Com Bolsonaro, País encerra o ano em recessão, com desemprego crescente e com 14 milhões de famílias na pobreza extrema

Fila do desemprego cresce. Já são 14 milhões sem empregos. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil-Arquivo

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (15), em uma das últimas sessões deste ano, para lamentar o encerramento de mais um ano de governo Bolsonaro com o País em recessão, com o desemprego crescente; uma escalada inflacionária de grande impacto no preço dos alimentos; com uma política equivocada de explosão de preço dos combustíveis e gás de cozinha; e com mais de 14 milhões de famílias vivendo em situação extrema de pobreza.

“Nós estamos chegando ao final do ano melancolicamente, do ponto de vista político e econômico, do ponto de vista ambiental. Também vivenciamos um isolamento de um governo jamais conhecido tanto interna, quanto externamente”, avaliou o deputado Joseildo Ramos (PT-BA). Ele observou ainda que o desemprego está cada dia mais consistente, a inflação alcançou os dois dígitos e a política de dolarização elevou abusivamente o preço dos combustíveis.

Joseildo Ramos. Foto: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados

Joseildo citou também a depreciação da moeda. “Quando comparado com o mundo emergente, o Brasil está em segundo lugar, o real está perdendo 30% do seu valor de compra”, informou, ao acrescentar que o País está tecnicamente numa recessão, porque, há dois trimestres, o nosso PIB beira zero. “Com a inflação alta, nós estamos à beira de proclamar estagflação neste País”, alertou.

“O que vai ocorrer no ano que virá, um ano eleitoral em que a bússola do governo vai estar na disputa e, portanto, não terá tempo para resolver, na economia, os problemas que ele ajudou a criar?”, indagou Joseildo. Na avaliação do parlamentar, isso traz uma sentença para os mais pobres: quase metade da sociedade brasileira têm níveis diferentes de vulnerabilidade alimentar. “Vou repetir: mais ou menos metade do povo brasileiro hoje experimenta a gradação de vulnerabilidade alimentar. Há muito tempo não víamos isso. Nós vencemos a fome, e a prova dos nove, para não dizer que estamos falando isso à toa, é que no País já não se viam mais pedintes. Mas todo o mundo vê isso agora”, lamentou.

Para Joseildo, as pesquisas esclarecem a quantas andam os humores dos brasileiros. “Vemos a reprovação desse presidente, que certamente no pódio só ficará em primeiro lugar como omisso, como alguém que patrocina o desemprego, como alguém que espalha a cizânia e o ódio”, conclui.

Impactos negativos dos 3 anos de Bolsonaro

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) citou os impactos negativos desses 3 anos de governo Bolsonaro na história do País. “Desde que Bolsonaro assumiu, o que o País vê é um conjunto permanente de conflitos, de brigas, de falta de resultados, da cultura da intolerância e do ódio na política”, afirmou o deputado, ao acrescentar que Bolsonaro tem como uma das suas grandes características a mentira que se construiu em torno da sua personalidade política de que ele seria contra o sistema.

Henrique Fontana. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

“Na verdade, hoje, Bolsonaro é sustentado pelo sistema mais atrasado da política brasileira e produz resultados catastróficos na economia, do ponto de vista social, das relações internacionais do nosso País”, afirmou Fontana, ao destacar que, na economia, o Brasil vive uma escalada inflacionária de grande impacto no preço dos alimentos — feijão, arroz, carne —; no preço dos combustíveis, com uma política absolutamente equivocada de explosão de preços e dolarização dos preços do gás de cozinha, da gasolina, do diesel; e no desemprego, que cresce sem parar. Na avaliação do deputado do PT gaúcho, o Brasil precisa de outro caminho.

Um governo que não gosta de pobre

Ao também se manifestar sobre o final do ano, a deputada Erika Kokay (PT-DF) destacou que estamos com um governo que ameaça os direitos todos os dias. “Todos os dias! É um governo que não consegue esconder a sua misoginia, o seu capacitismo”, criticou. Ela citou o veto do governo Bolsonaro ao projeto de lei que estabeleceu à dignidade menstrual. “Esse é um governo que não consegue esconder a sua aversão ao povo pobre deste País”, lamentou.

