Cerco a Bolsonaro se fecha por fraude no cartão de vacinação, afirmam petistas

Bolsonaro é um dos alvos da ação da Polícia Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Deputado Rogério Correia. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A operação da Polícia Federal realizada na manhã desta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente Bolsonaro, em Brasília, e em outros 15 endereços, além da prisão preventiva do braço-direito do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outras cinco pessoas ligadas a Bolsonaro foi tema da maioria dos discursos dos parlamentares do PT. O deputado Rogério Correia (PT-MG) informou que o sigilo da operação foi aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. “E sabe o que é dito no inquérito contra Bolsonaro e aqueles que falsificaram cartão de vacina? ‘É uma organização criminosa’, e o ex-presidente Jair Bolsonaro está lá na organização criminosa”, afirmou.

Rogerio Correia disse ainda que a Polícia Federal informou que Bolsonaro sabia da fraude no cartão. “Isso foi dito ao STF pelo delegado da Polícia Federal que está fazendo a investigação. E Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro, ou faz tudo de errado para o Bolsonaro, foi encontrado com US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie”. Convertida, a moeda americana vale hoje o montante de R$ 175 mil. O dinheiro estava em um cofre na residência do militar.

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

E mais, continuou o deputado, “tem gente presa hoje que já começou a falar. O ex-major Ailton Barros, candidato do PL a deputado estadual nas últimas eleições disse agora na Polícia Federal que ele sabe quem mandou matar Marielle. Está dito na Polícia Federal”, reiterou.

O vice-líder da Bancada do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ) avaliou que o cerco está se fechando para Bolsonaro. Ele relembrou que Bolsonaro chegou ao Brasil no dia 30, há 1 mês e 1 semana. “E ele já se encontrou com a Polícia Federal por três vezes; primeiro, no caso do roubo das joias; segundo, no depoimento do atentado de 8 de janeiro; e agora pela terceira vez, no caso do cartão de vacina falsificado”.

“E para vocês, bolsonaristas, esse crime de hoje — para o qual eu quero chamar a atenção — traz à tona este personagem: tenente-coronel Mauro Cid, o ajudante de ordens, o faz-tudo de Bolsonaro”, afirmou o deputado. Ele explicou o que Mauro Cid é um personagem importante. “Há outra investigação no Supremo Tribunal Federal sobre a rachadinha do cartão corporativo, feita pelo tenente-coronel Mauro Cid! Ele aparece pagando as contas da Michelle Bolsonaro. Ele pagou o cartão de uma amiga da Michelle Bolsonaro, a Rosimary Cardoso. E isso tudo está lá!”.

Lindbergh citou ainda que Mauro Cid também é personagem na questão do roubo das joias. “Foi dele o ofício para aquele major tentar retirar as joias, no dia 29 de dezembro, na Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Então, ele é uma peça central”, reiterou. O deputado informou que Mauro Cid será um dos primeiros nomes a ser convocado na CPMI de 8 de janeiro pelo seu elo com agentes da extrema direita. “Existem diálogos dele com o blogueiro Alan do Santos. Temos que quebrar o sigilo telefônico e o sigilo bancário dele. Poderemos provar que o autor intelectual de tudo o que aconteceu no dia 8 de janeiro foi Jair Bolsonaro. Porque o tenente-coronel era a pessoa que atendia o telefone ou que falava em nome de Bolsonaro”, afirmou.

Responder pelos crimes

Deputada Carol Dartora. Foto: Gustavo Bezerra/Câmara dos Deputados

Para a deputada Carol Dartora (PT-PR) hoje é um grande dia para a democracia. “Hoje, acordamos com a notícia que Bolsonaro teve que receber a Polícia Federal na sua casa, pelas fraudes e crimes que cometeu na pandemia. Ele fraudou cartão de vacinação, sistema de saúde para poder viajar para os Estados Unidos e fingir que tinha se vacinado, a despeito de no Brasil sair dizendo, por todos os lugares, que não se vacinou, incentivando outras pessoas a não se vacinarem, numa crise sanitária pelo qual passou o nosso País. Sabemos que isso levou muitas pessoas à morte”.

Carol Dartora destacou que Bolsonaro começa a responder pelos seus crimes. “O seu braço direito já foi preso. Tenho certeza de que muitos outros crimes de Bolsonaro se evidenciarão, porque estamos neste momento que retomamos nossa democracia”.

