A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara realizou, nesta quarta-feira (19), audiência pública com representantes do poder público e de várias crenças para promover o diálogo inter-religioso e debater a liberdade religiosa e o Estado laico no Brasil.
O presidente da CDHM, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ressaltou que as instituições religiosas são “vocacionadas à promoção de valores humanistas”, mas lamentou a existência de episódios de violência e intolerância entre religiões também no Brasil. Apesar disso, Pimenta considera o País “um território fértil de cooperação e diálogo inter-religioso”.
O deputado Luiz Couto (PT-PB), que é padre católico, criticou a perda do “sentido de humanidade” e de comunhão que as religiões deveriam promover. “Até a palavra que usamos, tolerância, não é suficiente. Nós ‘toleramos’… mas o que nós queremos e precisamos é o respeito, é a convivência pacífica. O diálogo é fundamental e nós esquecemos desse diálogo. Precisamos deixar de lado as arrogâncias e as prepotências e dialogar de fato ”, advogou Couto.
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) elogiou a recente formação da Frente Inter-Religiosa, que se formou para lutar contra a proposta de redução da maioridade penal na Câmara, mas atacou os fundamentalismos que prejudicam o diálogo entre as diversas crenças. “Ali nós tínhamos a CNBB, o Conic, os Evangélicos pela Justiça, a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e naquele espaço tinham o mesmo objetivo e foi uma experiência bastante exitosa na perspectiva do diálogo, do ‘trocar com o outro’”, disse Erika.
“Vivemos numa sociedade com muito fundamentalismo e isso esgota a capacidade reflexiva e dialógica. Não podemos tolerar que uma menina, uma criança, seja apedrejada na rua por estar com as roupas de sua fé, de uma religião de matriz africana. Se não respeitamos a laicidade, não haverá presente nem futuro em nossa sociedade”, registrou a parlamentar.
“Apesar das diferenças foi possível um diálogo muito rico”, avaliou o presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e bispo anglicano, Dom Flávio Irala. Outros expositores da audiência pública também estiveram o coordenador-geral do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República, Alexandre Fonseca; o monge beneditino, escritor e teólogo Marcelo Barros de Souza; a sacerdotisa de candomblé Oneide Monteiro Rodrigues (Mãe Nangetu) e o presidente da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), Uziel Santana, entre outros.
PT na Câmara