Erika citou ainda a PEC do calote, que assegura ao governo o “calote” nos precatórios, que é direito líquido e certo. “Usaram uma desculpa de assegurar recursos para o Auxílio Brasil, mas, na verdade o governo já tem folga orçamentária para pagar, e pagar com larga margem e sobrar recursos, para estabelecer o auxílio de R$ 400”, afirmou, ao acrescentar que o calote é para ter dinheiro para “pagar os votos, para pagar o dito Centrão, para pagar aquele que Bolsonaro tem que comprar para poder ter uma governabilidade nesta Casa, que não consegue através dos seus próprios projetos”, acusou.

Deputada Erika Kokay. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Ainda entre os retrocessos do governo, Erika lembrou que no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência, no mínimo, o governo encaminhou quatro projetos a esta Casa para tirar o direito às cotas, no mercado de trabalho, das pessoas com deficiência. “Aliás, recentemente, o general Heleno disse que o povo não poderia permitir que as pessoas incapazes governassem o Brasil. Eu também acho. É por isso que Bolsonaro será derrotado nas eleições”, conclui.

Pobreza extrema

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) destacou a situação de desespero da população mais vulnerável do País. “Nós temos mais de 14 milhões de famílias ou cerca de 50 milhões de pessoas vivendo em situação extrema de pobreza. O pior patamar de miséria até então já vivido no Brasil”, criticou. “E, no combate à fome, o que o governo Bolsonaro faz? Ele tira o prato de comida da mesa do trabalhador e da trabalhadora, e até mesmo, em relação à contribuição generosa que cada um de nós fazemos ao doar uma bolsa de alimentos, as pessoas estão esbarrando com uma dificuldade: elas não podem cozinhar o alimento que estão recebendo porque não podem comprar o gás!”, denunciou.

Para a deputada, isso é muito sério. “É preciso ter outro olhar de esperança para 2022, um olhar de que se mude essa perspectiva de miséria absoluta, de desemprego. Por isso é que nós esperamos sim, que, em 2022, nós tenhamos Luiz Inácio Lula da Silva eleito presidente do Brasil, para resgatarmos não só projetos que deram certo de combate à fome e à miséria e de inclusão social, mas também um Brasil de desenvolvimento para todos e todas”.

Benedita da Silva. Foto: Gustavo Bezerra

O deputado João Daniel (PT-SE) também falou da pobreza extrema e citou dados que mostram que a partir deste mês 25 milhões de brasileiros e brasileiras ficarão sem nenhum auxílio. “A marca do governo Bolsonaro é a marca do homem que acabou com o Programa Bolsa Família, o maior e mais respeitado programa social reconhecido internacionalmente. Mas o povo brasileiro está compreendendo o que é, o que foi e o que está sendo um governo que não tem planejamento, que não tem amor pela população, que é o governo genocida do Bolsonaro”, disse, ao se referir às pesquisas que mostra queda na avaliação do governo.

João Daniel. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O deputado Vicentinho (PT-SP) manifestou preocupação com a desigualdade crescente no País. Ele citou pesquisa do ranking da desigualdade no mundo que coloca o Brasil em segundo lugar na América Latina, perdendo em desigualdade apenas para o Chile. “Isso é muito grave. No G20, a África do Sul está em primeiro lugar, e o Brasil está em segundo lugar, em termos de desigualdade. Olha como isso é sério. Lembro ainda que, no Brasil, o 1% dos mais ricos são donos de 50% da riqueza no nosso País. E os 50% mais pobres são donos de  1% da riqueza no nosso País. Veja o tamanho da gravidade”, frisou.

Vicentinho. Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

 

Redução da desigualdade

Vicentinho destacou ainda que a renda média de julho, agosto e setembro de 2021 caiu 11% e o número de desocupados também aumentou. Em dezembro, janeiro e fevereiro de 2021, eram 12,6 milhões de pessoas. Em julho, agosto e setembro de 2021, eram 13,4 milhões de pessoas. “Essa é a prova cabal de que, quando se desenvolve política restritiva de direitos, quando o egoísmo dos grupos econômicos, quando os interesses dos opressores, dos fazendeiros, das grandes empresas, sobretudo dos bancos, são maiores do que os interesses do povo, há esse resultado. Por isso, mais do que nunca, precisamos desenvolver políticas em busca da redução da desigualdade”.

 

 

Vânia Rodrigues

 

 

 

 

 

 

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