Quebra do sigilo de 100 anos

Deputada Ana Paula Lima. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A deputada Ana Paula Lima (PT-SC), secretária da Primeira Infância, Adolescência e Juventude da Câmara, disse que o sigilo de 100 anos imposto pelo governo Bolsonaro está sendo aberto, “a conta-gotas”, para dizer que o Brasil, que os brasileiros e brasileiras foram enganados durante os últimos 4 anos de um desgoverno que não cuidou da nossa gente. Hoje, a Polícia Federal bateu na porta de alguém. Daquele que ia para as lives e mentia para a população brasileira. E prendeu auxiliares próximos do ex-presidente com o esquema do uso de postos de saúde públicos para emissão de certificados de vacina contra a Covid”.

Ana Paula ironizou os parlamentares bolsonaristas que argumentaram que o ex-presidente disse que nunca foi vacinado. “Por que ele não falou no ano passado, no ano retrasado? Ele omitiu essa informação! Mas, em dezembro do ano de 2022, ele entrou com a família nos Estados Unidos. E, para entrar nos Estados Unidos, tinha que apresentar a carteira de vacinação. Onde está a carteira de vacinação do presidente? Falsificou, como falsificou muitas outras coisas”, denunciou.

A deputada lembrou que fraude de adulteração de documento, falsidade ideológica são alguns sinônimos para quem falsifica esse documento. “A carteira de vacina é um documento público e foi falsificado”, reiterou.

Falsificador

Deputado Luiz Couto. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado Luiz Couto (PT-PB) disse que a cada dia aparece mais a mensagem de que o ex-presidente Bolsonaro, além de enganador e destruidor, agora é falsificador. “Com certeza, o povo brasileiro vai perceber que foi enganado. A farsa montada em 4 anos pelo governo passado está sendo desmontada e descoberta”, afirmou.

Ele também citou a prisão, pela Polícia Federal, de oito suspeitos de fraudar cartões de vacinas da família Bolsonaro. “Hoje, a esposa do ex-presidente manifestou-se dizendo: ‘Da turma daqui, só eu fui vacinada’. Isso mostra que a coisa é mais grave do que se pode imaginar”.

O deputado disse ainda que a Polícia Federal fez busca na casa de Bolsonaro e prendeu Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, mostrando que as investigações são para valer. “Ele (Bolsonaro) pode ter enganado muito o povo brasileiro, mas não conseguirá mais fazê-lo”, frisou.

Falsificar é crime

Deputado Tadeu Veneri. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Ao comentar sobre a operação da Polícia Federal, o deputado Tadeu Veneri (PT-PR) não escondeu a sua indignação com um parlamentar bolsonarista que minutos antes na tribuna indagou “qual era o problema de alterar o cartão de vacinação”.  “Meu Deus, nós somos deputados! Sabemos que isso é crime. Ou não é crime inserir dados falsos em documento público? Ou pode ser feito isso com qualquer documento? “Ah, mas é só um cartão de vacinação”. Não é só um cartão de vacinação, é um documento oficial. Quando se chega ao argumento, no limite de mentir, dizendo que não há problema nisso, realmente, os argumentos são tão frágeis que não tem mais para onde correr”, desabafou.

Tadeu Veneri disse ainda que o que mais chamou atenção no dia de hoje não foram as prisões ou detenções que, talvez, sejam temporárias. “O que chamou a atenção foi a frase da ex-primeira-dama Michelle de que na casa dela, só ela foi vacinada, mas os cartões dizem o contrário”.

Ele disse que chamou atenção também a declaração dada pelo ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros, que foi preso na operação de hoje. “Ele disse que sabe quem é o mandante de morte de Marielle. Isso é extremamente grave! Um ex-major, preso, hoje, diz saber quem é o mandante da morte de Marielle. Isso não é pouco. Talvez, os vários aparelhos de telefones que foram apreendidos tenham a resposta”, sugeriu.

Também discursaram sobre a operação da Polícia Federal a deputada Dandara (PT- MG) e os deputados petistas Airton Faleiro (PA), Carlos Veras (PE), Joseildo Ramos (BA) e Welter (PR).

 

Vânia Rodrigues

 

 

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