o fornecimento de fórmulas lácteas para as mães que vivem com o vírus HTLV-1 e o fornecimento do medicamento cabergolina pelo Sistema Único de Saúde.

Segundo Pâmela Gaspar, uma outra forma de prevenção da transmissão vertical é a ampliação da cobertura de testagem para HTLV-1 no pré-natal que ainda não é universalmente recomendada pelo SUS, mas que já está sendo analisada pelo Ministério. A Bahia é um dos poucos estados do país que faz triagem pré-natal no SUS para evitar infecção de bebês, além de ser referência nos estudos de HTLV.

Gestantes e parturientes

Um estudo sobre a prevalência de HTLV e outras Infecções sexualmente e padrões de comportamento sexual em parturientes e população geral do Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde está em andamento e está previsto para terminar em 2026.

A pesquisa será feita em 32 mil parturientes em 224 maternidades do Brasil. De acordo com a representante do departamento de Aids, Tuberculoso, Hepatites virais e Infecções sexualmente transmissíveis do Ministério da Saúde, Pâmela Gaspar, os dados preliminares mostram que a prevalência do HTLV-1 em gestantes brasileiras chega a 0,32%. Até abril de 2023, foram coletados exames de 10 mil parturientes. Os dados parciais mostram que a prevalência de HTLV é de 0,13%.

 

Lorena Vale

 

 

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