Câmara rejeita criação de cota para mulheres no Legislativo mas luta continua no Senado

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“As mulheres não vão desistir e continuarão batalhando para  garantir um percentual de vagas no Legislativo”. Assim, deputadas da Bancada do PT reagiram após o plenário da Câmara rejeitar emenda apresentada pela Bancada Feminina à proposta da reforma política (PEC 182/07) e que previa uma espécie de reserva de vagas para as mulheres nos parlamentos nas próximas três legislaturas de 10%, 12% e 15% respectivamente.

Para a deputada Moema Gramacho (PT-BA), autora da primeira emenda relativa  às cotas na proposta da reforma política, esta foi apenas a primeira batalha mas as mulheres vão lutar para aprovar a emenda no Senado.

“As mulheres não vão desistir. Vamos continuar lutando para conquistar os 15 votos que faltaram para completar os 308 necessários para aprovação. As mulheres cumpriram seu papel perante à sociedade e o Parlamento pois conseguimos colocar em votação essa proposta. Não é justo que as mulheres sejam 52% da população deste país e tenham apenas 10% de representação nos parlamentos, nos espaços de decisão”, desabafou Moema Gramacho. Na votação, foram  293 votos favoráveis ao texto, mas o mínimo necessário no caso de proposta de emenda à Constituição é de 308 votos a favor. Houve 101 votos contrários e 53 abstenções.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também considerou que as mulheres cumpriram seu papel e está confiante de que é possível a aprovação no Senado. “A luta continua e temos certeza de que o Senado  poderá acertar esta questão. Sabemos da luta das mulheres que estão se preparando nas várias profissões para ocupar todos os espaços e, inclusive, o espaço nos parlamentos. Essa foi a primeira luta, já travamos outras e não temos medo de enfrentar este desafio”, afirmou a parlamentar petista.

A deputada Luizianne Lins (PT-CE) defendeu a cota como forma da sociedade dar oportunidade às mulheres. “É  necessária porque as mulheres ainda lutam não mais com tripla jornada, mas quádrupla jornada, em casa, no trabalho, na política. É fundamental que os homens compreendam que não é uma concessão, não é porque não consigamos brilhar além das cotas, é porque, infelizmente, a sociedade não tem dado oportunidade para que as mulheres exerçam uma política partidária de forma efetiva, assim como elas estão em todos os espaços de poder”, disse.

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que a reserva de vagas é uma forma de vencer o que chamou de “sub-representação” das mulheres no Parlamento brasileiro. “Temos menos mulheres nesta Casa do que temos em países árabes onde as mulheres usam burcas, como se tivéssemos as nossas burcas invisíveis, as nossas mordaças invisíveis”, ressaltou.

Gizele Benitz

Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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